Spot: conheça o robô-cachorro que vai fazer a segurança do Rock in Rio

Equipamento é fabricado pela americana Boston Dynamics e já fez sucesso na internet ao dançar ao som de Rolling Stones

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Por Redação
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Começa nesta sexta, 2, Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo. Na semana passada, a organização do evento anunciou que, além de cerca de 2 mil profissionais, dois “robôs-cachorro” farão parte do esquema de segurança na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro. No papel de vigia, o robozinho — chamado Spot, da empresa americana Boston Dynamics — deverá ser responsável por organizar e monitorar parte do público presente.

Isso porque o Spot possui câmeras e conexão 5G para se conectar em tempo real com a central de segurança do evento. Segundo a organização, o robozinho também poderá apartar brigas e detectar situações de perigo, como incêndios ou desarme de bombas, por exemplo. Ainda, ele vai ser responsável por orientar filas e enviar imagens em tempo real para o Centro de Controle Operacional da SegurPro (CCO), empresa responsável pela segurança do evento. Mas o que mais ele pode fazer?

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Apresentado pela Boston Dynamics em 2016, o Spot nunca teve uso específico definido pela companhia - a indecisão da fabricante com seus robôs afetou sua sustentabilidade e colaborou para que fosse comprada pela Hyundai em dezembro de 2020.

Assim, o Spot passou a fazer sucesso em vídeos na internet postados pela Boston. Chamava a atenção o alto grau de complexidade de sua parte mecânica, que faz lembrar o episódio “Metalhead” da série Black Mirror, disponível na Netflix. A partir disso, o robô virou personagem de outras produções e intervenções artísticas na rede: já teve câmeras e pistolas de paintball acopladas na sua estrutura e já até dançou com Mick Jagger em um vídeo publicado pela companhia americana.

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Mas as habilidades do robôs-cachorro parecem casar com monitoramento. A principal capacidade do Spot, que pesa 25 kg, é explorar e mapear terrenos: segundo a empresa, ele consegue escapar de obstáculos e manter equilíbrio em situações extremas. Além disso, é possível adicionar até quatro módulos de hardware na máquina, para incluir novas funcionalidades em trabalhos específicos – com isso, o Spot consegue checar vazamentos de gás se tiver um detector de metano, por exemplo.

O robô pode chegar a uma velocidade de cerca de 5 km/h, e tem uma autonomia de bateria de 90 minutos. Ele é resistente à chuva e consegue até subir escadas, segundo a companhia.

O Spot chegou ao mercado em 2019 e chegou a ser colocado à venda pela empresa por cerca de US$ 74 mil. No início, a venda foi restrita aos Estados Unidos e trouxe a máquina de quatro patas para o centro de diversas utilidades, como espião e ajudante de polícia.

Em 2020, a fabricante de carros coreana Hyundai anunciou a compra da Boston Dynamics, dona do robô Spot Foto: KIM KYUNG-HOON/REUTERS

‘Moves like Jagger’

O Rock in Rio não será a primeira experiência do Spot com o mundo da música. No ano passado, ele dançou como Mick Jagger. A brincadeira, que colocou o Spot para se mexer ao som de Rolling Stones, foi uma homenagem ao aniversário de 40 anos do álbum “Tattoo You” - a adaptação foi batizada de “Spot Me Up”. Para executar a dança, o robô-cachorro teve de aprender a imitar os movimentos icônicos do vocalista da banda inglesa — o processo de gravação durou cerca de seis horas, segundo o site TechCrunch.

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Ao final, Spot aparece ao lado de Jagger durante quase um minuto e meio de coreografia. Claro, o vídeo foi mais uma das tentativas da Boston de fazer conteúdos virais para divulgar a criação e seu trabalho com robôs.

Conflitos

O robô também já foi adaptado por forças de segurança (e críticos do uso militar do equipamento). No ano passado, o coletivo de artistas americano MSCHF instalou uma arma de paintball no equipamento para criticar o uso de robôs por forças militares. A performance colocou o Spot em uma galeria para que usuários controlassem o robô por meio de um aplicativo, atirando em diversas peças que decoravam a sala. Tudo foi transmitido ao vivo pelo site do coletivo de arte, que pagou US$ 74,5 mil para que o Spot-atirador tivesse a arma instalada.

Na polícia de Nova York, o robô já foi usado para operações com reféns e situações armadas. Após um assalto a mão armada, policiais “controlaram” o robô-cachorro para que ele entrasse no apartamento invadido e verificasse se ainda havia criminosos ou vítimas no local. A decisão foi tomada para evitar uma eventual troca de tiros entre as partes.

Arma de paintball foi instalada por grupo de artistas que critica o uso militar de robôs  Foto: Divulgação/MSCHF

Explorador

Outra faceta do Spot é misturar as habilidades de guarda com as do herói do cinema “Indiana Jones”. No início deste ano, o robô-cachorro da Boston Dynamics recebeu a missão de monitorar a “cidade perdida” de Pompeia, na Itália. A intenção é, além de proteger as ruínas da antiga cidade, ajudar a monitorar a região via tecnologia de câmeras e escaneamento.

No entanto, Spot também será enviado em missões de exploração: durante os passeios nas ruínas, o robô vai percorrer túneis subterrâneos cavados por ladrões na época (há quase dois milênios), antes de Pompeia ser atingida pela erupção do vulcão Vesúvio no ano 79. Atualmente, as ruínas da cidade seguem como um sítio arqueológico importante no país, localizada perto de Nápoles, cerca de 250 km de Roma.

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