Para a desenvolvedora Thais Weiller, o potencial do mundo dos games vai além de tiros e cogumelos. “Nos games, você não vê as decisões sendo tomadas na sua frente: você é quem escolhe o que pode e quer fazer. Isso gera uma empatia enorme”, diz Thais, que lançou este ano Rainy Day, game que mostra sua experiência com a depressão. “Comecei a fazer o jogo como uma forma de lidar com meus sentimentos”, explica.
Formada em Jornalismo e Design de Moda, Thais mudou para o mundo dos jogos eletrônicos em 2010. “Jogo desde os três anos de idade e nunca achei que seria uma carreira válida”, conta. De lá para cá, formou um portfólio versátil: foi de títulos com visual digno dos anos 1980 à realidade virtual, além de games para celulares e Facebook.
Segundo ela, nos estúdios de games, as meninas ainda são minoria. “Existe preconceito, mas ele não é direto: quando eu fui produtora, tinha homens com problemas de ouvir direções de uma mulher”, diz Thais.
No próximo projeto, Thais pretende abordar uma questão polêmica: os relacionamentos abusivos. “Boa parte das vítimas não conseguem se enxergar nessa situação”, diz. “Quero fazer um jogo em que você interage com alguém que passa por isso, o que vai ajudar a diminuir o estigma e o tabu.”
O projeto não tem nome nem data de lançamento definida, mas Thais vê nesse tipo de estratégia uma forma de diminuir a cultura machista. “Ao jogar como uma mulher, você entende como é ser uma mulher”.
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