O Super11.net selou o primeiro acordo para tentar reestruturar suas operações. O Internet Group (iG) vai remunerar o provedor de acesso gratuito conforme a audiência que atrair a partir do portal www.super11.net. Assim, quem acessar o site será redirecionado, automaticamente, para a página principal do iG. A expectativa é de que a audiência média de 14 milhões páginas visitadas por dia no iG incorpore mais 1 milhão de acessos, segundo o vice-presidente do iG, Aleksandar Mandic. O número, além de garantir mais visitas ao iG, dá acesso à empresa a mais 800 mil usuários, o total de cadastros do Super11.net. O iG tem 2,9 milhões de cadastrados. A operação não envolveu dinheiro, mas deu um fôlego para que o Super11 tenha condições de se reestruturar, afirmou o fundador da empresa, Nagib Georges Mimassi. Ele pretende, em um breve período, equacionar as dívidas e ter capital para continuar crescendo. Para o presidente do iG, Nizan Guanaes, o acordo foi uma grande jogada. ?Fizemos um ótimo negócio, sem gastar nada de imediato, e aumentamos nossa base de usuários de uma forma extraordinária da noite para o dia?, comemorava. Mimassi, que nos últimos dias evitou a imprensa, declarou que o acordo assinado com o iG permitirá ao Super11 buscar outras cooperações, de forma a se reestruturar e manter a empresa viva. ?Vamos demitir e terceirizar a maioria dos serviços?, acenou Mimassi. O objetivo é que o Super11 continue a oferecer acesso gratuito à Internet, mas incorporando ?várias coisas que façam parte do dia-a-dia e que garantam mais audiência para nós?. Outra fonte de renda será a prestação de serviços para empresas, como comércio eletrônico e Internet banking. De origem libanesa, mas declarando-se brasileiro por opção, Mimassi disse saber que durante esta semana falou-se muito mal dele, acusando-o de oportunista e aventureiro. Mas ele diz perdoar essas pessoas, que teriam agido emocionados com a notícia da reestruturação da empresa e com os cortes de pessoal. Mimassi acredita que o modelo de negócio do Super11 seria mais atrativo se o Brasil já vivesse um ambiente de telecomunicações com a livre concorrência, com tarifas mais competitivas. ?Com certeza o nosso negócio seria mais lucrativo, mas temos capacidade para ganhar dinheiro antes de 2002?, diz Mimassi. Antes de criar o Super11.net, o empresário tinha uma fábrica de baterias para celulares. Consolidação Para Nizan Guanaes, o acordo com o Super11.net foi um primeiro passo do movimento de grande consolidação que o mercado de Internet deve registrar no País. ?E o iG vai liderá-lo?, profetiza, com seu habitual discurso animado. Para o consultor Daniel Domeneghetti, sócio da E-consulting, o acordo entre o iG e o Super11.net é um grande feito principalmente para a empresa de Nizan Guanaes. Segundo Domeneghetti, mais do que o GP Investimentos ou o Banco Opportunity, a grande figura de sustentação do iG é Nizan Guanaes, que estruturou o provedor e portal como uma marca, e que hoje ganha tanto nos serviços prestados por meio do portal como no licenciamento. ?Quando você pensa em Super11, pensa em acesso gratuito, que remete a vários outros concorrentes?, analisa o consultor. ?Enquanto o iG remete a várias coisas, o que lhe dá infinitas oportunidades de exploração de negócios.? Ele acrescenta que a figura de Nizan será fundamental para o amadurecimento do mercado de Internet no País. ?Ele é uma espécie de Richard Branson do Brasil que, como o dono da Virgin, tem uma imagem de inovação que associou fortemente ao iG e lhe dá credibilidade?, comentou. Branson é dono da Virgin, que tem uma rede de lojas de discos, companhia de aviação e sempre está associado com produtos inovadores. Nizan comentou sentir-se lisonjeado com a comparação a Branson. ?Ele é meu ídolo.? Só não falou se aceitaria, como Branson, posar nu apenas com o livro de sua autoria cobrindo suas partes íntimas. Quanto a uma resposta à antiga campanha do Super11.net ? na qual um coelho mostrava-se mais ágil do que o cachorrinho, o mascote do iG ?, Nizan nega qualquer possibilidade. ?Não respondi na época e nem há porque fazer isso agora, que somos parceiros.?
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