App brasileiro Anjo da Guarda quer resolver o ‘golpe do boleto falso’

Jovem de 22 anos criou programa que usa inteligência artificial para combater crime cibernético

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Por Rebecca Crepaldi
Atualização:

Quem já caiu no golpe do boleto falso sabe a dor de cabeça (e financeira) gerada. Nesse momento, o maior desejo da vítima é ter evitado a situação. Foi pensando nessa problemática que o estudante de Sistema da Informação Mateus Gomes, de apenas 22 anos, desenvolveu o aplicativo Anjo da Guarda, que identifica boletos falsos por meio de inteligência artificial. A expectativa é que a novidade seja lançada neste mês de novembro.

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Com apenas uma foto do documento, a tecnologia consegue cruzar informações da descrição do boleto com dados do código de barras para identificar a veracidade e alertar o usuário, caso seja falso. Em conjunto com dois sócios, Gomes conta que o objetivo é facilitar a vida dos pagadores, que não precisarão mais fazer a checagem das informações de pagamento de forma manual.

“Uma pessoa que fosse atenta e conferisse os valores e informações do boleto antes de realizar o pagamento, percebendo alguma informação divergente, saberia que aquele determinado boleto era um golpe. Porém, nem todas as pessoas possuem essa atenção, principalmente os idosos. Por isso, nossa solução consegue detectar um boleto falso com apenas uma foto, garantindo maior praticidade ao usuário”, diz Gomes.

O desenvolvedor comenta que a inteligência artificial não está presente em nenhum aplicativo disponível, somente em programas de computadores que precisam ser instalados nos computadores. O processo demandaria um maior conhecimento por parte dos usuários. “No mercado, existem outras soluções semelhantes, mas que estão em serviços de antivírus e necessitam da instalação na máquina do usuário para detectar um boleto falso”, expica.

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Na prática

O Banco Central, através da Plataforma Centralizada de Recebíveis (PCR), registrou, nos últimos cinco anos, 30,6 bilhões de boletos. Entre julho de 2017 e agosto de 2022, 79% dos boletos vencidos foram pagos em uma instituição financeira diferente da que emitiu os documentos. Essa foi uma das novidades do sistema, que ajudou a mitigar cerca de R$ 450 milhões em fraudes por ano, segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).

A execução dessas fraudes pode ocorrer de diversas formas. Entre elas, está a simulação de um layout de boleto de bancos ou de empresas conhecidas, com a alteração do código de barras para direcionar o pagamento à conta do golpista. “Por exemplo, se você tiver um boleto que diz ser emitido pelas Casas Bahia, mas o código de barras aponta para um CPF, não faz sentido, porque a Casas Bahia é CNPJ”, explicou Gomes.

Com o Anjo da Guarda, mesmo que o usuário não perceba que existem divergências nas informações, a solução consegue identificar de forma automática. Uma vez que a foto é tirada, ela é enviada para um servidor e processada pelo algoritmo, que reconhece o padrão de diferentes tipos de boletos.

Em uma segunda etapa, uma série de filtros, chamados de pré-processamento, tornam a imagem mais clara, removem qualquer ruído ou desfoque, e extrai os caracteres da imagem através do reconhecimento óptico. “Após essas etapas, as informações do boleto são comparadas com as informações do código de barras emitidos pelo Banco Central. O algoritmo classifica o boleto como verdadeiro se as informações extraídas forem as mesmas e define o documento como falso se houver discrepância”, disse Gomes.

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Eu entrava em contato com empresas para que brechas fossem corrigidas

Mateus Gomes, desenvolvedor do aplicativo Anjo da Guarda

Trajetória

O estudante, que é apaixonado por cibersegurança desde os nove anos de idade, conheceu o mundo digital mais a fundo aos 14 anos, quando conseguiu uma bolsa para o ensino médio técnico na área de tecnologia de redes de computadores. Três anos depois, no seu TCC, Gomes fez um projeto de identificação de vulnerabilidades de segurança em grandes empresas. “Eu entrava em contato com as empresas para que essa brecha fosse corrigida e assim que fosse, essa vulnerabilidade era divulgada no meu trabalho”, relembrou.

Foi um sucesso. Sob orientação de seus professores, manteve contato com essas firmas e, durante essa jornada, conheceu programas de recompensa de bugs, onde foi recompensado por encontrar falhas de segurança em programas conhecidos internacionalmente. Certo do que quer para o futuro, o jovem conta que o projeto caminha a largos passos para objetivos mais ambiciosos. Agora, o Anjo da Guarda está em processo de patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, do Ministério da Economia.

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