‘Banco das startups’ tem prejuízo bilionário; empresas nacionais retiram US$ 100 mi da instituição

Startups brasileiras estão fazendo fila para não ficar sem recursos

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Atualização:

Conhecido como o “banco das startups”, o Silicon Valley Bank (SVB) assustou investidores de startups em todo o mundo, inclusive no Brasil, após revelar nesta quinta, 9, um prejuízo de US$ 2 bilhões, o que derrubou as suas ações em mais de 60%.

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O SVB revelou que recorreu a uma captação de US$ 2,25 bilhões após perder US$ 2 bilhões em vendas de ativos - a manobra teria sido necessária após um declínio maior do que o esperado pela instituição nos depósitos baseados no Tesouro Americano.

A crise acontece após outra campanha agressiva do Federal Reserve, o banco central americano, para controlar a inflação. O aumento das taxas de juros fez com que o valor dos títulos existentes com pagamentos mais baixos caísse.

O SVB funciona como uma espécie de “fonte de recursos” para negócios de alto risco, como investimentos em startups - dessa maneira, ele possui ativos de diversas gestoras de investimento do mundo inteiro, como Coatue Management, Union Square Ventures, Founder Collective e Canaan. Com uma possível crise de liquidez (e até possível falência), a ordem das gestoras é retirar dinheiro. O Founder Found, investidora de Peter Thiel, foi uma das que recomendou a retirada de ativos do SVB.

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“Estamos tomando essas medidas porque esperamos taxas de juros continuamente mais altas, mercados públicos e privados pressionados e níveis elevados de consumo de caixa de nossos clientes”, afirmou Greg Becker, presidente do SVB, em uma carta vista pela Reuters. “Quando virmos um retorno ao equilíbrio entre investimento de risco e queima de caixa - estaremos bem posicionados para acelerar o crescimento e a lucratividade”.

De acordo com SVB, o fundo de investimentos General Atlantic se mostrou interessada em comprar aproximadamente US$ 500 milhões em ações. Outras cotas devem ser oferecidas também em ações.

Segundo apurou o Estadão, startups brasileiras que possuíam reservas no SVB se movimentaram ainda nesta quinta-feira para retirar o dinheiro do banco. De acordo com fontes do mercado, a orientação para que o montante fosse sacado partiu dos empreendedores e de gestoras de investimento — quem optou por esvaziar as contas ainda na quinta conseguiu completar a transação sem maiores problemas.

Bernardo Brites, fundador da Trace Finance, startup cuja plataforma permite outras startups a movimentar recursos nos EUA, afirma à reportagem que desde quinta, seus clientes já retiraram US$ 100 milhões do SVB. Parte do dinheiro voltou para o Brasil e parte permanece em dólar em uma conta internacional que a Trace acaba de estrear para os clientes.

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“As movimentações estão ocorrendo, embora o sistema do SVB esteja apresentando falhas. Entre ontem e hoje, tivemos 350 cadastros para a conta internacional. Existem US$ 3 bilhões de startups brasileiras na fila para serem retirados. Não recomendamos ninguém a deixar dinheiro no SVB, diz ele.

Impacto

O investidor Frederico Guesser, da gestora Caravela Capital, afirma que recomendou ao portfólio de startups do fundo de investimento que sacassem as quantias alocadas no Silicon Valley Bank, tido como uma solução “fácil” para abrir conta em território americano no lugar de pesos pesados tradicionais do setor.

“Todas as nossas startups conseguiram sacar”, explica Guesser, cujo fundo foi responsável por investir em nomes em ascensão do ecossistema de startups do Brasil, como Caju, Diferente e EmCasa. Uma startup do portfólio, conta o investidor, possuía US$ 1 milhão alocado no Silicon Valley Bank, mas só conseguiu retirar US$ 300 mil — o restante continua em processamento pela instituição financeira.

“O que sempre recomendamos aos fundadores é que abram contas em bancos tradicionais, além do SVB. Sempre há o risco de uma crise.”

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Para ele, o fechamento do banco americano tem pouco impacto sobre o ecossistema de startups do Brasil, já que é baixo o número de startups que armazenam volumes de dinheiro em dólar, o que prejudicaria a gestão financeira da companhia, que opera em real.

“Essa crise é boa para ensinar os fundadores de que depósitos e bancos são temas sensíveis”, diz. “A crise de liquidez prova que ninguém está a salvo.” / COM DOW JONES NEWSWIRE

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