Beep Saúde, o ‘Uber das vacinas’, recebe investimento de Mark Zuckerberg

Startup carioca marca a primeira incursão do fundador do Facebook na área de saúde

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Foto do author Bruno Romani

A startup carioca Beep Saúde, que faz aplicação de vacinas e realiza exames laboratoriais em domicílio, anuncia nesta quinta, 27, que recebeu um aporte liderado pela Chan Zuckerberg Initiative (CZI), empresa de investimento de impacto social de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e sua esposa, Priscilla Chan. DNA Capital, Bradesco, Endeavor Catalyst, e David Velez (fundador do Nubank), que já haviam investido anteriormente na companhia em rodadas anteriores, voltaram a aportar no negócio.

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O valor do negócio não foi revelado pela companhia, que tenta ser discreta diante do atual cenário de austeridade para as startups. A fuga do capital de risco resultou em 2022 não apenas em demissões em massa, mas tornaram raras as histórias de grandes aportes no País. “A divulgação do valor poderia transmitir a ideia de que temos dinheiro em abundância ao mesmo tempo que, internamente, nosso discurso é de máxima eficiência”, explica ao Estadão Vander Corteze, fundador da companhia.

Ainda que não tenha uma cifra para ostentar, a Beep chama atenção com o novo investidor internacional. A healthtech é o primeiro investimento da CZI em saúde no mundo - embora Priscilla seja pediatra, a firma tradicionalmente foca em startups de educação. Em fevereiro de 2021, a CZI liderou a rodada de US$ 84,5 milhões na Descomplica, primeiro incursão da companhia no Brasil.

Beep Saúde, de Vander Corteze, recebeu investimento de fundo de Mark Zuckerberg  Foto: Fabio Caetano/Divulgação

“Nosso time está bastante empolgado com o potencial da Beep de usar tecnologia para expandir de maneira equitativa acesso a a saúde de alta qualidade, o que é consistente com a missão do CZI de construir um futuro mais inclusivo, justo e saudável para todos”, Vivian Wu, sócia-administradora de investimentos do CZI.

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As conversas entre a Beep e a CZI tiveram início no começo do ano - a ponte foi feita pelos outros investidores da empresa brasileira. “As primeiras conversas carregavam muito da euforia de 2021, que ignoravam equilíbrio de caixa e focavam em crescimento. Isso precisou mudar”, conta Corteze. Assim, a Beep fala em atingir break even (ou seja, deixará de operar no vermelho) no primeiro semestre de 2023.

Segundo o executivo, isso foi fundamental para que a CZI decidisse pelo investimento - ele também revela que o aporte foi do tipo up round (ou seja, corrigiu para cima o valor de mercado da companhia). Em abril de 2021, quando a companhia recebeu um aporte de R$ 110 milhões, a Beep estava avaliada em R$ 670 milhões - o valor atual também não foi revelado.

‘Amazon’ da saúde

Embora a Beep leve a fama de “Uber das vacinas”, Corteze prefere se afastar da comparação. “A ideia do Uber está muito ligada à gig economy, com o trabalho de parceiros. Os nossos funcionários são todos CLT”, argumenta. Ele prefere mirar em outra gigante tecnológica. “Queremos ser `a loja de tudo no universo da saúde’, assim como é a Amazon no comércio eletrônico”, diz.

A comparação faz sentido. A Beep Saúde clínicas licenciadas que funcionam como hubs que dão suporte à operação — assim como os centros de distribuição da varejista americana. São desses locais que sai uma dupla de enfermeiro e motorista para atender ao pedido feito via app. De fato, o cuidado com essa divisão da companhia faz lembrar a gigante fundada por Jeff Bezos. Durante 2022, a Beep fez ajustes no braço logístico, principalmente na otimização de rotas, o que permitiu aumentar as margens em 20% — o movimento ajudou a convencer os investidores a fazer o novo cheque. A projeção de faturamento para 2023 é de R$ 250 milhões.

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Antes de se tornar a loja de tudo para saúde, a Beep planeja usar o investimento em duas frentes. A primeira é consolidar a sua atuação como serviço de vacinas - a companhia está em 150 municípios de seis Estados (SP, RJ, ES, MG, PR e DF) do País.

A segunda frente é crescer o braço de exames laboratoriais em domicílio, lançado depois do aporte de 2021. “Em nosso último aporte, ‘compramos’ a entrada para a festa. Agora, queremos marcar presença”, explica Corteze. Parte desse desafio é aumentar a cobertura de planos de saúde para o serviço. Atualmente, a companhia já faz parte de 40 planos de saúde, que abrangem 5 milhões de pessoas. “Queremos consolidar a liderança em medicina diagnóstica. E, no futuro, ofertar novos serviços, como infusão de medicamentos, delivery de remédios, saúde ocular e telemedicina”, diz.

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