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Cofundador do Rappi agora tem uma startup de pagamentos e mira o Brasil

Juan Pablo Ortega fundou a fintech Yuno, que já recebeu um aporte de US$ 10 milhões

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Foto do author Bruno Romani

Fundado em 2015 na Colômbia, o Rappi é uma das principais histórias de sucesso entre as startups da América Latina. Presente em nove países da região, a companhia atingiu o status de “unicórnio” (ou seja, foi avaliada acima de US$ 1 bilhão) em 2018 - hoje, já vale mais de US$ 5,25 bilhões. Para um dos fundadores da companhia, porém, chegou a hora de virar a página. 

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Juan Pablo Ortega trocou o dia a dia em uma gigante da região pela empolgação de criar uma nova startup. Há dois meses, ele fundou a Yuno, que visa a oferecer um sistema de integração e gerenciamento de métodos de pagamentos. Na empreitada, Ortega juntou forças com Julián Núñez, um dos primeiros funcionários do Rappi. 

“A história da Yuno começou há seis anos, quando o Juan Pablo estava trabalhando para integrar métodos de pagamentos em toda região e descobriu o problema: esse é um mercado altamente fragmentado e com um alto grau de complexidade. Em dezembro passado, decidimos fundar a companhia”, conta Núñez ao Estadão

A história de ambos no Rappi indica uma decisão bastante lógica. Ortega esteve à frente da construção do sistema de pagamentos da companhia, além de ajudar a estruturar o RappiBank, o braço financeiro da startup. Já Núñez comandou a divisão de comércio eletrônico da startup e trabalhou na solução de check-out em um clique do aplicativo. 

“Na região, existem diferentes regras, formas de pagamentos e métodos de processamento. Existem muitos problemas em todo o processo, que acabam diminuindo a eficiência e aumentando o custo”, afirma Ortega.

Startup de pagamentos Yuno é fundada pelos colombianos Juan Pablo Ortega e Julián Nuñez, ambos com passagem pelo Rappi Foto: Divulgação/Yuno

Do ponto de vista do mercado, o caminho seguido pelos executivos também parece fazer sentido. “O mercado de pagamentos é muito fragmentado e ineficiente, além de ter muitas especificidades regulatórias. Há muitas possibilidades para novos entrantes”, afirma Gilberto Sarfati, professor da FGV. 

Os investidores também indicam que acreditam na proposta. Com apenas dois meses, a Yuno levantou US$ 10 milhões em sua primeira rodada de aportes - o valor é superior ao que muitas startups conseguem mais adiante no ciclo de desenvolvimento. Entre os investidores estão nomes de peso, alguns especializados em startups latinoamericanas e empresas em estágio inicial: Kaszek, Monashees, Nazca, Latitud, OneVC, Opera Ventures e Saurabh Gupta (parceiro da DST Global). Além disso, Simón Borrero, cofundador do Rappi, também fez parte do cheque.

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Cliente garantido 

Além do aporte importante, a Yuno também começa com um cliente de peso: a própria Rappi. “Parte da nossa solução foi desenvolvida quando ainda estávamos na Rappi. Mas eles não a terminaram e, provavelmente, nunca a terminarão num futuro próximo. Eles precisariam de mais gente e faz mais sentido que uma outra companhia desenvolva a solução”, explica Núñez. Entre os recursos que a Yuno poderá oferecer ao Rappi está a capacidade de aceitar pagamentos por Pix ou boleto no Brasil.

Dada a natureza do negócio, os executivos dizem que estão mirando clientes grandes ou empresas médias de crescimento acelerado. Embora oficialmente seja uma startup colombiana, a Yuno já nasce com os olhos para toda a região, mirando inicialmente clientes no Brasil, no México e na Colômbia.  

Com um time de 40 pessoas espalhadas por diferentes países, a Yuno tem gente tanto do universo das startups quanto do mundo do mercado tradicional de pagamentos. Foram contratadas pessoas da Rappi, da Ingenico, da Worldpay, da McKinsey e da MasterCard. 

Pequeno pônei

O movimento de Ortega indica uma tendência nova na América Latina: fundadores dos primeiros unicórnios da região partirem para a próxima startup - é como se tivesse chegado o momento do nascimento de novos pôneis. Além dele, Ariel Lambrecht, fundador da 99, anunciou a criação de uma nova companhia, a Mara

“Essa é uma tendência que ocorreu nos EUA no começo dos anos 2000, quando os primeiros funcionários do PayPal saíram para fundarem suas companhias. Isso começou a acontecer somente agora na nossa região. A ideia de empreendedorismo ainda é muito nova aqui”, conta Ortega. 

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É uma indicação do atual estágio do ecossistema latinoamericano.“Não necessariamente o fundador de uma empresa será um bom gestor. Então, para muitos deles, existe uma busca pessoal por novos desafios. Além disso, é necessário que exista uma receptividade do ambiente por novas startups. O atual movimento mostra maturidade do ecossistema. E isso não é algo trivial”, afirma Guilherme Fowler, professor de inovação do Insper. 

Tanto para os fundadores quanto para os especialistas, o momento também mostra que os investidores internacionais encontraram segurança na região - uma frase bastante falada no mercado é que a aposta do capital é, principalmente, no empreendedor. 

Agora Ortega espera repetir a história de sucesso com a Yuno. “Quando você tem os investidores, o apoio e o contexto, tudo é possível. A sua mente é o seu limite. Essa é a principal coisa que aprendi no Rappi, mais do que sobre marketing ou sobre o crescimento de uma empresa”, diz. 

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