Consideradas ‘essenciais’ por Bolsonaro, startups não devem regressar a escritórios

Empresas ouvidas pelo Estado dizem que vão seguir o distanciamento social e não têm planos de retomada a curtíssimo prazo

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Na manhã desta quarta-feira, 29, as atividades exercidas por startups foram consideradas “essenciais” pelo presidente Jair Bolsonaro, segundo decreto publicado no Diário Oficial da União (DOU). Isso significa que as empresas teriam o poder de regressar a seus escritórios, mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, se essa for a ordem dada por Estados e municípios. Mas, segundo startups ouvidas pelo Estado, o plano é de que os funcionários continuem trabalhando de suas casas até que seja seguro para todos sair de casa. 

Com mais de 2,7 mil funcionários, o Nubank afirmou em nota “não ter planos de retorno ao escritório no curtíssimo prazo”. Funcionando remotamente desde o dia 12 de março, a empresa diz seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Também por meio de nota, o QuintoAndar afirmou que vai “manter seus times em trabalho remoto” – a startup tem hoje cerca de mil funcionários. 

Escritório do Quinto Andar em SP, antes da quarentena; empresa decidiu manter funcionários em trabalho remoto Foto: QuintoAndar

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Já a Loft, que tem cerca de 500 pessoas em seu time – boa parte delas, alocadas antes da pandemia em um escritório na região da Avenida Paulista, em São Paulo – afirmou que “aguarda as orientações do governo do Estado de São Paulo para executar seu plano de retomada gradual e protegida do trabalho coletivo”.

Também em nota, a empresa disse que só retomará o trabalho quado as autoridades estaduais autorizarem, restringindo a presença de funcionários a 50% da ocupação do escritório. Unicórnio desde janeiro, a Loft também disse que pretende medir a temperatura dos funcionários, fazer uso obrigatório de máscaras, bem como testes para saber se há alguém doente. A empresa também vai proibir que funcionários de grupo de risco retornem ao escritório.

Já a N2B, startup da área de nutrição, também afirma que permanecerá em home office durante a pandemia e, inclusive, aproveitou esse período para discutir com os funcionários como querem trabalhar no futuro. "Parte considerável do time optou por seguir com o modelo de home office, intercalado com o modelo presencial, após a quarentena. Para nós, o modelo home office pode ter vindo para ficar", diz Cesar Terrin, presidente executivo da empresa.

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Procurada pelo Estado, a assessoria de imprensa do Google for Startups Campus – São Paulo, espaço de inovação que reúne startups em programas de aceleração e impacto, localizado na zona sul da capital paulista, informou que nada muda com o decreto no Diário Oficial desta quarta-feira. O posicionamento é semelhante para o Habitat, espaço de inovação do Bradesco na região da avenida Paulista. 

Além disso, fontes do mercado do ecossistema de startups que preferiram não se identificar avaliam que a medida deve ter pouco impacto na atividade do setor, uma vez que, por serem empresas de tecnologia, as startups se adaptaram bem ao sistema de trabalho remoto – muitas delas, inclusive, já tinham esse tipo de funcionamento mesmo antes da crise da pandemia do novo coronavírus. 

Em Santa Catarina, onde há uma flexibilização da quarentena, a orientação é parecida. "Todo mundo que trabalha com software está 100% em home office", avalia Daniel Leipnitz, presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), que reúne as companhias do setor no estado. Dona de espaços de trabalho compartilhado, a associação informa que todos os locais estão fechados. Para Leipnitz, o decreto traz uma grande simbologia, porém. "Ao considerar a atividade das startups como essencial, mostra-se que a tecnologia é uma prioridade para o País. Isso pode nos ajudar a construir bases lá na frente." 

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