Cerca de um ano depois do início de sua operação, a Daki anunciou nesta quarta-feira, 26, um segmento de marca própria de produtos que vão desde vinho até itens como papel higiênico e comida pronta. A estratégia da empresa, que se tornou unicórnio em dezembro passado, chega uma semana após a inauguração do primeiro centro de distribuição da empresa, em Osasco.
A verticalização do serviço dentro da empresa — que afirma cuidar da experiência do cliente do começo ao fim — culminou na criação de produtos próprios da empresa, afirma Rafael Vasto, presidente e cofundador da Daki.
“A gente não acredita em terceirização da experiência. É ambicioso e um pouco na contramão do mercado tradicional, mas é a nossa crença. Temos fornecedores, investidores e parceiros que compram essa ideia e tem funcionado muito bem até hoje”, explica Vasto.
O objetivo, que fez a empresa apostar nesse setor, é tirar o estigma de que marcas próprias são inferiores por serem mais baratas. No Brasil, alguns supermercados oferecem as opções próprias, como Pão de Açúcar (Taeq e Qualitá), Carrefour e a rede Tenda (Seleta). A adesão, porém, de acordo com a Daki, fica abaixo dos 3%.
Para reverter esse cenário, a empresa se comprometeu a entregar alguns segmentos ao longo das próximas semanas para os clientes do app — os produtos próprios serão fornecidos em parceria com pequenos produtores. No setor de alimentação, a startup vai oferecer oito tipos de pães, fabricados em parceria com padarias locais, com início na cidade de São Paulo — o setor chama “Padoka” e promete pão quentinho em 15 minutos.
Ainda, pratos prontos, água e gelo devem entrar no portfólio. O vinho ganhou uma “marca dentro da marca” e é um produto exportado de produtores argentinos. A “Ino”, como foi batizada, tem opções de Malbec, Cabernet Sauvignon e Rosé.
No setor de não perecíveis, o primeiro grande lançamento é de higiene: papel higiênico. O pacote foi a escolha óbvia pela facilidade de armazenamento, mas outros produtos do setor devem entrar em breve no app. Os planos incluem opções para pets, bebês, mercearia e até cervejas. A expectativa é que o setor represente 15% das vendas do app em um ano.
Centro de distribuição
O lançamento da marca própria da Daki foi viabilizado, em grande parte, pela inauguração do centro de distribuição da empresa, em meados de abril. De acordo com Vasto, foram investidos R$ 3 milhões na construção e estruturação do centro e deve ser uma forma de agilizar as entregas e o abastecimento das dark stores espalhadas por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
“Queremos sempre aumentar o portfólio e trazer mais opções de produto, mas a forma como a gente faz isso também é importante. O centro de distribuição permite uma relação mais saudável com fornecedores e é um dos viabilizadores da iniciativa de marca própria”, afirma.
Com o foco na operação atual, a empresa freou a expansão que caracterizou seu primeiro ano de vida. Agora, segundo a empresa, é hora de olhar para o que já existe no app e aprimorar esses produtos. A Daki surgiu em 2021 e se tornou unicórnio com menos de um ano de existência — crescimento meteórico que, diante do cenário atual econômico, poderia preocupar o ritmo de crescimento da empresa.
Assim serão, pelo menos, os próximos três trimestres de 2022, quando a atenção da startup vai estar voltada para a infraestrutura. A expansão para outras capitais está nos planos, mas só no final do ano.
“Estamos investindo muito em infraestrutura. A gente tem uma abordagem que parte do desenho das necessidades e, a partir de então, sentamos com os times para o desenvolvimento de soluções”.
Mas, mesmo com pouco tempo de operação, a Daki acredita estar no caminho certo de mercado. De acordo com Vasto, a startup conseguiu desenvolver, ao longo do ano, um bom entendimento do negócio.
"Historicamente, o varejo tem uma série de intermediários, operando de forma ineficiente”, aponta. “A partir do momento em que a gente verticaliza, a gente reduz os intermediários e aumenta a garantia da boa entrega”, ressalta Vasto.
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