Depois de um aporte de R$ 170 milhões recebido em agosto deste ano, a rede de clínicas particulares dr.consulta está pronta para dar o próximo passo no crescimento da companhia: a startup anunciou que vai investir R$ 70 milhões em tecnologia de equipamentos e sistemas nos próximos três anos.
A ideia é tornar a experiência do cliente a mais simples possível, redirecionando burocracias do dia a dia, como cadastros, prontuários e check-in em clínicas, para um app digital unificado.
“A gente percebeu que a gente conseguia colocar eficiência no ecossistema de saúde. Então, pensamos em levantar uma rodada para começar a potencializar isso. Muito do que temos na visão de tecnologia tem como base utilizar dados para acelerar o atendimento do paciente”, afirma Guilherme Kato, chefe de tecnologia do dr.consulta, em entrevista ao Estadão.
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Criada em 2011, a rede possui 29 clínicas espalhadas pela Grande São Paulo e já atendeu cerca de 3 milhões de pacientes. Desde o início da pandemia, a startup adicionou consultas em telemedicina na plataforma e ampliou o serviço para que pudesse ser usado mesmo depois do pico de covid-19.
Nos planos, os novos produtos são, principalmente, relacionados ao acompanhamento do paciente e ao acesso às especialidades das clínicas. Com lançamento previsto para fevereiro de 2023, o Minha Saúde 360, por exemplo, é uma ferramenta que vai atribuir uma espécie de pontuação para o paciente a partir de dados de consultas e exames. Com isso, será possível receber recomendações de quando é necessário procurar um médico, por exemplo, além de um guia conjunto de sugestões relacionadas à saúde do usuário.
Outro produto que também deve ser lançado no próximo ano é o Symptom-Checker. O recurso, também integrado ao app do dr.consulta, vai utilizar inteligência artificial (IA) para conversar com os pacientes — semelhante a um bot — e indicar qual a melhor especialidade a ser consultada. A interação será feita por meio de algumas perguntas sobre sintomas aos pacientes e, a partir das respostas, a IA consegue identificar a necessidade médica do usuário.
“Vamos dar dicas de saúde baseada em dados. Quando a gente traz isso para o plano de saúde, é possível fazer uma troca com o paciente”, explica Kato. “Conseguimos fazer um acompanhamento e orientá-lo a usar nosso produto da forma correta, trazendo eficiência pro nosso serviço também”.
Para repensar a parte de software e hardware, a startup planeja, ainda, contratar cerca de 100 profissionais para trabalhar no projeto dentro da empresa. As vagas são para as áreas de engenharia de software, product manager, UX/UI, especialista em ciências de dados, analytics, especialista em cloud e infraestrutura de tecnologia.
Kato, porém, não descarta a possibilidade de adquirir outras pequenas startups ao longo do caminho. “Conseguimos entregar os nossos serviços pela nossa plataforma. Invariavelmente vamos desenvolver tecnologia dentro de casa. Aquisições podem acontecer se a gente achar um nicho interessante. Não está nos nossos planos, mas se tivermos um problema que alguém já resolveu e pode completar nosso ecossistema, pode acontecer”.
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