A fintech Trademaster anuncia nesta quarta-feira, 24, que recebeu um investimento de R$ 100 milhões do banco BV, antigo Banco Votorantim. Dona de um serviço que busca facilitar o acesso a crédito para pequenos e médios varejistas, a startup usará o novo cheque para ampliar sua oferta de produtos, mirando toda a cadeia de distribuição em que estão inseridas as famosas “vendinhas de esquina”, como farmácia, lojas de construção e pequenos mercados.
Fundada em 2015, a empresa atua em parceria com indústrias e distribuidores para oferecer crédito e prazos estendidos aos varejistas que fazem suas compras regularmente com fornecedores. “Identificamos que não havia um produto financeiro customizado e sem burocracia para atender esse público. O pequeno varejo é o elo mais fraco da cadeia de distribuição, que não tem toda a formalidade necessária para uma análise tradicional de concessão de crédito e depende do crédito e prazo da indústria”, diz Francisco Pereira, fundador e presidente executivo da Trademaster, ao Estadão.
A fintech atende hoje 450 mil varejistas e tem mais de 60 parceiros entre indústrias nacionais e multinacionais e seus distribuidores — a ideia é que a solução também gere redução de inadimplência para a indústria. O serviço da Trademaster oferece crédito, prazos de pagamento e também direcionamentos sobre as melhores condições comerciais e gestão de estoque para cada varejista. A solução é oferecida por meio de uma plataforma em nuvem que é integrada aos sistemas de gestão das empresas parceiras.
Quanto à customização, que a startup afirma ser um diferencial em relação a produtos de crédito tradicionais, a aposta é em inteligência artificial (IA). “Para ver o quanto e para quem dar crédito, temos uma área muito forte de modelagem interna, em que você usa a IA para criar modelos a fim de aumentar a assertividade na concessão do crédito. Outro cálculo que fazemos é em relação a quanto a mais de crédito e qual prazo é ideal para cada varejista”, explica Pereira.
Virada
O cheque é um marco no crescimento da Trademaster: antes deste investimento, a empresa havia recebido apenas R$ 12 milhões do Banco Sofisa, logo no começo de sua operação. Além disso, é um respaldo depois de tempos turbulentos vividos pela empresa no primeiro semestre de 2020: no início da pandemia, frente ao cenário instável do varejo e do mercado como um todo, a Trademaster chegou a reduzir seu quadro de funcionários em 18%.
Depois do susto inicial e com a reabertura do varejo, a fintech voltou a contratar e terminou o ano com uma equipe 40% maior do que estava em janeiro de 2020. Segundo a empresa, no ano passado, o volume transacionado em sua plataforma ao todo cresceu 211%.
O aporte vem agora para sustentar o ritmo de contratação e também para viabilizar novos lançamentos de produtos. “Estamos olhando para soluções ao longo da cadeia, para facilitar a contratação de mais serviços fundamentais para o pequeno varejista”, diz o fundador da fintech, sem entrar em detalhes de quais serviços seriam esses.
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