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‘Foodtechs são a próxima grande onda de startups’, diz investidor

Com mais de 300 companhias de tecnologia dedicadas à alimentação, setor aguarda por ‘boom’ similar ao das fintechs

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

Depois do sucesso das startups de serviços financeiros (as “fintechs”) no Brasil, tendo o Nubank como expoente, o ecossistema de inovação brasileiro aguarda pelo próximo segmento de startups a passar por um boom. Segundo relatório do fundo de investimento brasileiro Outcast Ventures, obtido com exclusividade pelo Estadão, a aposta está na área da alimentação.

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“As ‘foodtechs’ são a próxima onda gigante de startups, assim como hoje são as fintechs”, aponta José Rodolpho Bernardoni, fundador e atual presidente executivo da Outcast, gestora criada em 2020 para investir em startups brasileiras de alimentos — ramo em que não há muitos investidores especializados, como acontece no financeiro. 

Os motivos para essa aposta estão nos problemas e ineficiências do mercado alimentício, que enfrenta desperdício, alto impacto sobre o Planeta e cadeia de alto custo. “O cenário de alimentos é um dos últimos na adoção de tecnologia, o que é uma baita oportunidade para se investir”, completa Bernardoni. 

Em parceria com a plataforma de inovação Distrito, o levantamento aponta 357 nomes do setor. Entre eles, há gigantes conhecidos como iFood e Daki (ambas de entregas de alimentos), nomes em rápida expansão como Nude e Fazenda Futuro (de bebidas à base de aveia e de carnes sintéticas, respectivamente) e apostas em tendências de consumo, como companhias de entregas de orgânicos e de refeições saudáveis (Raízs, LivUp).

A aposta é que logo surjam novos unicórnios (startups com avaliação superior a US$ 1 bilhão) - o primeiro deles foi o iFood (2018) e o mais recente é a Daki (2021). 

Além disso, o estudo pinçou empresas mais “futuristas”, ou seja, que devem despontar tecnologias bastante inovadoras. Entre elas, há categorias como rastreabilidade de alimentos, gestão de desperdício, software para administração de restaurantes e até alimentos de origem “diferentona”, como à base de insetos (startup Hakkuna). “Sob a nossa ótica, são apostas de longo prazo, enquanto uma empresa de delivery é de curto prazo”, aponta Bernardoni. “No fim, nosso estudo acaba sendo um guia para a tomada de decisão para nossos investimentos.”

Os investimentos nessas mais de três centenas de foodtechs somam mais de US$ 1 bilhão em cerca de 129 negócios desde 2010. Para a Outcast, o mais importante é que esses cheques foram feitos em startups em estágio inicial, o que indica que, no longo prazo, o setor deve se expandir ainda mais e se diversificar. 

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“Isso é um indício de que, nos próximos anos, vamos ter mais unicórnios e empresas que vão trilhar o caminho do sucesso. E o volume de investimentos tem crescido, o que demonstra o interesse”, conclui o investidor.

Para José Rodolpho Bernardoni, área de alimentos é uma das últimas a adotar tecnologia Foto: Daniel Teixeira/Estadão - 31/5/2021

Fome

Tido como o “celeiro do mundo”, o Brasil pode usar sua vocação para a exportação de alimentos para alavancar as foodtechs, diz Bernardoni.  Esse “talento”, porém, ainda não resolve uma das maiores mazelas do País: a fome. Segundo o relatório, poucas startups do setor se dedicam ao tema.

“Posso contar nos dedos de uma mão quantas startups têm compromisso com o combate à fome. É uma pena - e algo preocupante”, critica Bernardoni, que reconhece a complexidade da questão. “Mas o problema existe e, onde existe problema, há oportunidade para empreendedores.”

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