Startup Gupy demite 8,5% e fala em ‘reorganização’ para otimizar negócio

Empresa de soluções para RHs faz cortes após realizar três aquisições desde outubro de 2021

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

A startup Gupy, famosa pela plataforma de recrutamento de pessoas e por outras soluções digitais para departamentos de Recursos Humanos, realizou nesta quarta-feira, 2, a demissão de 8,5% dos empregados da empresa, totalizando 58 pessoas, declarou a companhia ao Estadão. Trata-se do primeiro corte de funcionários na história da startup, fundada em 2015.

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A Gupy afirma que as demissões fazem parte de uma “reorganização” que acontece para otimizar o negócio da empresa, que registrou sobreposição de vagas após as três aquisições realizadas nos últimos meses: Niduu (outubro de 2021), Kenoby (fevereiro de 2022) e Pulses (fevereiro de 2023). Com as compras, a plataforma passou a oferecer produtos de recrutamento e seleção de candidatos, admissão de funcionários, educação corporativa e aferição de clima e engajamento corporativos.

Agora, a Gupy diz que o objetivo é integrar todas as soluções em uma única unidade de negócio, prestando mais agilidade no atendimento a clientes e tendo maior resposta com os times de tecnologia da startup.

Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva

Mariana Dias, CEO da Gupy

“Nossa estratégia é fazer com que mais empresas usem mais nossos produtos. Por isso, da forma como estávamos estruturados, não conseguíamos fazer um atendimento fluido e conectado. Antigamente, nosso cliente tinha que falar com cinco pessoas da Gupy para usar nossos produtos”, explica Mariana Dias, cofundadora e presidente executiva da Gupy, em entrevista ao Estadão. “Queremos ter as soluções sob um único guarda-chuva.”

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As pessoas demitidas nesta quarta-feira devem receber um pacote de benefícios que inclui extensão do plano de saúde, continuidade do plano de benefícios de academia e bônus específicos para minorias, como pessoas negras e mães. A Gupy garante que, mesmo com a demissão desses grupos, o porcentual de diversidade da empresa continua inalterado.

Ainda, a startup criou um banco de talentos próprio para as pessoas demitidas, intitulado Histórias de Carreira na Gupy. A página permite que cada ex-empregado adicione informações pessoais para contato, como perfil no LinkedIn e descrição da própria carreira.

Startup Gupy inaugurou escritório duplex com 700 metros quadrados na Avenida Paulista Foto: Gian Oreste/Gupy

A Gupy informa que deve continuar realizando contratações, principalmente no time de tecnologia da startup.

Em janeiro de 2022, a Gupy levantou US$ 92 milhões em uma rodada liderada por SoftBank e Riverwood, com participação dos fundos de investimento Endeavor Catalyst, Oria Capital e Maya Capital. Neste ano, a marca passou por um rebranding, ganhando inclusive um novo escritório.

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Nos últimos anos, a Gupy tornou-se um dos principais nomes do setor de startups para Recursos Humanos, as HRtechs, no jargão do setor. Outros nomes incluem a Flash e Caju, de benefícios corporativos.

Com quatro mil empresas como clientes, a Gupy é uma das apostas para se tornar um “unicórnio”, nome dado às startups que atingem a avaliação de mercado de US$ 1 bilhão — ainda não há nenhuma “HRtech” entre os mais de 20 unicórnios do Brasil.

Mariana Dias é cofundadora e CEO da startup Gupy, de soluções digitais para Recursos Humanos Foto: ALESSANDRO COUTO FOTOGRAFO

Crise entre ‘unicórnios’

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado milhares de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de “inverno das startups”, após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando o apetite dos investidores por risco era maior.

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O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como “late stage”. Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado - sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.

Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa nos últimos meses estão 99, Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, MadeiraMadeira, Mercado Bitcoin, Olist, Unico, Hotmart, Dock e Wildlife. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.

O mais recente dos unicórnios a demitir foi o Nubank, que dispensou 296 pessoas pessoas em junho passado.

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