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Hospital das Clínicas vai inaugurar espaço para startups na área de saúde

Objetivo é desenvolver ideias inovadoras de residentes e pesquisadores para melhorar atendimento; novo núcleo vai abrigar até 20 empresas e cerca de 150 pessoas

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Um espaço de 900m² dentro do Hospital das Clínicas, maior complexo hospitalar da América Latina, vai abrigar a partir desta quinta-feira, 12, startups da área de saúde para desenvolver projetos inovadores no setor. Batizado de Distrito Inova HC, a área contará ainda com laboratório de telemedicina e um hospital 4.0 para simulação de situações do dia a dia e aplicação de novas tecnologias.

Desde 2014, a instituição tem o projeto Inova HC, cuja proposta é incentivar ideias de residentes e pesquisadores do hospital. “Com esse estímulo, foram surgindo as startups no nosso meio e, com esse crescimento, notamos que precisávamos dar um novo passo, que é criar uma área para que elas possam conviver entre si e com as empresas de saúde para criar produtos e levá-los ao mercado”, explica Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho de Inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

Daniel Bechara, da startup de realidade virtual MedRoom, uma das ocupantes do novo espaço Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Cerri diz que o estímulo à inovação pode ajudar a baratear procedimentos. “O que é desenvolvido em inovação pode ajudar toda a população. O centro de inovação busca identificar potenciais produtos. Antigamente, a tecnologia significava aumento de custos, mas, por exemplo, um módulo de inteligência artificial pode trazer mais eficiência e diagnósticos precisos. E quase todas as especialidades vão se beneficiar.”

O espaço pode abrigar até 20 startups, que terão o suporte de grandes empresas do setor, como AstraZeneca, Abbott, Johnson & Johnson Medical Devices e Unimed. “Estamos seguindo um modelo da China, onde existe a interação entre empresa e hospital, e que pode ser feito por meio de uma Parceria Público-privada. O HC é o maior laboratório de saúde do País, que atende todo tipo de doença e interage com todos os setores. Todo mundo sai ganhando.”

Segundo Cerri, os dados dos pacientes serão protegidos. Sancionada em agosto do ano passado, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais entrará em vigor em agosto do ano que vem. 

O novo espaço do Hospital das Clínicas se chamaDistrito InovaHC Foto: Helvio Romero/Estadão

Espaço pretende conectar oferta e demanda

Cofundador do Distrito, empresa parceira do projeto, Gustavo Araujo diz que, além da China, Israel, Estados Unidos e países da Europa têm iniciativas semelhantes. O investimento da empresa é de R$ 3,6 milhões. “A gente tem um primeiro contrato de dois anos, mas a ideia é expandir.” Araujo explica que plataformas testadas no HC podem ser aplicadas em qualquer hospital do País. “A ideia é entender as principais dores e problemas do HC e da saúde pública de maneira geral e tentar resolvê-los.”

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Além da possibilidade de testar soluções no hospital, as startups do Distrito Inova HC terão acesso a programas de capacitação e conexão com investidores. "Uma função importante do espaço é a construção de uma rede de aprendizado. Com certeza, haverá uma grande troca de conhecimento e networking entre as startups", afirma Araujo. As startups residentes não serão as únicas a usufruir do Distrito Inova HC: o projeto também pretende ajudar healthtechs de diversas regiões do País a desenvolverem suas soluções, seja por meio de eventos ou de conversas pela internet. 

A iniciativa também visa conectar médicos pesquisadores ao mundo do empreendedorismo. "Geralmente o objetivo final de uma pesquisa acadêmica é a publicação de um artigo em uma revista internacional. Podemos dar um fim comercial para esses projetos", diz o cofundador do Distrito. 

Centro de inovação terá 900 m² e poderá abrigar 20 startups Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Radiologista criou projeto de inteligência artificial

Médico radiologista do hospital, Bruno Aragão, de 33 anos, fundou a startup Machiron há dois anos e, desde 2018, integra o Inova HC. O seu projeto é de inteligência artificial e tem como foco facilitar o processo de triagem de tomografias da região abdominal em casos suspeitos de câncer de fígado.

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“A empresa nasceu incentivada por demanda do hospital. A ideia é ter um sistema automatizado que consegue triar os pacientes com suspeita para que sejam vistos mais rapidamente. Isso não vai substituir o profissional que faz o laudo, vai otimizar o fluxo de trabalho', conta Aragão.

Ele diz que a importância desse tipo de iniciativa é a criação de alternativas personalizadas para a realidade do hospital. "Antes, enxergava-se um problema local e a solução vinha de uma empresa de fora. O centro de inovação também faz com que os profissionais criem soluções e consigam acelerar a entrega para o mercado."

Startup quer desengessar os corpos

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O Distrito InovaHC também levará para dentro do hospital a startup Fix It que, por meio de impressão 3D, oferece peças para imobilização. A ideia é substituir o gesso e a tala em casos de fratura e até problemas de paralisia. "Pacientes costumam reclamar que esses outros materias são desconfortáveis e acumulam sujeira e suor. Nosso material, feito de biopolímero, é produzido de forma personalizada para cada pessoa", explica Hebert Costa, cofundador da startup, que já foi acelerada pela empresa de inovação Ace.

A empresa, fundada em 2017, já tem 27 funcionários, que vão deixar sua sede em Alphaville e se mudar totalmente para o novo espaço do HC. "Começaremos a atender os pacientes do HC nos próximos meses, será uma forma de nos aproximarmos dos profissionais da saúde e melhorarmos nosso produto, que ainda precisa de evoluções para ser usado em partes do corpo como a coluna", diz Costa. 

A peça de imobilização da startup Fix It é feita a partir de impressão em 3D Foto: Helvio Romero/Estadão
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