‘Unicórnio’ Loft demite 312 pessoas em 3º corte de 2022; total é de 855

Startup de compra e venda de imóveis afirma que busca maior integração entre serviços da empresa

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

A startup imobiliária Loft, especializada em compra e venda de imóveis, realizou nesta quarta-feira, 7, o corte de 12% da companhia, confirma a empresa ao Estadão. Essa é a terceira rodada de demissões da companhia, que soma quase 855 funcionários demitidos ao longo deste ano.

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Nesta quarta, foram dispensados 312 funcionários do antigo quadro de 2,6 mil colaboradores. Em abril, a Loft havia cortado 159 pessoas em movimento que chamou de “consolidação da área de crédito”. Em julho, uma nova rodada levou 384 funcionários da startup, cerca de 12% do quadro de 3,2 mil pessoas.

Os funcionários demitidos nesta terceira rodada vão receber extensão do plano de saúde para titular e dependente por mais dois meses, apoio no processo de recolocação profissional (que inclui assinatura do serviço LinkedIn Premium, da rede social corporativa) e facilitação no plano de stock options para pessoas elegíveis ao programa, diz a empresa.

No comunicado, a empresa “agradece a dedicação dos colaboradores desligados e está empenhada em ajudar no que for possível para a sua recolocação no mercado.”

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A Loft faz parte do seleto clube dos “unicórnios”, nome dado às startups com avaliação de mercado acima de US$ 1 bilhão. Fundada em 2019, a firma brasileira recebeu valuation de US$ 2,9 bilhões em abril de 2021 após levantar US$ 525 milhões.

Nos meses seguintes, a startup comprou a fintech CredPago, que elimina a figura do fiador na locação de imóveis, e a startup CrediHome no mês seguinte, especializada em crédito. Em dezembro de 2021, a Loft comprou o portal de listagem de imóveis 123i e realizou parcerias com as imobiliárias Mirantte e Zimmerman. Em março de 2022, comprou a Vista, que fornece software de gestão para imobiliárias.

Ao mesmo tempo, a Loft vem aumentando a atuação pelo Brasil. Na semana passada, a companhia anunciou a expansão pelo interior de São Paulo e Rio Grande do Sul, totalizando 28 municípios no Brasil. Para esse crescimento, a empresa tem adotado o que chama de expansão “com custo reduzido e eficiente”, graças ao projeto de parcerias com imobiliárias locais.

Em agosto, a Loft se desfez da Nomah, startup brasileira de estadia curta adquirida em julho de 2020 e que se fundiu com a mexicana e rival Casai.

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No comunicado desta quarta, a Loft afirma que os cortes fazem parte de uma “importante etapa da integração da companhia com suas empresas adquiridas, o que resulta na reestruturação de sua operação”, escreve. “Diversos processos entre a plataforma Loft e as empresas adquiridas foram simplificados com a reestruturação, gerando mais sinergias entre as empresas do Grupo que proporcionarão aumento da eficiência operacional e potencializarão ainda mais nossos resultados.”

Florian Hagenbuch e Mate Pencz são os fundadores da Loft, startup imobiliária avaliada em US$ 2,9 bilhão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Crise é grande entre ‘unicórnios’

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado centenas de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de “inverno das startups”, após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão nos últimos meses, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando o apetite dos investidores por risco era maior.

O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como “late stage”. Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado - sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.

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Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa em 2022 estão Loggi, QuintoAndar, Loft, Facily, Vtex, Ebanx, MadeiraMadeira, Mercado Bitcoin, Olist, Unico, Hotmart, Dock e Wildlife. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.

Fundos de investimento alertaram as startups sobre o cenário desafiador nos primeiros meses do ano. O investidor Masayoshi Son, presidente do SoftBank, um dos maiores investidores de startups no Brasil, disse em abril que o conglomerado japonês deve reduzir os investimentos em empresas de tecnologia neste ano.

A aceleradora Y Combinator, uma das mais conhecidas no Vale do Silício, recomendou que as startups reavaliassem suas finanças e que ficassem prontos para cortar gastos. A medida, de acordo com a aceleradora, é uma forma de prever até 24 meses sem investimentos. “Crises econômicas geralmente se tornam grandes oportunidades para os fundadores que mudam rapidamente sua mentalidade, planejam com antecedência e garantem que sua empresa sobreviva”, afirmou a gestora na carta.

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