Nascida na pandemia, Merama vira ‘unicórnio’ com ‘chorinho’ de US$ 60 milhões

Startup com raízes brasileiras, que adquire lojas para impulsionar vendas em marketplaces, pretende lançar laboratório de inovação para criar as próprias marcas

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

Em terceira captação de investimento em 2021, a startup Merama, que compra participação em lojas para impulsionar vendas no varejo digital, anuncia nesta quinta-feira, 9, que levantou US$ 60 milhões, totalizando US$ 445 milhões em aportes desde abril. Com a nova quantia, a empresa se torna um “unicórnio”, nome dado às startups que atingem avaliação de mercado superior a US$ 1 bilhão. 

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O cheque é uma continuação da rodada de setembro passado, quando haviam sido levantados US$ 225 milhões. O valor adicional foi investido pelos fundos Advent e SoftBank, que já haviam aportado na Merama neste ano — a avaliação da empresa está estimada em US$ 1,2 bilhão. 

“Ao atingir a marca, entramos para um grupo de que gostamos muito, com ótimos empreendedores e ótimas empresas. Mas esse nunca foi o nosso objetivo”, explica ao Estadão o cofundador da Merama Renato Andrade, acrescentando que ser unicórnio é apenas uma etapa do crescimento da startup. “Acreditamos que vamos ter vários outros acontecimentos em breve.”

A Merama, fundada em dezembro de 2020 por dois brasileiros, um mexicano e um americano, surfa na onda do e-commerce, que, devido à digitalização ocorrida na pandemia de covid-19, percorreu no ano passado “10 anos em um”, segundo especialistas. 

Com 150 funcionários, a startup atua como uma investidora de lojas que vendem em marketplaces, como Amazon, Magazine Luiza e Americanas — ao comprar participação desses pequenos vendedores, a companhia ajuda a impulsionar a operação por meio de tecnologia e a internacionalizar o negócio para outros países da América Latina.

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Inspirado nas startups americanas (e unicórnios recém-nascidos) Thrasio e Perch, esse modelo permite que o fundador da loja continue na empresa, cuidando da operação diária, mas com o “alívio” financeiro de uma empresa-mãe que, nesse caso, agora é bilionária. Isso explica também o apetite da Merama por investimentos: a natureza do seu negócio exige um alto volume de capital. 

Mais discreta que outras startups do ramo, porém, a Merama não revela quais marcas já adquiriu, mas diz que possui 25 lojas no catálogo, que devem somar US$ 300 milhões em faturamento até o fim do ano. 

Os vendedores estão localizados no Brasil, México, Chile, Peru, Colômbia e Estados Unidos, de onde vendem para 10 países da América Latina. Atualmente, a companhia está nos segmentos de esportes, eletrônicos, pet, produtos para bebês e, em breve, pretende entrar em beleza e vestuário. 

Renato Andrade e Guilherme Nosralla, fundadores da Merama Foto: Merama

Laboratório de inovação dentro de casa

Investir em mais lojas continua a ser o plano da Merama. Mas há uma novidade: com o cheque de US$ 60 milhões, a startup irá inaugurar o Merama Labs, laboratório de inovação nascido dentro de casa para criar marcas novas. 

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“Existem algumas categorias de produtos em que não conseguimos entrar porque os valores são muito altos para um investimento, e aí é mais fácil criar algo do zero”, observa Andrade. Não foram reveladas, porém, as áreas em que a Merama deve apostar com o próprio laboratório de inovação.

Além disso, o braço de inovação interno deve usar análise de dados para turbinar o crescimento das próprias marcas administradas pela startup, de forma a assegurar a rentabilidade das aquisições feitas pela Merama. “Não queremos deixar tudo na mão do empreendedor, e sim trazer essa responsabilidade para dentro da Merama”, aponta.

O passo seguinte, diz a Merama, é entrar no mercado público de ações, estratégia comum a startups que se tornam unicórnio e aceleram internacionalização. “Já estamos começando a nos preparar para um possível IPO”, afirma Andrade. Ele, porém, não quer ir tão rápido: “Mas antes precisamos provar crescimento e que sabemos desenvolver marcas e produtos.”

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