Há cerca de dois anos a Red Bull escolheu uma antiga subestação de energia da década de 20 para se tornar o endereço da Red Bull Station, um ambiente com foco em projetos experimentais de artes e música. O endereço – no meio da Praça da Bandeira, no centro de São Paulo, e a poucos metros de diversos marcos da cidade – tornou-se o local ideal para pensar em como trazer mais inovação para a cidade. Nesta segunda-feira, 6, o espaço abre o seu primeiro edital para selecionar projetos que usem a tecnologia para promover melhorias em São Paulo.
Trata-se do Red Bull Basement, um programa de produção, pesquisa e difusão de projetos que explorem formas colaborativas de experimentação com mídias digitais. O programa vai oferecer uma residência para desenvolvedores digitais criarem seus projetos para a cidade dentro de um laboratório no porão do Red Bull Station entre os meses de setembro e novembro. Podem se inscrever programadores, hackers e desenvolvedores de software.
Serão selecionadas cinco pessoas que vão receber uma ajuda de custo semanal entre R$375,00 (para quem é da capital) e R$500,00 (fora da capital) e vão ter à disposição material como placas Arduíno, sensores, impressoras 3D, giroscópios e acelerômetros para tirar suas ideias do papel e testá-las.
“Hoje existem poucos espaços de criação e para o desenvolvimento de projetos de pesquisa. Será bacana se nós conseguirmos bons resultados ao fim da residência, mas para nós o mais importante é a experimentação”, diz Gisela Domschke, criadora do Laboratório de Mídias do Museu da Imagem e do Som de São Paulo (LABMIS) e curadora do projeto. As inscrições podem ser feitas por meio do site do Red Bull Basement.
Um exemplo do bom uso da tecnologia aplicada às cidades está dentro do próprio grupo de profissionais contratado para organizar a ação da Red Bull. Andrei Speridião, criador do projeto Bueiros Conectados, será um dos mentores do projeto. “A cidade gera dados sobre si mesma o tempo todo. Um bueiro em más condições pode gerar quedas ou inundações. Por que não colocar um sensor na tampa e conectá-los a um app no smartphone pelo qual as pessoas podem acompanhar as condições do bueiro e denunciar problemas na Prefeitura?”, diz Speridião.
Junto com ele, na equipe de acadêmicos do projeto, estão Lucas Dupin, que já trabalhou na área de desenvolvimento digital de empresas como Coca-Cola, Google, Nike e TED; Thiago Avancini, atual Creative Technologist do Google; e Gabriel Laet e Pedro Fonseca, que dirige o projeto digital Vanilla Unusual Projects.
O projeto prevê também um festival de tecnologia, o Red Bull Basement Festival, que tem como tema o uso criativo da tecnologia digital para a realização de transformações positivas para o centro de São Paulo. Serão três dias de conversas, hackathon, workshops e sessões abertas para o público geral e com participação gratuita.
Uma programação paralela de conversas, workshops, apresentações de projetos e ideias voltadas aos residentes será desenvolvida ao longo dos três meses.
“A tecnologia permite consultar os cidadãos das vontades deles. Sistemas inteligentes já são usados na cidade para muitos serviços, a questão é como usar isso de forma mais positiva para o cidadão”, diz Gisela.
Ao fim da residência, os cinco selecionados apresentarão os projetos desenvolvidos no chamado Media Day para que os projetos sejam apresentados para o público, formadores de opinião, lideranças da cidade e investidores. A expectativa da Red Bull é repetir o projeto uma vez a cada ano.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.