A startup de planos de saúde digitais Sami anunciou nesta terça-feira, 14, a demissão de 75 funcionários, equivalente a 15% do quadro total, confirmou a healthtech ao Estadão/Broadcast. Fontes ouvidas pela reportagem atribuem os desligamentos ao “crescimento desordenado” da equipe, destacando que, entre janeiro e maio, foram admitidos cerca de 300 novos colaboradores.
“Foi uma decisão dolorosa, mas necessária neste momento para garantir a sustentabilidade do negócio. Faz parte do nosso amadurecimento como empresa, analisar estrategicamente pontos a serem melhorados quanto à eficiência, e recalcularmos a rota”, afirmou o CEO da Sami, Vitor Asseituno. “Nada tem a ver com o desempenho ou potencial de cada colaborador que valorizamos imensamente e agradecemos por todo o trabalho realizado até agora.”
A informação sobre o número de contratações em 2022 não foi confirmada pela empresa, mas, na semana passada, a Sami disse ao Estadão que havia ampliado seu quadro “de maneira sustentável” de 15 para 566 funcionários em dois anos. A startup comemorava que tinha ampliado 30 vezes o número de colaboradores nesse período.
“Os desligamentos não me pegaram de surpresa, porque uma média de 30 a 40 pessoas eram contratadas por mês. Isso é inviável”, afirmou um ex-funcionário em condição de anonimato, destacando que a empresa opera com uma folha de pagamento mensal de R$ 10 milhões atualmente, enquanto busca equilibrar as contas para promover uma rodada de investimento Série B.
De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a empresa fechou o mês de março de 2022 (último dado disponível) com 7.843 beneficiários. Ao fim de 2020, ano em que iniciou as operações, tinha 122 clientes.
Repercussão
As demissões vêm repercutindo nas redes sociais. Destaque para a publicação do especialista em relacionamento (Costumer Experience) Erik Mitchell, que contava com cerca de 6 mil reações até o fechamento da reportagem. O profissional desligado também nega estar surpreso. “Temos visto uma onda de demissões em massa entre startups nos últimos tempos e eu sentia que poderia impactar a Sami”, afirmou em entrevista.
A postagem de Mitchell inclui uma planilha de banco de talentos com informações sobre os funcionários demitidos de diferentes áreas, como vendas, recrutamento e financeira. A prática tem sido comum nas redes sociais em resposta à onda de demissões. Com menos dinheiro disponível no mercado em meio à escalada dos juros, as startups têm apertado os cintos para cortar custos.
Na última sexta-feira, a baiana Sanar, também da área de saúde, demitiu 13% do seu quadro. Com avaliação superior a US$ 1 bilhão, os "unicórnios" QuintoAndar, Loft, Facily, Olist, Vtex e Mercado Bitcoin realizaram cortes nos últimos meses. Na semana passada, a mexicana Kavak, startup mais valiosa da América Latina, enxugou 150 de trabalhadores de suas operações em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No entanto, na contramão de relatos de funcionários desligados por outras startups recentemente, ex-colaboradores da Sami elogiaram a postura da empresa, com prorrogação de benefícios como vale-refeição e cobertura médica. “Apesar da forma como terminou, a empresa sempre foi muito justa e correta comigo”, disse uma ex-colaboradora da healthtech.
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