A operação de apps de supermercado no Brasil — principalmente na Grande São Paulo — é um dos nichos com mais espaços para concorrentes no mercado: desde marcas grandes e tradicionais até startups com apps moderninhos, todas parecem querer fazer com que o consumidor tenha o melhor dos corredores de alimentos em casa. Há sete meses no Brasil, o Justo, aplicativo de supermercado mexicano, embarcou no desafio de disputar espaço com outras empresas do ramo e quer expandir para o interior de São Paulo ainda este ano.
Fundada em 2019, a startup mexicana mirou no Brasil para crescer o produto por meio de um sistema de fornecimento e armazenamento próprio de alimentos perecíveis, como verduras e legumes – além de itens tradicionais.
“A gente tem visto uma aceitação muito interessante do público brasileiro. Já temos um pessoal para levar a empresa para um próximo nível. Nascemos no México mas sempre pensamos na operação no Brasil. Queremos crescer porque a demanda existe”, afirmou Ricardo Martinez, cofundador do Justo, em entrevista exclusiva ao Estadão.
Em quase três anos de operação, o Justo, fundado por Ricardo Weder e Ricardo Martinez, desenvolveu um app de supermercado desvinculado de lojas físicas. Para isso, a empresa mantém armazéns onde todos os produtos vendidos pelo app são mantidos, com manuseio, temperatura e condições controladas – a startup explica que o número de pessoas em contato com alimentos perecíveis, por exemplo, é limitado para garantir o que ela chama de “alimentos mais frescos”. A proximidade com produtores é um dos fatores que permite o estoque desse tipo de produto.
Agora, sete meses— e quase US$ 200 milhões — depois da chegada ao País, a empresa afirma que valeu a pena escolher o Brasil para começar a expansão. Ao Estadão, a startup afirmou que, desde que desembarcaram em São Paulo, o faturamento vem crescendo cerca de 30% ao mês e a operação verde e amarela já representa entre 25% e 30% do total.
Brasileña
Mesmo com um mercado cheio de startups de supermercado, a concorrência do Justo ainda fala espanhol: por aqui, a chilena Cornershop funciona com o Uber e a colombiana Rappi se consolidou como uma grande central de delivery no Brasil. Para avançar, a empresa quer continuar apostando no estoque próprio — diferente dos “shoppers” em mercados físicos usados pelos rivais.
“O setor é abrangente, mas a gente vê uma enorme oportunidade em fazer o negócio como a gente faz. temos estoque, armazéns e isso a gente não vê tanto lá fora. É uma experiência que está sendo valorizada”, aponta o cofundador.
Outra preocupação é a forma de operar no Brasil. “Também tem a diferença das marcas. O México tem muita marca própria”, explica Martinez. “Aqui a gente tem as super conhecidas do público. O portfólio fica mais complexo e, nessa parte de produtos, a gente teve que subir um pouco a barra”.
Futuro
Para garantir o crescimento, a startup quer manter a competitividade em alta, com rivais latinas e brasileiras, enquanto encara um cenário de inflação e preços altos nas prateleiras do País. A pretensão, entretanto, não é se destacar pelo menor preço, e sim ser uma alternativa de etiquetas iguais às grandes redes.
“A gente tenta passar o menor repasse possível para o consumidor, mas vamos com a linha do mercado. Quando existe aumento de preço, a gente mantém a competitividade onde a gente está ‘jogando’”, afirma Martinez.
Com a operação devidamente instalada em São Paulo, o Justo planeja, agora, levar seu supermercado também para outras regiões do Brasil. O investimento de US$ 152 milhões recebido pela startup em abril vai focar em inaugurar o app em capitais do Sul e Sudeste, além de aumentar o número de centros de distribuição na capital paulista.
“Estamos entendendo para onde expandir e quando expandir. Temos planos para o Sudeste, Sul e interior de São Paulo. Está na mira para o segundo semestre e começo do ano que vem”, ressaltou o empresário.
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