A Minds Digital, startup de biometria por voz, anunciou uma rodada complementar de aporte que soma R$ 2 milhões em dois meses. A empresa, que havia recebido R$ 1,5 milhão no início de junho, adicionou mais R$ 500 mil ao investimento recebido pela Cedro Capital e intermediada pela Laqus, startup que auxilia na conexão com o mercado de capitais.
O investimento deve ser utilizado para melhorar a tecnologia, que utiliza da voz para criar uma identidade única para cada indivíduo. “Essa rodada junto com a Cedro foi bem interessante porque possibilitou a continuidade do que a gente vem planejando para os próximos três anos nesse produto”, afirma Marcelo Peixoto, presidente da Minds Digital, em entrevista ao Estadão.
Como uma empresa de IDTech, especializada em identificação digital, a Minds Digital oferece um serviço de autenticação de segurança para empresas. O diferencial é a forma como a startup faz o processo: de acordo com Peixoto, alguns elementos da voz podem gerar uma marca personalizada para cada pessoa - que pode ser usada como um objeto de biometria.
“A voz é uma coisa muito nova, que está chegando no mercado agora. Ela é única, vamos muito para o lado científico para certificar isso. Nosso algoritmo identifica os elementos da voz e a nossa plataforma gera um espectrograma, como uma identidade”, explica Peixoto.
Nesse espectrograma, a inteligência artificial (IA) da empresa consegue categorizar cerca de 70 fatores diferentes em uma voz humana para identificar o padrão individual do usuário. Características mais comuns, como entonação, tom e timbre da voz são utilizados, mas a empresa também se vale da extração de pontos mais técnicos, como a frequência de onda emitida por cada pessoa.
A voz é uma coisa muito nova, que está chegando no mercado agora. Ela é única, vamos muito para o lado científico para certificar isso”
Marcelo Peixoto, presidente da Minds Digital
Essa é uma das coisas que, segundo a Minds, impede que seja possível fraudar uma voz: depois de separar os elementos da voz, a IA cruza os dados obtidos para identificar se a fala é verdadeira. Assim, mesmo que alguém imite uma voz ou mesmo reproduza uma gravação, o sistema identifica como sendo uma atividade inautêntica.
“Temos algumas camadas de segurança dentro da plataforma, que a gente chama de prova de vida da voz. Elas reconhecem elementos que podem dizer se a voz identificada corresponde à pessoa dona daqueles dados. Por ondas sonoras e uma gama de variações, a gente consegue distinguir se é alguém imitando a voz ou se a pessoa está gripada, por exemplo”, afirma Peixoto.
Ainda, de acordo com a empresa, o sistema não precisa armazenar nenhum tipo de informação pessoal em nuvem para fazer a identificação. Atualmente, a Minds atende, majoritariamente, instituições financeiras.
‘Soltando a voz’ no mercado
Criada em 2017, a empresa registrou um crescimento de 52% em 2021 na comparação com o ano anterior e, de acordo com um levantamento interno, já soma R$ 5 milhões em fraudes evitadas por operações de cartão de crédito em 2022.
Com cerca de 45 funcionários, a empresa recebe por cada verificação de identidade feita por seus clientes - quanto maior o número de vezes que um cliente usar o software, mais barato o serviço fica, para incentivar o uso da IA nos processos de segurança.
“Durante a pandemia, a gente percebeu que os vazamentos de dados aumentaram. As empresas levaram muitos brasileiros para um mundo digital, porém sem a cultura da segurança. É preciso aumentar a atenção nesse mundo. Percebemos na nossa plataforma um ‘boom’ de tentativa de fraudes”, aponta Peixoto.
O aporte, que foi uma rodada semente, agora abre as portas para a Minds sonhar com a operação internacional e Peixoto acredita que, para isso, estar presente no ecossistema e em contato com investidores é essencial.
“A Cedro chega pra ajudar a gente nessa expansão global, que é um dos planos da empresa nos próximos anos. A gente sabe que tem desafios de governança e financeiros para ser uma expansão global, queremos os investidores perto da gente”, afirma Peixoto.
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