Startup Trybe demite 128 pessoas em nova rodada de cortes na companhia

Focada em educação, ‘edtech’ dispensou 35% do quadro de funcionários

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Foto do author Bruno Romani

A startup Trybe, que oferece cursos de programação, demitiu 128 pessoas, o que representa 35% da companhia, na terça-feira, 6. A informação foi confirmada pela Trybe em nota enviada ao Estadão. Segundo o documento, o movimento foi necessário para que a empresa atinja os seus “objetivos de longo prazo”.

Esse é a segunda rodada de cortes na companhia em menos de um ano - em agosto do ano passado, a edtech (startup de educação) já havia dispensado 47 pessoas (10% do quadro na época). O movimento de cortes ocorre menos de dois anos após a empresa receber um aporte de R$ 145 milhões, em rodada liderada pelas firmas de investimento Base Partners e Untitled e com a participação de XP, Global Founders Capital, Endeavor Scale Up Ventures, entre outros fundos. Na época, o investimento avaliou a companhia fundada em 2019 por Matheus Goyas em R$ 1,3 bilhão.

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Agora, a Trybe diz que pretende alcançar o breakeven (equilíbrio das contas) ao longo dos próximos 180 dias. A empresa diz que as operações permanecem normais para atuais e futuros estudantes.

A Trybe afirma ainda que, além do pagamento integral das verbas rescisórias, vai conceder R$6 mil extras a todos os desligados, vai manter alguns benefícios e vai doar computadores e equipamentos aos demitidos.

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A Trybe oferece a opção de o estudante só pagar os estudos depois de conseguir algum emprego na área – a empresa chama o modelo de “sucesso compartilhado”. É possível também pagar o curso à vista ou em parcelas.

Depois de alguns meses de aparente calmaria, os cortes profundos nas startups voltaram a assombrar o ecossistema nacional de inovação. Nesta semana, o Nubank dispensou 296 pessoas, citando uma reestruturação da sua área de operações.

Startup Trybe realizou cortes em massa nesta semana  Foto: Trybe/Divulgação

Crise entre ‘unicórnios’

Conhecidas por contratar centenas de funcionários ao mês, as startups têm realizado milhares de demissões pelo mundo — o fenômeno não é exclusivo do Brasil. O período tem sido batizado de “inverno das startups”, após a onda positiva causada pela digitalização da pandemia nos últimos dois anos.

Segundo especialistas consultados pelo Estadão, as demissões ocorrem como reajuste de rota em meio à alta global nos preços e à guerra da Ucrânia, que desorganiza a cadeia produtiva mundial. Nesse cenário, investidores viram as costas para investimentos de risco, como startups. Com isso, levantar rodadas tem sido mais difícil do que durante a pandemia, quando o apetite dos investidores por risco era maior.

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O processo tem sido especialmente duro com as startups maiores, que estão no momento conhecido como “late stage”. Nesse estágio de maturidade, as empresas queimam dinheiro velozmente na tentativa de crescer e ganhar mercado - sem o dinheiro, elas precisam preservar caixa para sobreviver.

Entre os unicórnios nacionais que já fizeram demissões em massa nos últimos meses estão 99LoggiQuintoAndarLoftFacilyVtexEbanxMadeiraMadeiraMercado BitcoinOlistUnicoHotmartDock e Wildlife. A mexicana Kavak, maior unicórnio da América Latina, também fez cortes severos na operação brasileira.

Antes do Nubank, os mais recentes unicórnios a demitir eram o iFood, que dispensou 355 pessoas, e a Loft, em quarta rodada de cortes.

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