‘Supereventos’ de startups retomam atividades após pandemia

Confiando no ‘olho no olho’ para fechar negócios, conferências reúnem milhares de interessados no segmento de inovação

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

A pandemia de covid-19 não acabou, é verdade. Mas já há alguma normalização das atividades presenciais, graças ao avanço da vacinação no Brasil e no mundo. Isso dá segurança para o mundo das startups retomar presencialmente os “supereventos”. Parte fundamental do ambiente de inovação no País, eles começam a ganhar força neste ano e já projetam um 2023 agitado.

Com milhares de convidados, essas conferências aconteciam em um ou mais dias, reunindo “startupeiros”, investidores, “olheiros”, associações especializadas, empresas tradicionais e outros nomes interessados em inovação - a ideia sempre foi não apenas buscar conhecimento, mas também fazer contatos. Com a pandemia, esses encontros foram para o meio digital, o que evitou um congelamento total das conversas. Por outro lado, apesar da praticidade e custo baixo, o formato emperra o aspecto social.

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“As pessoas estão com saudades de interagir umas com as outras”, aponta Paulo Buso, diretor de marketing e vendas da Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Entre as principais vantagens, ele destaca a agilidade para acelerar contatos, algo que fica facilitado nos encontros e foge da mediação de plataformas digitais. “Nada substitui o modelo presencial.”

A ABStartups prepara a primeira edição presencial da Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo (CASE) desde 2019, principal evento do ano para o ecossistema de inovação do Brasil e tido como o “encerramento” das conferências no País. Buso projeta o número recorde de 15 mil participantes no evento, a ser realizado nos dias 17 e 18 de novembro no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Além disso, o CASE vem acompanhado do Startups Awards, premiação que homenageia os principais nomes do mercado brasileiro, como investidores-anjo, aceleradoras, fundos de investimento, universidades e, claro, startups. “É a festa do nosso ecossistema”, define o Buso.

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Ao longo de 2022, já ocorreu o South Summit Brazil, cuja primeira edição aconteceu em maio em Porto Alegre com público de 14 mil pessoas. No mesmo mês, em Mountain View, cidade do Vale do Silício, ocorreu a Brazil at Silicon Valley, conferência que tenta aproximar empresários brasileiros à inovação dos EUA.

'Supereventos' de startups têm como intuito aumentar a rede de contato de fundadores, investidores e outros interessados em inovação Foto: Divulgação/ABStartups

Além do papo

Apesar do clima de festança, esses eventos são fundamentais para o fechamento de negócios. Para Mirella Lisboa, chefe de inovação do Cubo, centro de inovação do Itaú localizado em São Paulo, os eventos presenciais proporcionam o que o Vale do Silício batizou de “serendipidade” — termo que se refere a encontros ao acaso, como o papo de elevador ou a conversa no cafezinho. São por eles que conexões não planejadas são feitas, um dos segredos mais antigos para a inovação no mundo.

Pensando nisso, o Cubo irá criar espaços para reuniões em sua próxima conferência, o Cubo Conecta (agendado para 28 de setembro), além de fomentar a “serendipidade” pelos espaços do prédio, por onde expositores devem apresentar seus negócios.

“No prédio, acontecem iniciativas que fogem da atividade oficial de um evento, como intervalos e almoços, onde um potencial cliente ou fornecedor pode aparecer”, diz ela. “Mas essas situações orgânicas dependem do comportamento de cada um, e é por isso que é importante ter a iniciativa.”

São propostas diferentes entre o online e o presencial. É a mesma coisa que um namoro à distância

Brian Requart, cofundador da plataforma Latitud

O empreendedor Brian Requarth, cofundador da Latitud, plataforma de inovação que nasceu totalmente digital em 2020 para acelerar startups em fase inicial, concorda com a importância do evento presencial. “Estar junto acelera o fechamento de negócios”, diz. “São propostas diferentes entre o online e o presencial. É a mesma coisa que um namoro à distância.”

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Nesta quarta-feira, 21, o grupo realiza a primeira edição do Vamos Latam Summit, encontro anual que traz a São Paulo importantes nomes do mercado mundial de inovação, como Mike Krieger (cofundador do Instagram), Andres Bilbao (da Rappi), Camila Junqueira (diretora da Endeavor no Brasil) e Izabel Gallera (do fundo de investimento brasileiro Canary). A expectativa é de 1,4 mil pessoas.

Além disso, os eventos também geram receita. O CASE 2022, por exemplo, tem ingressos vendido a R$ 650. Já o Latitud Summit cobrou R$ 1 mil por participante.

Um pé ainda no online

Com os aprendizados da pandemia, os “supereventos” ainda dedicam parte de sua programação ao formato digital. Convidados que não podem comparecer presencialmente ainda podem acompanhar as conferências por meio de transmissões ao vivo.

Para os eventos, o formato permite maior acessibilidade de público, ajudando a “oxigenar” o espaço e a trazer diversidade regional na audiência. Mas, com tanta tela nos últimos anos, algumas dessas conferências têm optado por ser menos digitais.

“Durante 2020 e 2021, houve um cansaço de tela e o público começou a ser seletivo com o que via no meio digital”, diz Rafa Forte, um dos fundadores e atual presidente da Vtex, gigante nacional do mercado do comércio digital.

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A companhia organizou em abril o Vtex Day, evento que marcou a retomada das atividades presenciais em São Paulo ao longo de dois dias de abril. Entre grandes nomes na programação, houve a presença do piloto heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton, somando-se às 14 mil pessoas que participaram da conferência.

“Em nosso caso, optamos por gravar o evento inteiro para depois oferecê-lo na internet. Podemos até atingir mais pessoas no meio online, mas quem está ali de fato consumindo o conteúdo?”, afirma o executivo. Nas próximas semanas, a Vtex deve divulgar um material editado para as plataformas digitais – e já garante a próxima edição do evento para junho de 2023.

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