A euforia no mercado de tecnologia não é mais a mesma de anos atrás. Agora, com a alta global dos juros e investidores mais cautelosos, as startups levantam menos rodadas de investimento, o que desacelera o ritmo de crescimento dessas empresas de tecnologia. Na etapa final desse processo de maturação, surgem menos “unicórnios”, as empresas do ramo avaliadas em US$ 1 bilhão e que, como principal característica, são negócios em rápida expansão.
Mesmo em meio a essa desaceleração, o mercado de inovação continua operando no Brasil com setores que navegam contra a crise. Segundo estudo “Corrida dos Unicórnios 2023″, a ser lançado nesta quarta-feira, 15, pela empresa de inovação Distrito (e obtido antecipadamente pelo Estadão), há ao menos dez startups de diversos setores que podem entrar no clube dos unicórnios no País (veja a lista ao final desta matéria).
Finanças, educação e alimentação continuam como algumas das áreas tidas como quentes pelo mercado. Os nomes desse setor apontados pelo material da Distrito incluem startups dedicadas a prover uma conta digital e cartão para pessoas jurídicas, como a Cora, ou de gestão empresarial, como a Omie; de aulas de programação à distância, como a Alura; e de compra de vinhos por comércio eletrônico, a Evino.
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Há também algumas categorias que passaram debaixo do radar nos últimos anos. Em 2023, despontaram companhias das áreas de energia e de recursos humanos, como a Solfácil, dedicada a soluções de energia solar, como financiamento e marketplace de painéis fotovoltaicos; e a Flash, de benefícios corporativos flexíveis, com gerenciamento de alimentação, combustível e cultura em um único cartão.
Guia de startups
Esta é a 5.ª edição da “Corrida dos Unicórnios”. Neste ano, o material conta com sete nomes inéditos, isto é, que não apareceram no levantamento em anos anteriores – as veteranas são Petlove (de produtos para pets), Omie e Cora.
Nas edições anteriores, a Distrito antecipou alguns dos nomes que entrariam para o clube bilionário nos meses seguintes: Neon, Olist e Frete.com.
Nesse sentido, o material funciona menos como um catálogo de previsões e mais como radar para agentes do mercado, incluindo as empresas tradicionais interessadas em inovação. É uma forma de perceber quais setores estarão em alta, podendo despontar nos próximos anos.
“Nosso objetivo é dar inteligência para grandes empresas e investidores, retratando o que acontece no ecossistema de inovação do Brasil”, conta Eduardo Fuentes, gerente de pesquisas da Distrito e responsável por elaborar o estudo neste ano. “Estamos mostrando para o mercado que temos empresas boas que podem atingir esse patamar bilionário de avaliação no futuro.”
Para o estudo, a Distrito analisa dados internos dessas companhias, como volume total de investimento captado, tempo entre rodadas, taxa de crescimento e número de colaboradores, por exemplo. O material levou 40 dias para ser elaborado pela companhia.
Crise no mercado
A ideia de uma nova geração de unicórnios deve ser tratada com cautela. Atingir o status em 2023 deve ser mais difícil em relação a anos anteriores, quando a bonança de liquidez de capital incentivava investidores a desembolsar cheques em startups para acelerar o ritmo de crescimento dessas empresas.
A título de comparação, o ano de 2021 foi o ápice do ecossistema de inovação do Brasil, quando surgiram oito unicórnios no País, alavancados pelo interesse de investidores internacionais e pela digitalização dos mercados promovida pela pandemia. Naquele ano, nomes como Madeira Madeira, Hotmart e Daki entraram para o clube. Já o ano de 2022 começou a ver a virada de humor do mercado, com o nascimento de dois unicórnios no Brasil (Neon e Dock, ambas da área de finanças).
A tendência é que 2023 continue com a maré baixa, já que as perspectivas de melhora dos juros globais continua incerta, o que afeta diretamente o apetite de investidores.
“É um ano desafiador, mas o ecossistema continua funcionando”, aponta Fuentes. O pesquisador, porém, concorda que a barra está mais alta neste ano: “Pelo momento do mercado, virar unicórnio é um selo mais difícil de ser alcançado e, por isso, mais valorizado entre os pares. Torna-se mais raro.”
Se antes se tratava de um clube para poucos, daqui em diante é algo ainda mais seletivo.
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