A fintech Olivia, dona de um aplicativo que ajuda seus usuários a economizarem dinheiro, anunciou ontem que recebeu um aporte da corretora XP Investimentos. Fundada no Vale do Silício por dois brasileiros, Cristiano Oliveira e Lucas Moraes, a Olivia já tem 450 mil usuários nos EUA e deve começar a funcionar ainda neste primeiro semestre no País. Quando isso acontecer, o sistema de inteligência artificial da empresa vai direcionar os usuários a produtos financeiros oferecidos pela corretora, personalizando os investimentos para cada perfil.
“Com um único clique, o dinheiro economizado pelo usuário na Olivia vai se tornar um investimento na XP”, explica Moraes, cofundador da empresa. O aporte, sem valor revelado, se segue a uma parceria entre as duas empresas: em setembro do ano passado, a XP lançou o robô de conversas Max, desenvolvido pelo time da startup.
Como funciona. Lançada há um ano e meio nos Estados Unidos, a Olivia é um app que pretende se tornar parte do planejamento financeiro das pessoas. Para isso, pede “licença” para ter acesso aos dados de conta bancária e cartão de crédito do usuário. Assim, consegue entender um padrão de ganhos e gastos.
Na sequência, por meio de um chat (que pode até incluir GIFs e piadinhas), a ferramenta faz perguntas e dá sugestões, informando o usuário sobre sua situação financeira e incentivando-o a economizar pelo menos uma pequena fatia de sua renda – dando dicas sobre as compras do mês, as refeições fora de casa e até em tarifas bancárias.
Nos EUA, a ferramenta já é capaz de fazer pesquisas de preços em supermercados nas regiões próximas ao usuário e propor a ele um novo padrão. “Com base na lista de compras, ela consegue dizer se a pessoa deve ir a outro estabelecimento ou mudar o dia de ir ao mercado para aproveitar melhor as ofertas”, explica Oliveira.
Com o tempo, a ideia da empresa é que o usuário consiga economizar cada vez mais dinheiro. Nos EUA, um usuário médio poupa 0,8% da renda familiar por mês, quando começa a usar o serviço. Segundo a empresa, em 60 dias após o início do uso do app, esse percentual salta para 5,7%. Com o excedente, a empresa espera direcionar seus usuários para a XP. Se o usuário tiver conta em outra corretora, a assistente vai dosar seus conselhos. "Queremos trazer o melhor para o usuário. Vamos avaliar o que ele tem e sugerir os produtos da XP, que acreditamos ser a melhor corretora do mercado", explicou Moraes, ao Estado.
Para faturar, a empresa aposta em parcerias: à medida que a Olivia fechar acordos – que podem ser feitas com redes de varejo de diversos tipos, restaurantes e até mesmo bancos, que poderão ofertar empréstimos e investimentos pelo app –, a ferramenta começa a se dirigir rumo à “monetização”. Ou seja: deixará de ser uma solução curiosa para se tornar um negócio rentável. Nos EUA, os primeiros acordos já estão em andamento.
Moraes e Oliveira explicam que a intenção é não fazer a cobrança diretamente do usuário. A estratégia envolve oferecer a ele uma vantagem – como um desconto de 10% para uma determinada rede de fast-food, por exemplo. Nesse momento, a Olivia vai propor ao cliente que divida com ela a vantagem, dando-lhe uma “comissão” de 25%. Se conseguir um desconto de 10% – ou R$ 10 – numa conta de R$ 100, por exemplo, o usuário vai repassar R$ 2,50 para o app.
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