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Inovação e Tecnologia

Como uma cidade nos EUA usou inteligência artificial para tentar prevenir crimes

Pixabay

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Lembra do filme Minority Report? E se em vez de agir diante de crimes a polícia pudesse simplesmente evitar que eles acontecessem, como no filme?

Isso já está acontecendo em New Orleans, nos EUA.

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O site The Verge descobriu que, em 2012, o ex-prefeito da cidade, Mitch Landrieu, assinou um contrato sigiloso com a startup Palantir para usar inteligência artificial no combate ao crime.

A Palantir Technologies é uma empresa de mineração de dados que tem parceria com o Pentágono e serviços de inteligência nos EUA.

A empresa ofereceu ao governo de New Orleans acesso gratuito a um sistema que usa inteligência artificial para identificar padrões de criminalidade e prever novos crimes. Como não houve cobrança pelo serviço, o prefeito firmou o acordo sem prestar contas para a Câmara ou para a população.

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Dados na prevenção de crimes A prefeitura de New Orleans alimentou o software da Palantir com todo o arquivo do departamento de polícia da cidade. Esses dados foram cruzados com informações públicas das redes sociais e mapas da cidade.

A empresa identificou que era possível descobrir a conexão de certos indivíduos com gangues locais e as chances de certas pessoas cometerem crimes ou tornarem-se vítimas. A tecnologia também é capaz de identificar os possíveis autores de um crime a partir de informações parciais obtidas pela polícia, como metade do número da placa de um carro em fuga.

O número de assassinatos em New Orleans caiu 25% nos três anos seguintes, o que poderia ser um indicador da eficácia do sistema. Não está claro, porém, como o software da Palantir influenciou esses resultados.

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Privacidade e dados A divulgação dessa parceria secreta entre a prefeitura de New Orleans e a Palantir gerou preocupação nos moradores da cidade.

Uma das críticas é que o sistema usado pela polícia cruzava dados de crimes com outras informações disponíveis na internet, como os dados de redes sociais. Em nenhum momento os moradores foram informados que seus dados seriam rastreados e utilizados com esse objetivo.

Outra preocupação é o que acontece quando o sistema identifica um potencial criminoso com base nesses dados. O risco de abusos e erros é enorme.

Outras cidades nos EUA já testaram soluções parecidas. Em Chicago, onde eu moro, a polícia usou um programa semelhante para vasculhar dados e criar uma lista classificando os moradores da cidade de acordo com as chances de envolvimento em um tiroteio.

A solução não funcionou como forma de melhorar a criminalidade. Pelo contrário, teria apenas criado uma nova forma da polícia enquadrar algumas pessoas de um determinado perfil como criminosas - sem evidências concretas de que isso era verdade.

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Uma das principais críticas ao programa de Chicago é que, em vez de serem usadas para enquadrar pessoas, essas tecnologias podem ter mais impacto se forem utilizadas para criar programas sociais que atinjam pessoas e vizinhanças de risco. Afinal, muitos dos que apareciam na lista da polícia eram considerados potenciais criminosos apenas por morarem em uma vizinhança violenta.

A Prefeitura de New Orleans, por exemplo, colocou em programas especiais alguns presos que foram identificados pelo sistema como possíveis futuros reincidentes no crime. Ainda assim, não há evidências de que qualquer resultado tenha sido gerado a partir da adoção do sistema da Palantir.

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