O novo desafio proposto pelo Media Lab, laboratório interdisciplinar do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), é simples: quebre as regras ou chacoalhe o status quo e você pode ganhar US$ 250 mil em dinheiro, sem nenhum tipo de exigência adicional. Não é piada. Trata-se do prêmio para desobedientes, que está com inscrições abertas nos Estados Unidos.
“Existem pessoas fazendo coisas realmente importantes, quebrando regras ou se mantendo fiéis a seus princípios e conhecimento”, disse o diretor do Media Lab, Joi Ito. “E essas pessoas em geral acabam sendo criticadas ou punidas por isso de alguma forma.” Segundo Ito, o “prêmio para os desobedientes” pode ajudar a encontrar pessoas brilhantes, mas que não estão ganhando a atenção que merecem. “Nós esperamos que apareça alguém que nos dê coragem, como fez Malala”, diz Ito, se referindo à Malala Yousafzai, que se tornou uma das pessoas mais jovens a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2014.
O laboratório criou o prêmio depois de perceber que só existem duas formas de progredir nas grandes instituições, públicas ou privadas. “O progresso acontece quando as pessoas seguem as regras e trabalham de acordo com os processos ou quando uma pessoa muda radicalmente os processos, porque eles não funcionam mais”, diz o diretor do Centro de Mídia Cívica do MIT, Ethan Zuckerman.
Segundo o professor, existem vários exemplos de “desobediência responsável” nas últimas décadas, que levaram a mudanças importantes. Entre eles, na opinião de Zuckerman, estão a resistência da Apple em desbloquear iPhones a pedido do governo dos Estados Unidos e a resistência de funcionários do departamento de energia em responder um questionário que perguntava quem já havia participado de conferências sobre mudanças climáticas.
Para ele, o prêmio permite que as pessoas se perguntem que tipo de desobediência elas querem ver no mundo e quais delas devem receber algum tipo de recompensa.
Inscrições. Os interessados em participar do prêmio para desobedientes do MIT devem seguir algumas diretrizes impostas pela organização, que incluem ser criativo e corajoso, além de encarar a responsabilidade por seus atos.
Uma questão que surgiu após o lançamento do prêmio é se ele estaria encorajando as pessoas a, por exemplo, descumprir leis e promover atos de desobediência civil. Na opinião de Ito, leis injustas devem, sim, ser questionadas pelas pessoas. “Se você as desafia sem quebrá-las, é ainda melhor”, diz o diretor do Media Lab. “As leis evoluem ao longo do tempo e são feitas para serem desafiadas, pois se não há questionamentos, elas não melhoram.”
Os planos para a realização do prêmio foram anunciados no ano passado, mas o processo de seleção só foi revelado nas últimas semanas. O valor do prêmio, que será oferecido em dinheiro, será financiado por Reid Hoffman, cofundador e presidente do conselho da rede social profissional LinkedIn.
É possível fazer a inscrição de forma independente ou em grupo. As inscrições serão avaliadas por ativistas, cientistas, designers e engenheiros. O prazo para submeter a inscrição, que se iniciou nesta semana, termina em 1º de maio. O vencedor será anunciado em 21 de julho.
“Eu gostaria que alguém fosse habilitado por esse prêmio”, disse Jamila Raqib, diretora executiva da Instituição Albert Einstein. “Essa é uma plataforma que pode ajudar a prover diferentes tipos de estrutura, segurança, conhecimento e recursos para um indivíduo que, provavelmente, deve estar vivendo sob circunstâncias difíceis.” /TRADUÇÃO DE CLAUDIA TOZETTO
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