"Há três anos, vocês nos roubam, colocando dezenas de milhares de nossos vídeos no YouTube." Assim começa um dos mais quentes vídeos virais da atualidade. Ele é estrelado pelo time de comediantes britânicos Monty Python, e explica porque eles decidiriam parar de tentar remover clipes ilegais no site. Eles aderiram a um sistema de reconhecimento de vídeos do próprio portal, que identifica os donos do conteúdo original e permite que eles escolham por remover o material ou adicionar propaganda a eles. Os comediantes decidiram pela segunda opção. Enquanto a um ano atrás a indústria poderia pensar que esse é uma das encenações absurdas do grupo, o sistema de identificação está se tornando cada vez mais popular. Mais de 300 companhias o assinaram desde seu lançamento, incluindo empresas como a Sony, AFP, Electronic Arts e CBS. A maioria dos detentores de dinheiros, 90% deles, estão optando por colocar anúncios ao redor do conteúdo no site. O princípio é simples. Quando um detentor de direitos assina o programa, ele dá ao site um banco de dados com todo o material do qual é dono. O conteúdo é escaneado e marcado com um código digital, que é comparado com o conteúdo colocado por usuários do YouTube. Música, filmes e shows de TV copiados ilegalmente ainda são um grande problema para empresas que tentam adaptar seus negócios – e o sistema de direitos autorais – para a era digital. É por isso que, quando o Google comprou o YouTube, analistas questionaram como seria possível fazer dinheiro com a enorme (e anárquica) comunidade de vídeos. Desde que os comediantes lançaram o canal no site, as vendas dos DVDs do grupo cresceram mais de mil por cento. E isso apenas na Amazon. Os fãs devem estar ouvindo a mensagem do Monty Python: "Queremos que vocês acessem os links e comprem nossos filmes. Apenas isso vai amenizar a dor e desgosto de termos sido roubados por todos esses anos."
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