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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião | Microsoft volta a ser a nova rainha do capitalismo com empurrão da IA

Satya Nadella, CEO da Microsoft, conseguiu mudar a trajetória da gigante

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Foto do author Pedro Doria

Ao longo dos últimos dias, confirmou-se algo que já era esperado desde setembro. O valor de mercado da Microsoft, cujas ações são negociadas na Bolsa de Nova York, ultrapassou o da Apple. A empresa fundada por Bill Gates e Paul Allen num já distante 1975 se tornou a maior companhia do mundo. O movimento diz menos sobre um fracasso da Apple e bastante mais sobre o que está mudando no mundo. A inteligência artificial (IA) já é o negócio mais importante que há.

Esta não é uma rivalidade nova. Microsoft e Apple são as duas grandes empresas que nasceram da segunda geração do Vale do Silício. Uma saiu na frente fabricando as máquinas. A outra inventou o mercado do software — aquilo que fazia das máquinas, úteis. Nos anos 1980 e 1990, brigaram de frente, definindo o que computadores seriam. Mas quando o Windows deu à Microsoft tanto poder que ela se tornou monopolista e a terceira geração do Vale vinha com força desbravando a internet, a empresa foi obrigada a enfrentar um processo de antitruste por abuso de seu poder.

Microsoft destronou a Apple no topo da tecnologia  Foto: Dado Ruvic/Reuters

Ambas viveram momentos de decadência. A Apple se perdeu na primeira metade dos anos 1990, com uma série de CEOs sem qualquer visão clara de para onde ir. Isto mudou quando Steve Jobs retornou ao comando e deu a linha que levaria aos iMacs, daí o iPod e o iPhone, que definiu como o celular se encontrava com a rede mundial de computadores. Foi ter criado o iPhone que permitiu à Apple tornar-se a primeira empresa de tecnologia no topo da NYSE, em 2011. Depois a primeira empresa americana a valer mais de US$ 1 trilhão, em 2018. Aí a primeira companhia da história do capitalismo a ultrapassar os US$ 2 trilhões, em 2020. No ano passado, chegou por um tempo a valer mais de US$ 3 tri.

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A decadência da Microsoft chegou com o novo século. Ter vencido o governo americano na Justiça foi uma vitória de Pirro. Parecia uma empresa velha, enquanto jovens companhias como Google e Amazon sugeriam o futuro da tecnologia.

Quando Satya Nadella assumiu o posto de CEO, em 2014, mudou tudo. Deixou o Windows de lado para botar o Azure, seu serviço de nuvem, no centro dos negócios. O conjunto de aplicativos do Office foi também para a rede. Dava para acessar de qualquer computador no mundo seus arquivos. A decisão reorientou a companhia, voltou a torna-la lucrativa e teve crescimento. O Azure é a segundo do mundo em nuvem, atrás apenas da Amazon. É possível que se torne o primeiro ainda este ano.

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Mas a decisão de investir pesado na OpenAI, uma startup de IA que ainda não havia sacado do bolso seu ChatGPT, foi o grande momento de brilho de Nadella. Com o nome CoPilot, os recursos de IA vão se espalhando por todos os produtos com a marca Microsoft. A Apple não está em decadência, longe disso. Mas Satya Nadella acertou com frequência, acertou quase sempre, e virou um transatlântico como pouca gente no mundo consegue fazer.

Opinião por Pedro Doria
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