Os discursos que os senadores Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Rogério Marinho (PL-RN) fizeram antes da votação para a presidência da Casa revelam sobre como os parlamentares se dividem quando o assunto é desinformação no digital.
Marinho, que teve como principal cabo eleitoral o ex-presidente Jair Bolsonaro, vinha falando faz algum tempo de que o Supremo pratica “censura prévia” contra parlamentares. “Não há parlamento livre e representativo quando há desequilíbrio entre os Poderes”, ele afirmou. “A omissão diminui o parlamento e ameaça a democracia e o Estado de Direito.” Fez da briga com o STF seu principal mote.
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Pacheco foi no sentido contrário. “Precisamos ser exemplos de convivência pacífica entre ideias divergentes”, afirmou. “Devemos mostrar aos brasileiros que discordar não significa odiar.” Aí, no discurso de campanha, foi mais específico. “Quem se senta naquela cadeira não pode se render à demagogia e ao populismo, não pode se escravizar pela informação de redes sociais.”
Quem tomasse o termômetro pelas redes sociais teria clara impressão de que Pacheco perderia. Foi atacado, espalharam mentiras, o nome de Marinho aparecia a toda hora e, o de Pacheco, só negativamente. Mais uma evidência de como a extrema direita domina o espaço digital. Mas Pacheco não perdeu. A diferença, importante, é que o eleitorado não é um vasto público de 170 milhões de pessoas. Era um conjunto de 81 políticos profissionais.
O fato de que o tema das redes sociais estava entre os destaques dos discursos dá mostra de como o assunto é importante para os parlamentares. Um buscava votos dos que já tiveram postagens suspensas pela Justiça. O outro apelava para aqueles cansados dos frequentes ataques virtuais.
Este é o ponto fraco da tática de embate virtual da extrema direita. O método do constante ataque, da violência verbal, distorções e mentiras é um de guerra total. Seus praticantes, como bolsonaristas ou o MBL, se isolam politicamente. Quando precisam do apoio, não encontram solidariedade entre os companheiros de Parlamento. Todo parlamentar que não faz parte do grupo já experimentou, em algum momento, sua virulência. É uma experiência que marca.
Não é só o choque de visões a respeito das redes que definiu a vitória de Pacheco. O Planalto, não importa o governante, tem sempre instrumentos de sedução parlamentar. Mas estas visões sobre as redes estiveram na pauta da eleição e o lado bolsonarista perdeu. Isso indica que o Senado tentará limitar o abuso que destrói o debate público no Brasil.
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