O primeiro voo tripulado da espaçonave Starliner da Boeing foi adiado duas horas antes da decolagem devido a um problema de segurança relacionado a válvula do foguete, informaram as autoridades na noite desta segunda-feira, 6.
Os dois pilotos de teste da NASA tinham acabado de entrar na cápsula Starliner da Boeing para um voo para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) quando a contagem regressiva foi interrompida, apenas duas horas antes da decolagem planejada.
O fabricante do ônibus espacial, o grupo United Launch Alliance (ULA), anunciou que havia detectado uma anomalia em uma válvula do foguete Atlas V, que deveria impulsionar a cápsula Starliner em órbita. Tory Bruno, CEO da empresa, disse que uma válvula de alívio de pressão de oxigênio no estágio superior do foguete Atlas da empresa começou a abrir e fechar, criando um zumbido alto.
A válvula pode ter ultrapassado seus 200 mil ciclos de vida útil, disse Bruno, o que significa que teria de ser substituída, adiando o lançamento para a próxima semana.
Teoricamente, a decolagem poderia ser tentada novamente na terça-feira, 7, sexta-feira, 10, sábado, 11, ou no meio da próxima semana, mas isso dependerá da análise dos técnicos da ULA, uma joint venture entre a Boeing e a Lockheed Martin. Se a válvula precisar ser substituída, a operação levará “vários dias”, disse Tory Bruno, chefe da ULA, em uma coletiva de imprensa. Sua equipe trabalhará “a noite toda” e deverá apresentar sua análise na terça-feira, disse ele.
Esse foi o mais recente atraso do primeiro voo da tripulação da Boeing, suspenso há anos devido a problemas com a cápsula.
Bruno disse que problemas semelhantes nas válvulas ocorreram em anos anteriores em alguns outros foguetes Atlas que lançavam satélites. O problema foi rapidamente resolvido desligando-se e ligando-se novamente as válvulas problemáticas. Mas a empresa tem regras de voo mais rígidas para voos de astronautas, proibindo a reciclagem de válvulas quando uma tripulação está a bordo.
“Por isso, seguimos as regras e os procedimentos e, como resultado, fizemos a suspensão ”, disse Bruno em uma coletiva de imprensa.
Steve Stich, gerente do programa de tripulação comercial da NASA, reconheceu que foi uma decisão difícil. “Estamos dando um passo de cada vez e faremos o lançamento quando estivermos prontos e voaremos quando for seguro fazê-lo”, disse aos repórteres.
Poucos minutos após a interrupção da contagem regressiva, o novo astrovan da Boeing estava de volta à plataforma de lançamento para recuperar Butch Wilmore e Suni Williams de sua plataforma na Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral.
A Boeing tem muito em jogo no programa de desenvolvimento do Starliner, que se tornou uma saga marcada por surpresas desagradáveis, atrasos e contratempos. Se for aprovada nessa última missão de teste, ela entrará para o clube exclusivo de fabricantes de naves espaciais capazes de transportar seres humanos.
O primeiro voo de teste da Starliner sem tripulação em 2019 não conseguiu chegar à estação espacial e a Boeing teve que repetir o voo. Em seguida, a empresa enfrentou problemas com o paraquedas e fita adesiva inflamável.
A gigante aeroespacial deve demonstrar a segurança de seu veículo antes de lançar missões regulares à Estação Espacial Internacional.
Dana Weigel, responsável pelo programa espacial da ISS, disse que esse é um desafio “muito importante” para a NASA, pois significa ter um segundo veículo, além do veículo da SpaceX, para transportar os astronautas dos EUA.
O sucesso dessa missão também seria mais do que bem-vindo para a Boeing, que está enfrentando problemas de segurança com suas aeronaves.
A NASA contratou a Boeing e a SpaceX há uma década para transportar os astronautas de e para a estação espacial após o fim do programa de ônibus espaciais, pagando bilhões de dólares às empresas privadas. A SpaceX está no negócio de táxi orbital desde 2020./AP e AFP
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