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Quem joga, sabe

'Minecraft é inspiração para indies de todo o mundo'

Entrevista com o autor do livro 'Minecraft: The unlikely tale of Markus Notch Persson and the game that changed everything' sobre o jogo e seu criador

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Por Murilo Roncolato

 

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Minecraft é um dos casos mais interessantes da mundo dos games. Dois jornalistas suecos estavam próximos demais do estúdio que abrigava o jogo e seu criador para resistir em desbravar tal história. Linus Larsson e Daniel Goldberg são os autores do livro que investiga o passado e presente de Markus 'Notch' Persson em busca de pistas que explicassem o sucesso do game que motivou uma aquisição de US$ 2,5 bilhões na última semana.

Minecraft: The unlikely tale of Markus 'Notch' Persson and the game that changed everything (ou "A improvável história de Markus 'Notch' Persson e o jogo que mudou tudo", inédito no Brasil) lançado em outubro era prometido para o Brasil, mas a editora incumbida da missão, a Tambor Digital, acabou abandonando o projeto e, por enquanto, não há versão em português.

Em entrevista ao Link, Daniel Goldberg divide suas opiniões sobre Notch e o universo à parte criado pelo programador.

Por que um livro sobre Notch e Minecraft?

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Minecraft une um monte de coisas interessantes que acontecem na indústria de games hoje. Especificamente o avanço da cena indie e o fato de que estruturas de distribuição de produtoras poderosas estão gradualmente se enfraquecendo tendo em vista a distribuição digital e as mídias sociais. Além disso, a própria história do Markus e de como Minecraft foi feito são leituras fascinantes por si só.

 

O título do livro diz que o Minecraft é o jogo que 'mudou tudo'. Qual é a grande mudança trazida por ele à indústria de games?

O Minecraft foi criado por uma única pessoa, e ainda assim teve milhões e milhões de cópias vendidas (atualmente são mais de 54 milhões, para todas as plataformas). Esse fato simples mudou a cena de games indie para sempre ao provar que é possível fazer jogos de muito sucesso sem ter uma grande produtora por trás.

Por isso você menciona o Notch como inspiração?

Claro. Minecraft é a maior fonte de inspiração para desenvolvedores indies de todo o mundo. O mesmo pode ser dito sobre pessoas criativas de qualquer campo. Ao longo da história que contamos no livro, fica óbvio como Markus escolheu seu próprio caminho com o Minecraft, até mesmo em momentos quando ninguém acreditava nas suas ideias. Acho que, por exemplo, a decisão dele de abandonar um emprego regular como desenvolvedor de jogos para se focar no desenvolvimento do seu próprio, o Minecraft, foi um ponto chave. Ele escolheu a liberdade de ir atrás de suas ideias em vez de ter dias confortáveis como desenvolvedor de jogos.

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A história da infância e tudo o que Notch enfrentou na sua infância - pai passou a usar drogas, a irmã mais nova seguiu o mesmo caminho, ambos saíram de casa deixando Markus e sua mãe; tempos depois, o pai se suicidou - são importantes para entender a trajetória de Notch até a criação do Minecraft?

 

Conhecer Notch e a sua história se faz necessário para que se possa entender o fenômeno Minecraft. Ficamos surpresos em nossas pesquisas para o livro de quantas coisas presentes no jogo foram influenciadas por outras que pescamos de sua infância. A mais óbvia é o Lego. Quase todo mundo que conhecia Markus quando ele era novo aponta o Lego como seu brinquedo favorito.

Com tudo o que aprendeu sobre Notch e Minecraft, você conseguiu chegar a alguma conclusão sobre como um jogo tão simples tecnicamente pode ter feito um sucesso tão maior que outras grandes produções?

Há muitos fatores que contribuem para o sucesso de Minecraft. Eu apontaria especificamente o fato de que ele encoraja muito a criatividade entre seus usuários. De várias maneiras, ele tem muito mais em comum com redes sociais do que com jogos "normais".

Quando foi lançado, quebrou tantas convenções sobre como um jogo deveria ser. Sobre isso, acho que o fato de Markus ter elaborado o jogo sozinho é muito importante. É muito difícil imaginar uma produtora de grandes games sustentando que se tente uma ideia tão estranha e única como essa. Sobre a questão de gráficos, acho que ele só prova que gráficos impressionantes nunca são mais importantes que uma boa jogabilidade.

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