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BAÚ: As férias do Sr. Orkut no Brasil

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Por Redação
Atualização:

Era abril de 2007. O Facebook, hoje maior rede social do mundo, com 500 milhões de usuários, era apenas um site que prometia, mas cujo tamanho nem se comparava ao bambambã da época, o MySpace. No Brasil, o Orkut era febre total. Não havia coisa mais fora de moda do que estar na internet e não estar no Orkut. Só que esse comportamento só existia no nosso país - e, naquela época, na Índia.

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Foi então que, naquele mês, desembarcou no Brasil um engenheiro turco chamado Orkut Buyukkokten. Sim, o Orkut em pessoa. O criador da rede social veio ao País para conversar com usuários e tentar descobrir as razões do sucesso da rede social por aqui. O Google ainda acreditava que o serviço poderia dominar o mundo. Três anos depois, vimos que não aconteceu.

Mas naqueles 17 dias em que o Sr. Orkut ficou no Brasil, internet e imprensa todas falaram dele. Estampou páginas de jornais, capas de revistas, sites de notícias. E, o mais engraçado, badalou muito: foi à churrascaria, ao sambão, à praia... Fiz uma entrevista com ele na época, na qual ele me contou como criou a rede social, quais eram os planos. Republico a seguir a reportagem, a qual saiu no Link em 09/04/2007, para inaugurar a seção 'Baú' deste blog.

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Ele afirma que veio ao País a trabalho. Mas que está "quase em férias", ah, isso está. Criador do site de relacionamentos mais famoso no Brasil, o Orkut, o programador turco do Google Orkut Buyukkokten aterrissou por aqui há duas semanas. E, desde então, divide seu tempo entre a labuta (palestras com ingressos de até R$ 740 e encontros com usuários da rede social) e muita, mas muita, badalação.

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Antes mesmo de completar seus 17 dias de viagem, com passagens por Rio, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte, ele já voou de asa-delta, visitou o Cristo Redentor e o Estádio do Maracanã, curtiu o sol em Angra dos Reis e Salvador, provou churrasco e (ufa!) caiu no sambão numa gafieira. Tudo está em seu álbum de fotos.

E o trabalho sr. Orkut? "Faço de segunda a sexta. No fim de semana, me divirto", disse em entrevista exclusiva ao Link. "Também estou curtindo as noites, vou sempre a boates."

Tirando a curtição, o programador diz que, além de fazer palestras em universidades e eventos, veio ao Brasil para desvendar um mistério: porquê o Orkut faz tanto sucesso por aqui? Por isso, está se reunindo com usuários do site no Rio, São Paulo e Belo Horizonte.

Para um melhor contato, ele até aprendeu expressões em português. "Sei falar 'obrigado', 'continuam bonitos', 'você é linda' e 'você é lindo'", diz, com sotaque. "Nas conversas, já percebi algumas coisas. O sucesso do site tem a ver com a cultura. Vocês são muito amigáveis, gostam de se comunicar via web."

Esta é a primeira visita de Buyukkokten. E, se não fosse o sucesso no Brasil - são mais de 28 milhões de perfis que se dizem brasileiros -, talvez ele nem viesse para essas bandas.

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Tudo começou na Universidade de Standford, EUA, onde ele se tornou doutor em Ciências de Computação, em 2001. Buyukkokten é ligado em programação desde os 11 anos, quando ganhou o primeiro PC. Nascido na Turquia, morou na Alemanha e, após se graduar na faculdade, mudou-se para os EUA.

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E foi em Standford que as primeiras ideias de comunidades brotaram. "Amo pessoas e PCs", diz. "E vi que era difícil conhecer gente no campus. Queria facilitar a interação entre alunos de classes distintas. E fiz duas comunidades virtuais lá."

Quando terminou o PHD, o programador ingressou na multinacional Google e passou a desenvolver, nas horas vagas, o esqueleto do Orkut - os funcionários possuem 20% de seu tempo livre para projetos pessoais.

Pouco antes de estrear - em fevereiro de 2004 - o site não tinha nem nome. "Aí um colega me sugeriu 'Orkut.' Achei bacana. Eu já tinha o endereço 'Orkut.com' registrado." E não demorou para os brasileiros dominarem a página. Em junho, o Brasil já tinha mais usuários do que outros países. "E só aumentou. Mais e mais pessoas entraram para consolidar a liderança."

Mas Buyukkokten não quer ser só conhecido no Brasil. Para o futuro, ele tem dois objetivos: aumentar a participação de outros países e adicionar novas ferramentas. No último caso, uma das apostas é ampliar a compatibilidade com dispositivos móveis. "O futuro é a mobilidade. Hoje, já dá para ver e mandar recados do site via celular."

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Quanto à conquista mundial, ele faz "média", diz que, embora a porcentagem de perfis brasileiros esteja caindo - já foi mais de 70%; hoje é 56% - o número de usuários daqui ainda cresce. "O site ficou popular em países como a Índia", diz. "E eu ainda quero que todos os internautas do mundo usem o Orkut", ri.

Mas isso é outro assunto, no qual ele só vai pensar quando estiver longe do churrasco e do samba.

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