Nayara Fraga
SÃO PAULO – Já presente nos smartphones, computadores e TVs de milhões de consumidores, a marca Samsung está cada vez mais voltando seus olhos para o mercado corporativo. As vendas da divisão encarregada de comercializar o portfólio de produtos da companhia para empresas responderam por 10% do faturamento em 2013 – fatia que a companhia pretende ampliar para 23% em 2020 (o equivalente a US$ 100 bilhões). Para chegar lá, a Samsung está se cercando de uma rede de parceiros.
Mundialmente, um dos mais relevantes é a IBM, que desenvolve aplicações de mobilidade para aparelhos Samsung. No Brasil, a companhia sul-coreana fechou na semana passada um acordo com a Bematech, marca mais conhecida pelo consumidor pelas mini-impressoras que emitem o cupom fiscal em estabelecimentos como supermercados e restaurantes. A parceria prevê a venda conjunta do portfólio de produtos das empresas e o desenvolvimento de novas soluções nos centros de pesquisa das companhias.
Isso significa que a Samsung ganhará acesso a empresários de todos os cantos do País – da padaria da esquina ao hotel de luxo. A Bematech tem 5 mil revendas e dois grandes distribuidores no Brasil. “Com essa capilaridade, vamos agora conseguir alcançar todo o varejo”, diz o gerente de marketing estratégico da Samsung para a América Latina, Claudio Gorri. Na prática, o dispositivo móvel da Samsung vendido a um restaurante virá embarcado com um software da Bematech que ajuda no controle do estoque dos alimentos, por exemplo.
No varejo, a empresa já havia vendido, sem a intermediação de terceiros, 3 mil impressoras para a Magazine Luiza. Mas a venda direta representa apenas 5% da receita de seu segmento corporativo no Brasil. A venda feita por distribuidores responde pela maior parte do faturamento. Entre os parceiros locais está a alemã Bilfinger Mauell, que monta salas de comando e controle de municípios com telas Samsung.
MobilidadeAlém de aproveitar os canais de venda da Bematech, Samsung vai criar, ao lado da brasileira, novas soluções para o varejo. Segundo Cleber Morais, presidente da Bematech, um dos projetos em estudo diz respeito à mobilidade em hotéis. “O smartphone do hóspede pode funcionar como a identidade dele.”
Aí estaria uma possibilidade de usar a tecnologia NFC (Comunicação por Campo de Curta Distância) para facilitar a vida do hóspede – que nesse caso poderia pagar uma conta apenas encostando o celular numa máquina; ou acessar alguma área do hotel apenas com o smartphone em mãos.
Para o hotel, é a chance de entender melhor o comportamento dos consumidores e usar as informações coletadas para, numa próxima visita, atender melhor o cliente. Bruno Tasco, analista de mercado da Frost&Sullivan, diz que NFC ainda não é visto como uma realidade no Brasil. “Mas a gente começa a ver algumas aplicações que podem fazer sentido, como essa (em ambientes fechados)”, diz.
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