A norte-americana SAP, provedora de soluções de software de gestão empresarial com faturamento global anual de US$ 5,4 bilhões, quer ampliar sua participação de mercado de Tecnologia de Informação, avançando sobre o segmento de comércio eletrônico para negócios de médio porte. Estão nessa categoria empresas cujo faturamento anual fica entre R$ 100 milhões e R$ 300 milhões e que sejam parceiras comerciais ou fornecedoras das grandes companhias que já adotaram a solução de ERP (sistema de gestão integrada) da SAP. No Brasil, onde a SAP faturou R$ 276,6 milhões no ano passado, a empresa vai disputar mercado com a Datasul e a Microsiga, que faturaram juntas cerca de R$ 170 milhões em 99. De olho nesse filão, elas anunciaram, quinta-feira, uma parceria apresentada como a ?maior comunidade de negócios de Internet em toda a América Latina?, a Internet Alliance (IA). Também fazem parte da IA a empresa proprietária do portal corporativo Makira e a desenvolvedora de soluções para a integração de processos de negócios Neogrid. ?A escolha do mercado se dará em função de quem vai oferecer o maior retorno sobre o investimento?, disse o presidente da SAP, José Ruy Antunes, durante a Sapphire 2000, conferência que reuniu cerca de 11,5 mil pessoas, entre parceiros e clientes da empresa em Las Vegas. De acordo com estudos do Gartner Group, a sobrevivência dos fornecedores de ERP (sistemas de gestão integrada) nos próximos cinco anos estará ligada à capacidade de seus sistemas de sustentarem operações de e-business. Ao mesmo tempo, no comércio eletrônico, discute-se como se dará a organização de marketplaces, isto é, a reunião virtual dos envolvidos em todas as etapas da cadeia produtiva. Para justificar sua aposta no modelo proposto pela SAP, o executivo faz um paralelo do conceito de marketplace com o lançamento de um shopping, cujos lojistas questionam a relação custo/benefício de aportar seu negócio em um local que tenha boas âncoras. ?A SAP trabalha com as maiores empresas do mercado e a tendência é de que isso tenha um peso importante na escolha do ambiente de marketplace dos pequenos e médios?, disse Antunes. No âmbito da Internet Alliance, o presidente da Datasul, Miguel Abuhab, fez uma avaliação bastante otimista da parceria com a Microsiga. ?As duas companhias passam a oferecer para sua base de clientes, cerca de 6,5 mil, a oportunidade de acessar e de se integrar ao mundo digital de forma sólida e padronizada?, afirma. Ele espera que juntas, a Datasul, que se tornou acionista da Makira do Brasil e a Microsiga, sócia da Neogrid, levarão para a Internet a mesma liderança que tem nos mercados de pequeno e médio porte em sistemas ERP. Parceria e competição Na tentativa de ganhar espaço no mercado de softwares de gestão para as médias empresas, está havendo uma verdadeira briga de foice. ?A aliança concentra-se somente nas iniciativas de Internet?, destacou o presidente da Microsiga, Laércio Cosentino. ?Continuamos e continuaremos concorrentes no mercado de sistemas de gestão empresarial?, afirma. A Datasul e Microsiga avaliam ter juntas 51,8% e 42,2% de participação nos mercados de ERP de pequeno e médio porte, respectivamente. No mundo da informática é comum que empresas concorrentes sejam parceiras em alguns setores. Mas a taxa de insucesso de associações nesse mercado pode estar evidenciando a dificuldade na conciliação de interesses. É o caso da Baan, uma das principais concorrentes da SAP, que apostou na criação de uma ?joint-venture? com uma companhia local para atender as empresas de médio porte. Em 98, a Baan uniu-se à Microsiga criando a Midsiga, mas a parceria foi desfeita em maio do ano passado, depois de investimentos de US$ 2 milhões. A Baan, vendida no início de junho para a companhia inglesa Invensys, foi acusada de não cumprir o contrato da sociedade da Midsiga. Oficialmente, o fim da parceria foi justificado pelas mudanças de estratégias das duas empresas no mercado brasileiro. De acordo com especialistas, a Baan, atingida por uma crise, freou seus investimentos no Brasil ao constatar um desempenho aquém do esperado. Há três meses a Datasul e a Siebel, mais voltada para empresas de grande porte, tentam firmar uma parceria. As negociações emperraram quando a Siebel anunciou uma associação com a J.D.Edwards. O presidente da Datasul, Miguel Abuhab, disse em entrevista ao IDG Now que o contrato ainda não foi assinado porque a produtora de software não quer disputar o mercado com a nova parceira da Siebel.
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