R/GA convida clientes a pensarem ‘dentro da caixa’

Cube, nova metodologia que procura entregar resultados expressos para desafios específicos, já atendeu a marcas como Sephora, Nike e O Boticário

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Por Igor Ribeiro
Atualização:

Enquanto se desconecta da fusão de IPG com Omnicom, a R/GA traz consigo alguns “problemas bons” para sua próxima fase. Se, por um lado, uma rede que manteve autonomia (mesmo sendo parte de um grupo) pode ser de difícil absorção em uma grande aquisição dentro do mercado de comunicação, a marca traz consigo ativos valiosos para negócios criativos. Ao portfólio de ferramentas já reconhecidas no mercado — como design, produto e tecnologia — a agência também agrega, agora, uma nova metodologia proprietária, um tipo de “idealização expressa” de soluções.

Sessão de trabalho do Cube: “A meta é criar um protótipo vivo, tangível, validado pelas lideranças e celebrado no final com um after”, diz Corchs Foto: Divulgação

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Chamado R/GA Cube, o método vem sendo desenvolvido há alguns anos, mas pela primeira vez é formatado e apresentado como um produto independente. “Foi criado para enfrentar e solucionar desafios de mercado com velocidade e assertividade”, explica Marcio Oliveira, vice-presidente sênior e diretor executivo da R/GA Brasil. “Em um mundo cada vez mais complexo, às vezes é necessário agir rapidamente e de maneira eficaz”, defende Karina Corchs, VP e head de estratégia da agência. “O Cube entra nesse contexto: quando o cliente não quer um contrato longo, mas precisa de uma solução inovadora para um problema difícil num prazo rápido”, complementa a executiva.

O ciclo começa por uma imersão pré-projeto, quando o desafio é discutido junto ao cliente para analisar problemas a fundo, considerando dados e ferramentas e alinhando as expectativas. “Essa fase é importante para quebrarmos os silos, chamando as pessoas certas, mas também garantindo um background diverso. Em suas empresas, as pessoas tendem a ficar um pouco compartimentadas, cada um com seus KPIs, e nas pré-reuniões, percebemos as agendas em comum”, relata Corchs. A partir disso, são definidos missão, metodologia, participantes, especialistas a serem convidados e cronologia de trabalho, que deve ocorrer necessariamente em cinco dias.

“A meta é criar um protótipo vivo, tangível, validado pelas lideranças e celebrado no final com um after”, diz a VP, ressaltando que o processo também fortalece os laços comunitários que muitas vezes se perdem no dia a dia dos negócios. “Aquela semana que muitas vezes começa um pouco estranha, como qualquer dinâmica que te coloca fora da zona de conforto, termina com uma solução e com uma noite para festejar o aprendizado coletivo”, conta Oliveira. O follow up com o cliente segue mesmo depois, verificando a implementação da entrega, seus resultados e eventuais ajustes.

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Marcio Oliveira e Karina Corchs, da R/GA: flexibilidade e agilidade para resolver problemas por meio das credenciais da própria marca Foto: Divulgação

Quatro dimensões

A R/GA começou em 2018 a pensar em um atendimento mais holístico para problemas não-tradicionais. Testou e desenvolveu o modelo ao longo do tempo e, depois de atender a algumas marcas dentro de uma jornada consistente e com missões de sucesso, resolveu formatá-lo como mais uma ferramenta além daquelas que uma agência criativa já possui.

Além disso, esse modo de trabalhar não exclui necessariamente a elaboração de algo próximo a uma campanha, se houver o entendimento que esta é uma entrega consistente com o objetivo final. Foi o caso do trabalho desenvolvido junto ao SporTV, por exemplo, que em apenas cinco dias resultou num vídeo-manifesto para exaltar o esporte feminino. Já para a SBF/ Nike Brasil, o processo entregou um aplicativo funcional e, para a Sephora, foi criada uma solução organizacional. Além destes, outros clientes como Banco Next e O Boticário já passaram pelo R/GA Cube.

Ferramentas alternativas ao que costuma ser oferecido por agências, estúdios e consultorias não são novidade. O mercado muda constantemente e a aceleração digital impõe novos desafios com mais rapidez do que as disciplinas previstas em comunicação, transformação digital, gestão de projetos e pesquisa e desenvolvimento são capazes de resolver. Nesse contexto, novas metodologias se desenvolvem e, consequentemente, empresas especializadas em sua implantação.

A metodologia depende da complexidade, do tempo e do nível de integração que a empresa já possui para desenvolver um objetivo que traga resultado Foto: Divulgação

Karina Corchs diz que o diferencial do Cube é sua estruturação específica, que eles chamam de dimensões 4x4: quatro desafios e quatro soluções. Este processo subentende as fases determinadas como imersão, quebra de silos, background diverso e follow up, entre outras. A R/GA acrescenta ao sprint metodológico suas capacidades, conectando no processo experts da equipe, conforme a necessidade — de redatores a makers, passando por designers, desenvolvedores e editores, entre outros. “Vem um pouco do conceito de transformation at speed: não propomos uma mudança total pois a marca continua sendo o que ela é, mas é um novo olhar para resolver problemas de forma mais focada”, explica a VP.

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Marcio Oliveira descarta, para o Cube, projetos como pivotar todo o posicionamento de uma marca ou demandas estritamente técnicas, como mudar toda a estratégia de um site. “O Cube cria conceitos, assets, guias e posicionamentos que serão desenvolvidos depois”, diz ele. “Complexidade, tempo e integração dentro da empresa: quando esses três pilares parecem possíveis segundo o desafio específico a ser enfrentado, então temos um projeto.” O SVP acrescenta que outro atrativo é a flexibilidade, já que muitas vezes um cliente não quer um contrato longo, mas precisa entender como as credenciais que já possui podem funcionar melhor na prática, numa aplicação rápida.

O pleno desenvolvimento da metodologia é o motivo central por trás de seu anúncio, reforça o executivo, e não necessariamente a grande negociação ora travada globalmente. “É público que IPG está vendendo a R/GA e esse acordo está bem encaminhado — o Cube é mais um produto dentro das soluções customizadas que temos”, explica Oliveira, sem entrar em detalhes. Ninguém discordará, porém, que uma aplicação atualizada costuma valer mais do que a versão anterior.

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