A atual secretária de Educação Básica, Ilona Becskehazy, cotada para assumir o Ministério da Educação (MEC) participou da elaboração do plano de governo do então candidato Ciro Gomes (PDT) à presidência em 2018. Seu nome surgiu com força neste domingo, 5, após o secretário do Paraná, Ricardo Feder, dizer nas redes sociais que "declinou" do convite feito pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela tem o apoio de integrantes do governo ligados a Olavo de Carvalho.
Ilona foi diretora da Fundaçao Lemann e comentarista da da rádio CBN, do Grupo Globo, onde já criticou em suas colunas pautas como o Escola sem Partido e elogiava a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A Base é criticada atualmente pelo governo Bolsonaro.
Segundo fontes que também estavam na equipe de Ciro, Ilona foi uma das mais influentes colaboradoras do programa de educação do candidato e participou de diversas reuniões. O plano previa, entre outras coisas, "incluir importantes debates que versem sobre diversidade sexual, gênero, igualdade, justiça social e liberdade, de modo a garantir a democratização e humanização das escolas".
Sua aproximação com a família Gomes se deu quando pesquisou o caso de sucesso na educação da cidade de Sobral, no Ceará. Os Gomes governam o município há anos. Em sua tese de doutorado, defendida na Universidade de São Paulo (USP) em 2018, Ilona faz agradecimento a Ivo Gomes, atual prefeito de Sobral.
Ilona era uma educadora conhecida na área e surpreendeu colegas ao passar a apoiar o governo Bolsonaro e atacar a imprensa nas redes sociais. Em maio deste ano, ela foi convidada por Abraham Weintraub ao cargo de secretária da Educação Básica no MEC e passou a ter embates no Congresso.
Na semana passada, um jornal ligado a Olavo de Carvalho a colocou como a melhor opção para o MEC. Apesar de ter trabalhado na Lemann, hoje, em seus twittes, ela já avisou que não concorda com a participação de ONGs no ministério.
A disputa para o cargo de ministro já passa de duas semanas, desde que Weintraub foi demitido. Carlos Alberto Decotelli chegou a ser nomeado, mas teve de pedir demissão depois de inconsistências em seu currículo. Renato Feder também chegou a ser convidado na sexta-feira, mas como o Estadão mostrou, Bolsonaro sofreu pressões de olavistas e militares para desistir do empresário.
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