Documentos norte-americanos confidenciais que foram divulgados criticando o Afeganistão e o Paquistão ajudaram a aproximar os dois países, disse o presidente afegão Hamid Karzai neste sábado. Ele rejeitou que o conteúdo das informações fossem mentiras. Karzai também sugeriu, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o premiê paquistanês Yusuf Raza Gilani, em visita ao Afeganistão, que agentes externos poderiam estar trabalhando para desestabilizar os vizinhos. "Seja qual for a intenção do WikiLeaks, eles ajudaram as relações entre o Paquistão e o Afeganistão, então nesse sentido, o Wikileaks foi bom para nós", disse Karzai, sem dar maiores detalhes sobre como as alegações nos documentos poderiam ter contribuído para essa aproximação. Recentemente, Karzai tem criticado publicamente as táticas do Ocidente no combate ao Taliban, e afirmou que os laços com Islamabad são sólidos. "Posso garantir a vocês que não existe déficit de confiança entre o Afeganistão e o Paquistão", disse ele a jornalistas. Relações entre as duas nações já foi afetadas por tensões, particularmente sobre ligações entre o serviço de inteligência paquistanês e o Taliban do Afeganistão, e o envolvimento de militantes da insurgência afegã no Paquistão. Karzai disse que os dois países podem estar lutando contra influências exteriores malignas, questionando por que as forças estrangeiras, lideradas pelos EUA e que ajudaram a derrubar o Taliban em 2001, agora estavam tendo dificuldades contra os insurgentes. "Temos observado que os ataques terroristas aumentaram no Afeganisto", disse ele. "Será que as atividades (violentas) realizadas no Afeganistão estão ocorrendo no Paquistão, ou será uma conspiração maior trabalhando para desestabilizar o Paquistão e o Afeganistão?" Karzai rejeitou informações divulgadas no WikiLeaks descrevendo ampla corrupção no Afeganistão e as duras críticas pessoas feitas por membros de seu próprio gabinete, dizendo serem mentiras vazias que visavam minar sua credibilidade.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.