A integrante da Velha Guarda da Portela Jilçária Cruz Costa, de 76 anos, conhecida como Tia Doca, morreu na tarde de hoje no Hospital do Iaserj, no Centro do Rio. Ela havia sofrido um acidente vascular cerebral no dia 17 e desde então estava internada. Na última quarta-feira, havia recebido alta do CTI, e seu quadro de saúde era estável. Hoje à tarde, sofreu um enfarte. Tia Doca era uma das pastoras da Portela - vozes femininas do samba, que puxam enredos, cantam em rodas e também fazem shows. Ela é criadora de um dos mais importantes pagodes, o Terreirão da Tia Doca, em Madureira, na zona norte, onde Zeca Pagodinho descobriu, aos 17 anos, sua vocação. O repertório da tradicional roda de samba virou CD em 2000. Dudu Nobre também frequentou o pagode desde os cinco anos. Tia Doca foi tecelã, empregada doméstica e chegou a vender sopa para se sustentar. Gravou com Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Marisa Monte, que produziu o documentário "O Mistério do Samba", ano passado, com Tia Doca como uma das personagens. Entrou para a Velha Guarda da Portela em 1970 - com o grupo, viveu tristezas, como em 2005, quando a escola de samba desfilou com alas inchadas, e a Velha Guarda ficou de fora do desfile para evitar que a apresentação tivesse o tempo estourado. Mas também alegrias, como as apresentações na Itália, França e Estados Unidos. Tia Doca tinha três filhos. Seu corpo será velado a partir das 7 horas de amanhã na quadra da Portela, em Madureira. O enterro será às 16 horas no Cemitério de Irajá.
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