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Programa Cientista Chefe, do Governo do Ceará, coloca pesquisa acadêmica a serviço da população

Projeto deve receber R$ 13 milhões ainda este ano; objetivo é trazer inovação para áreas como Segurança Pública, Educação e Saúde

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Por Governo do Ceará
Atualização:
7 min de leitura

A Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) tem colhido bons resultados após investir na parceria entre o meio acadêmico e a gestão pública. Por meio do Programa Cientista Chefe, equipes de pesquisadores atuam em secretarias e órgãos estratégicos do governo do estado para, assim, trazer soluções científicas e tecnológicas que vão aprimorar serviços e proporcionar mais qualidade de vida à população. 

Cada equipe é coordenada por um cientista, definido segundo critérios como produção e ligação com núcleos de pesquisa de alto nível, de acordo com a classificação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 

Segundo a Funcap, o programa é inspirado em modelos internacionais. Nos Estados Unidos, por exemplo, ministérios e outros departamentos governamentais contam com o Office of Chief Scientist (escritório do cientista-chefe, em tradução livre). O escritório tem o papel de fornecer contribuições científicas, além de estabelecer vínculos entre governo, universidade e indústria. 

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Técnicas de identificação veicular com base em vídeos foram implantadas nos órgãos de Segurança Pública do governo 

Na versão cearense, o programa encara desafios locais. Um deles é o de tornar mais efetivo o papel da pesquisa universitária, incentivando projetos que estejam a serviço dos cidadãos. 

Para a Funcap, o principal atrativo é integrar todo o sistema de formação e investimento em educação e tecnologia do estado. Atualmente, há 172 cursos de pós-graduação das mais diferentes áreas, sendo 52 programas de doutorado. Com o Programa Cientista Chefe, todas as informações e experiências acumuladas nessas instituições trarão inovação ao serviço público. 

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Com apoio do governador e dos secretários estaduais, o programa elegeu as áreas prioritárias, como segurança pública, educação, saúde, análise de dados e energias renováveis. Depois, foi feita a distribuição de verba de acordo com os projetos especificados para cada equipe científica. 

Entre março e dezembro de 2018, o Programa Cientista Chefe recebeu aproximadamente R$ 8,6 milhões em investimentos vindos da Funcap e dos órgãos da administração estadual. Para 2019, a expectativa é de aplicação de um montante de quase R$ 13 milhões

Áreas beneficiadas  Uma das características do Cientista Chefe é que os pesquisadores monitoram vários projetos simultaneamente. Além disso, as pesquisas são integradas com cooperações vindas de instituições nacionais e internacionais. 

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Outra particularidade do programa é a exigência de que os pesquisadores não se afastem da universidade e sigam com suas carreiras de forma competitiva e fazendo publicações. Tudo isso para que os cientistas se mantenham em contato com o ambiente acadêmico, onde poderão acompanhar cotidianamente a evolução das áreas nas quais estão inseridos e se mantenham atualizados. 

De acordo com a Funcap, pesquisadores seniores que atuam no programa estarão próximos das necessidades públicas, pensando em soluções e realizando pesquisa aplicada sem perder o caráter inovador das universidades. Com isso, as equipes conseguem trabalhar com alguns projetos totalmente transformadores. 

Entre os exemplos de sucesso está o projeto ligado à Secretaria de Segurança Pública, que fez a taxa de homicídios no Ceará cair 53% entre 2018 e 2019. O êxito aconteceu graças a instrumentos de reconhecimento facial e digital, além do investimento no monitoramento e análise de dados das áreas de maior periculosidade, que acabaram trazendo mais inteligência para a polícia, diz a Funcap. 

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A recuperação de carros roubados também foi aprimorada graças ao sistema. Foram investidos cerca de R$ 7,5 milhões no projeto, mas ele acabou poupando para o governo cerca de R$ 300 milhões em equipamentos, tempo de desenvolvimento e de homens nas ruas captando informações. Segundo a Funcap, o Cientista Chefe será também a referência para o programa federal de segurança pública e combate à criminalidade.

Big data para a gestão pública Uma das principais linhas de pesquisa dos projetos é o levantamento e a análise de informações por meio das técnicas de big data – conceito científico que está relacionado com o processamento de grande volumes de dados, no menor tempo possível, para permitir que a partir deles sejam tomadas decisões e planejamento inteligente. 

Aplicado para a gestão estadual, em cada secretaria os pesquisadores estão coletando dados como o número de usuários dos serviços prestados pelos órgãos, a distribuição geográfica dos atendimentos e os recursos, instalações físicas e equipamentos disponíveis. Com o uso de metodologias científicas, será possível otimizar o aproveitamento de tudo o que estado tem hoje. Além disso, o projeto tem uma vertente estratégica que irá, a partir da análise do quadro atual, fazer projeções de crescimento de demanda pelos serviços e orientar o governo no planejamento e no investimento das futuras ações.

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Conheça os projetos que já estão dando resultados com o Programa Cientista Chefe

Saúde Em parceria com a Secretaria de Saúde (Sesa) estão sendo desenvolvidas iniciativas em três frentes. A primeira é a transformação do bairro Porangabussu em um distrito tecnológico, para startups focadas em saúde. Na região, onde fica o Hospital Universitário Walter Cantídio, vivem 23 mil pessoas. 

O segundo eixo envolve a organização dos serviços da Sesa, focando na informatização e na integração dos dados coletados. Isso está sendo feito por meio da esquematização de prontuários e registros eletrônicos. 

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O terceiro eixo é voltado para o gerenciamento dos problemas prioritários. É o caso da judicialização, quando pacientes recorrem à justiça para obter gratuitamente tratamentos ou remédios. Em geral, isso acontece pelo alto valor de certos medicamentos. O que a pesquisa constatou, no entanto, é que esse tipo de serviço também está sendo acionado para medicamentos que possuem livre acesso na rede, e para outros cujo acesso não é facilitado, mas poderiam ser obtidos por outros meios.

Recursos Hídricos O projeto para a área de recursos hídricos do Ceará possui três frentes principais: planejamento e desenvolvimento de pesquisas e inovação; elaboração de soluções para os problemas identificados; e construção de uma cadeia produtiva da água. 

No primeiro eixo, estão sendo identificadas as demandas específicas de ciência e tecnologia na área de recursos hídricos para criar, a partir dessa análise, uma agenda de pesquisa e inovação. 

A segunda dimensão do projeto trará soluções tecnológicas para os problemas de recursos hídricos no estado. Há subprojetos sendo desenvolvidos que procuram compreender a dinâmica da oferta, da demanda e dos conflitos ocasionados pelo uso da água. A partir desse entendimento, a meta é redefinir e aprimorar os mecanismos de alocação de água. 

Para o último foi montada uma estratégia para promover a criação de um ecossistema composto por iniciativas de empresas ligadas ao setor de recursos hídricos para que consigam desenvolver soluções tecnológicas direcionadas às demandas do estado.

Educação O Ceará vem sendo pioneiro em iniciativas que se tornaram referência no ensino da matemática nas escolas. Em Fortaleza, as olimpíadas públicas da disciplina, a Numeratizar, serviu de base para programas de escala nacional. 

A experiência acumulada na inserção do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Ceará (UFC) nas escolas permitiu elaborar um projeto estruturado de educação básica que foi submetido à Funcap em 2018 e esteve na gênese da pesquisa em educação que está sendo realizada no âmbito do Programa Cientista Chefe. 

Uma das etapas do trabalho consiste em explorar grandes quantidades de informações à procura de padrões, relações e sequências temporais dos dados educacionais e propiciar o fluxo desses dados e de suas análises entre os diversos setores das Secretarias Municipais de Educação do Ceará, articulando decisões e projetos com foco na melhoria da proficiência em língua portuguesa, matemática e ciências.

Educação Pública Realizado desde 2018 em conjunto com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do estado do Ceará, o programa tem um grupo formado por 50 pesquisadores que se concentram na área de inteligência, com o desenvolvimento de aplicativos, integração de sistemas e análises de dados. 

Como objetivos principais da pesquisa, podem ser citados o desenvolvimento de um sistema confiável de reconhecimento de impressões digitais; a implantação de técnicas de identificação veicular com base em imagens e vídeos; a integração das bases de dados da SSPDS, da Polícia Rodoviária Federal e de sistemas de informações do estado; e a criação de um painel de controle dos dados de segurança pública com visualização analítica.

Pescas e Aquicultura A Secretaria do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) do estado do Ceará está elaborando um projeto que tem como objetivo aplicar a ciência e a técnica para prover soluções e promover o desenvolvimento da pesca e da aquicultura. Entre os principais resultados esperados estão o aumento na produção de lagostas, o projeto e a construção de um barco para pesca e armazenamento, a formação de pescadores profissionais (com obtenção da Carteira Marítima), o monitoramento da pesca de atum e a criação de pacotes biotecnológicos para melhoria do cultivo de camarão e de tilápia. 

A falta de controle da pesca implica que todo o esforço dos tomadores de decisões na gestão deve ser direcionado para a aplicação de medidas eficientes em gestão sugeridas no texto, mas aplicando a lei com rigor.

Análise de Dados O Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) utiliza projetos cuja finalidade é fortalecer o Centro de Análise de Dados e Avaliação de Políticas Públicas (Capp). O órgão é vinculado ao Ipece e irá integrar dados de todas as secretarias da administração estadual. 

Nesta base estarão informações como dados sócioeconômicos, de mobilidade urbana, de educação e de meio ambiente. A análise será feita por meio do desenvolvimento de modelos matemáticos e algoritmos computacionais que sejam capazes de caracterizar as informações estatisticamente e definir as correlações existentes entre elas. Com isso, será possível estabelecer a previsão de padrões de comportamento. 

Trabalhando com big data, o projeto pretende, inicialmente, aplicar técnicas de filtragem e de estatística para colher e processar informações.

Energias Renováveis A Secretaria de Infraestrutura contará com as pesquisas para desenvolver um projeto que gere conhecimento e tecnologias novas dentro da universidade para, a partir disso, transferi-las para a sociedade. A equipe possui alguns estudos específicos dentro do setor de energia. Deles, o que traz expectativa de resultados mais imediatos está ligado à gestão das contas de energia de prédios e órgãos públicos. Essa ação vai precisar de estudos mais individualizados e específicos para cada entidade, de acordo com as funções que são exercidas por elas. Algumas análises prévias já apontam indicadores que possibilitam a estimativa de uma redução de até 14% nas contas de energia do setor público. Isso representa, considerando longos períodos, uma economia que pode chegar a centenas de milhões de reais.

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