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Por Redação

A grande santa e mística espanhola Teresa de Ávila (1515-1582), quem diria, inventou a batata frita! A descoberta é do historiador belga Paul Ilegems, curador do Frietmuseum, de Antuérpia. Ele já publicou um livro defendendo essa tese, intitulado De Frietkot Cultur (Uigever Loempia, Bélgica, 1993). Ilegems encontrou provas de que a venerada protetora das almas apaixonadas, célebre por suas visões, êxtases, escritos e inteligência, além de doutora da Igreja Católica, nascida na cidade de Ávila, na atual Castela e Leão, foi a primeira pessoa a mergulhar uma batata em gordura ou óleo fervente. Utilizou-a para alimentar doentes sob seus cuidados, regulando humores orgânicos cujo desequilíbrio provocaria enfermidades. A batata chegou à Espanha em fins do século 16, procedente do Peru, e dali se espalhou pela Europa. Em 1573, figurava no livro de compras do Hospital de la Sangre, de Sevilla, na Andaluzia, administrado pelo Convento Los Remedios, das carmelitas descalças, a ordem religiosa fundada por Teresa de Ávila. Entretanto, para Ilegems a batata frita cortada em palitos surgiu na Bélgica. Até 1750, os habitantes do Vale do Mosa, o rio que atravessa seu país em direção ao Mar do Norte, alimentavam-se de pequenos peixes fritos. No inverno daquele ano a água do Mosa congelou e, impedidos de pescar, frigiram batatas. As explicações do autor belga desagradam aos franceses. Estes se consideram os pais da batata frita. Lembram que seu conterrâneo Menon, no livro Les Soupers de la Cour ou l'Art de Travailler toutes Sortes d'Alimens pour Servir les Meilleures Tables, Suivant les Quatre Saisons, de 1758, já ensinava o preparo das batatas fritas. Acreditam que o nome pelo qual ela é conhecida pelos americanos - french fries (fritas francesas) - confirma esse primado. Toda a história da fritura - uma técnica que dominamos há cerca de 800 mil anos, quando aprendemos a acender o fogo e usá-lo em nosso proveito - está cheia de controvérsias. Para começar, não sabemos se foi descoberta antes ou depois do cozimento em água. A única certeza é o efeito culinário. Cozinhar em gordura ou óleo fervente evita a saída dos sucos, amacia e torna apetitosos os alimentos. Só não existe dúvida sobre a criação das popularíssimas batatas chips. Quem conta a história é o americano Charles Panati, editor de ciência da revista Newsweek, no livro Extraordinary Origins of Everyday Things (HarperCollins, Nova York, 1987). Em 1853, o chef George Crum, do elegante restaurante Moon Lage Lodge's, da cidade de Saratoga Spring, no Estado de Nova York, cozinhava para clientes famosos. Um deles era o milionário americano Cornelius Vanderbilt I, homem cruel nos negócios, duro no trato e enjoado à mesa. Certa vez, achou grossas demais as batatas fritas de formato palito que lhe serviram e mandou trocá-las. O chef Crum enviou outras mais finas. Vanderbilt I também considerou grossas demais. Sentindo-se desafiado, o chef Crum deu o troco. Cortou batatas em lâminas e deixou no fogo até pegar a cor tostada da fritura. Ficaram tão finas e crocantes que era impossível espetá-las com o garfo. Vanderbilt I adorou a novidade e passou a pedi-la cada vez que ia ao Moon Lages Lodge's. Tanto que as batizou de potato crunches. Elas entraram no cardápio do estabelecimento, porém como saratoga chips. Por último, viraram batatas chips. Iniciava-se um prodigioso negócio. O chef Crum abriu o próprio restaurante em Saratoga Spring, financiado por clientes. Um deles era Vanderbilt I. Hoje, as batatas chips, produzidas por diferentes indústrias, movimentam bilhões de dólares.Sta. Teresa de Ávila teria sido a primeira pessoa a mergulhar uma batata em óleo fervente

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