O Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, acaba de retomar voos comerciais, um marco na recuperação da economia do Rio Grande do Sul após as chuvas sem precedentes que deixaram boa parte do Estado inundada por dias a fio no primeiro semestre deste ano. À época da catástrofe não se tinha ideia de quando o aeroporto seria reaberto. Por isso, a retomada dos voos comerciais, ainda que de forma parcial (o retorno completo é previsto para dezembro), é por si só um atestado da resiliência da economia gaúcha, reconhecida inclusive pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na edição mais recente do relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI eleva a projeção de crescimento do Brasil em 2024 de 2,1% para 3% e cita o impacto menos drástico que o esperado das enchentes gaúchas como uma das razões que levaram à revisão para cima da estimativa de PIB. A atividade econômica do Rio Grande do Sul, que por razões óbvias caiu fortemente em maio, quando o Estado estava paralisado, já em junho apresentava uma retomada em “V”. Renda e emprego também estão em recuperação.
Parte da retomada está relacionada à diversificação da indústria gaúcha. Além disso, se eventos trágicos como o das inundações recentes provocam perdas de valor incalculável como as de vidas humanas, estas jamais recuperáveis, na economia, quando algo de que se necessita deixa de ser oferecido por alguém, o mercado se impõe e um substituto aparece, o que vem ocorrendo na Região Sul.
Até agora, o setor com recuperação mais lenta vem sendo, sem surpresas, o de serviços, o que só reforça a importância da reabertura do principal aeroporto gaúcho para voos comerciais, que traz alento para atividades econômicas como turismo e eventos. Campanhas para visitas às atrações turísticas gaúchas estão a pleno vapor. Note-se ainda que o fechamento do Salgado Filho não dificultou apenas a vida dos gaúchos, o que por si só já é ruim, mas a de viajantes regionais e estrangeiros, já que o aeroporto é um importante hub internacional.
Óbvio que nem tudo são flores e que parte do que ficou submerso está destruída para sempre. Ainda assim, a recuperação em curso é formidável, ainda mais quando, há poucos meses, as imagens do Rio Grande do Sul eram de completa desolação. É fundamental também destacar que, embora as chuvas que castigaram impiedosamente o Estado tenham sido sem precedentes e que parte da destruição era inevitável, é essencial que a recuperação em andamento seja pensada para o longo prazo, contemplando a ocorrência mais frequente de fenômenos climáticos.
Por fim, cabe ressaltar ainda que tentativas desavergonhadas de politizar a tragédia provaram-se improdutivas. Um leilão anunciado pelo governo Lula da Silva para uma desnecessária compra de arroz importado foi cancelado por suspeita de fraude. Já a Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, na verdade uma plataforma para as pretensões políticas do petista Paulo Pimenta, deixou de existir e não há notícia de que faça alguma falta. Tanto melhor para a recuperação gaúcha.