A Prefeitura de São Paulo reajustou a tarifa dos ônibus municipais de R$ 4,40 para R$ 5,00 a partir de janeiro de 2025. Esse acerto de contas representa uma alta de 13,6%, bem acima da inflação de 2024, estimada em 4,91%, mas bem abaixo das perdas acumuladas desde 2020, de 33%, quando a passagem havia sido corrigida pela última vez.
Deslocar-se sobre trilhos pela capital e pela Grande São Paulo também custará mais caro. O governo do Estado anunciou o aumento da tarifa de R$ 5 para R$ 5,20, uma alta de 4%.
A fim de equilibrar as contas, todos os serviços passam por reajuste periódico de preços. Essa correção, portanto, não deveria ser excepcional. De tempos em tempos, as tarifas de luz, água e telefonia, assim como as contas básicas do dia a dia do cidadão, amortecem, no mínimo, os impactos inflacionários.
Mas, quando se trata da tarifa de transporte coletivo, pesam, além dos fatores econômico-financeiros, os cálculos políticos de uma medida considerada impopular. Não à toa, a passagem dos ônibus na capital paulista ficou congelada por quatro anos. E, mesmo em ano eleitoral, o assunto foi tratado praticamente como um tabu por candidatos, o que inclui o atual prefeito reeleito, Ricardo Nunes (MDB).
Ao longo de todo o ano de 2024, o incumbente tergiversou na discussão sobre a tarifa, deixando para discutir o tema depois de passado o pleito. Essa não é uma tática nova, muito menos exclusiva de Nunes, haja vista que em ano eleitoral a demagogia sobre as tarifas se repete, notadamente desde 2013, ano marcado por protestos que começaram em razão de um aumento de R$ 0,20 nas tarifas.
O problema é que isso custa muito caro para toda a sociedade. Alguém paga a conta, mesmo que ela não seja cobrada nas catracas dos coletivos. O que os números do Orçamento municipal mostram é que o congelamento da tarifa ou a ampliação de gratuidades, como a tarifa zero aos domingos, não saem nada de graça e pesam, e muito, nos cofres públicos.
Enquanto a tarifa ficou sem reajuste por tanto tempo, o diesel, principal combustível usado pela frota paulistana de 13,5 mil veículos, que transporta 7,13 milhões de passageiros, subiu 57%. E, para 2025, a fim de manter o sistema operante, já estavam previstos antes do reajuste mais de R$ 6 bilhões em subsídios. Logo, a correção era uma necessidade.
Segundo dados apresentados em reunião do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), o aumento de cada R$ 0,10 na tarifa implica um acréscimo de R$ 106 milhões na receita anual do sistema dos ônibus municipais. Trata-se de uma quantia nada desprezível, que a Prefeitura poderá deixar de destinar para os coletivos e aplicar em outros serviços.
São Paulo ainda carece de solução, e de dinheiro, para muitos problemas, que passam por educação, saúde e zeladoria, entre tantos outros. Por isso, de qualquer prefeito, espera-se transparência ao diagnosticá-los, debatê-los e propor saídas, sem subterfúgios. Da população, espera-se maturidade para admitir que tudo tem um preço, e é ela mesma, ao fim e ao cabo, quem paga essa conta.