No ranqueamento global de competitividade, calculado há 34 anos pelo Instituto Internacional para o Desenvolvimento Gerencial (IMD, na sigla em inglês), prestigiada instituição de educação executiva na Suíça, o Brasil continua rondando a zona de rebaixamento entre as principais economias mundiais. Dos 64 países pesquisados, ocupa um constrangedor 60.º lugar. Entre os sul-americanos, está à frente somente de Argentina e Venezuela, ambos os países afetados por graves crises.
Para elaborar o ranking, o IMD observa não apenas dados econômicos, mas também aspectos políticos e governamentais, educacionais, tecnológicos, de infraestrutura e de gerenciamento de negócios. São, ao todo, 336 critérios atualizados à medida que a economia global avança. Nessa evolução, o Brasil vai ficando para trás, com avaliações sofríveis principalmente em relação à eficiência governamental e dos negócios.
A situação brasileira em relação a seus pares internacionais é paradoxal. O fluxo de capital estrangeiro de curto prazo melhorou, como mostram os dados da B3, especialmente depois do fôlego dado pela agência de risco Standard & Poor’s, que indicou a possibilidade de revisão para cima da nota de risco do País. Mas, para empreendimentos de longo prazo, o ambiente regulatório incerto afasta o País do planejamento das grandes companhias.
Apesar de avanços pontuais nos últimos anos, como as reformas previdenciária e trabalhista e o marco do saneamento, questionamentos e ameaças de recuo reacendem dúvidas sobre a segurança de empreender no Brasil. Dois terços do cálculo feito pelo IMD têm como fundamento dados concretos sobre economia, educação e infraestrutura, entre outras áreas em que o País patina há décadas.
A definição do novo arcabouço que delimitará os parâmetros fiscais e a reforma tributária, prevista para ser votada na Câmara em julho, são oportunidades únicas para o País deixar as posições finais da lista de classificação. A agenda ambiental é outro empenho relevante. Por sua importância no comércio mundial e potencial de crescimento, a economia brasileira já deveria estar em posição mais confortável no ranking, não fosse a persistente inépcia de nossos formuladores.
A ascensão meteórica da Irlanda do sétimo para o segundo lugar da lista é um exemplo concreto do impulso embutido em lances certeiros. As mudanças regulatórias pós-Brexit promovidas pelo governo irlandês elevaram sobremaneira a competitividade do país. O grupo de países líderes do ranking – pela ordem, Dinamarca, Irlanda, Suíça e Cingapura – é formado por pequenas economias que fazem bom uso de seu acesso a mercados e parceiros comerciais, como deixa claro o relatório do IMD.
A conclusão do pacote de reformas é a medida imediata que o Brasil precisa adotar para fazer parte do jogo internacional. Para resultado a longo prazo, investir desde já em capital humano, com educação, capacitação, produtividade e investimentos em pesquisa e inovação.