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Opinião | 150 anos de Alberto Santos Dumont e seu legado para o Brasil

Sesquicentenário de seu nascimento deve servir para reacendermos a chama do orgulho de termos um brasileiro entre os maiores nomes da História

Por Marcelo Kanitz Damasceno

Ousar sonhar e realizar feitos que para a maioria seriam impossíveis: esse foi o grande legado de Alberto Santos Dumont para o Brasil e para o mundo. Para além de todos os seus inventos – em especial aqueles que o levaram a ser designado o “Pai da Aviação” –, o espírito aguerrido de um homem à frente de seu tempo é o exemplo que almejamos sempre honrar.

Nascido há 150 anos, em Minas Gerais, o brasileiro soube, como ninguém, transformar ideias em planos e planos em projetos bem-sucedidos. É nas asas de aviões hoje modernos e tecnológicos que realizamos nossas missões defendendo, controlando e integrando o território nacional. E isso só é possível porque o visionário patrono da Aeronáutica Brasileira soube juntar peças de madeira, bambu e seda num arranjo perfeito que alçou voo e marcou para sempre a história da aviação.

Embora o próprio não tenha vivido o nascimento de nossa instituição, criada nove anos após ter nos deixado, a Força Aérea Brasileira (FAB) estará sempre atrelada àquele que encantou todos com sua principal criação.

Santos Dumont foi nossa origem e hoje permanece como inspiração não apenas para os aviadores, mas para cada integrante da FAB que não esmorece diante dos desafios, que persiste em seus propósitos e que mantém vivo o espírito do trabalho incansável a serviço do bem comum.

Além do âmbito da aviação, estou certo de que falo por todos os brasileiros que conhecem a história e os feitos de nosso conterrâneo quando afirmo que sua trajetória nos orgulha. A criatividade para buscar soluções e resolver problemas é a própria representação do nosso povo.

Assim como Santos Dumont idealizou o relógio de pulso para facilitar o controle do tempo ao pilotar, temos hoje incontáveis inventores que trabalham desde simples soluções para o cotidiano até complexas máquinas que nos levam ao espaço. Nosso país é referência na indústria aeronáutica e olhar para o futuro, assim como sempre fez nosso precursor, é o que nos leva cada vez mais adiante.

O sesquicentenário de nascimento de Alberto Santos Dumont deve servir para reacendermos a chama do orgulho por termos um brasileiro entre os maiores nomes da história. Que possamos sempre nos inspirar por sua vida, sua obra e seus valores, buscando nosso melhor em cada atividade, com a persistência e o altruísmo de quem, por toda a sua vida, manteve incólume, no coração, seu genuíno amor pelo Brasil.

Com a simplicidade dos sábios e a convicção dos predestinados, Dumont viveu e, sem buscar a glória, a conheceu. Unindo sonhos e esperanças, que se perdiam nas distâncias, ao aproximar homens e mulheres, ajudou a integrar a humanidade, construindo, assim, um mundo melhor.

Hoje, assim como no festivo 20 de julho de 1973, centenário de nascimento do Pai da Aviação, e em tantos outros anos, as páginas deste tradicional e renomado veículo de comunicação voltam a reverenciar a memória deste herói nacional que, em sua curta e fulgurante passagem pela vida, demonstrou a imensa potencialidade do ser humano, que reside na simplicidade, no saber e, sobretudo, na determinação de realizar – indo muito além do apenas desejar.

Um desejo legítimo de testemunhar a História sendo justa com o nosso conterrâneo, que deu vida ao ensinamento de Júlio Verne, escritor que inspirou a infância do homenageado e que disseminava a ideia de que tudo o que uma pessoa pode imaginar outras poderão realizar, quer seja dar a volta ao mundo em 80 dias, fazer o homem voar ou conquistar a imensidão do universo. Estejamos certos de que o mundo e o Brasil falavam e continuarão ecoando a imortalidade de Alberto Santos Dumont.

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TENENTE-BRIGADEIRO DO AR

Opinião por Marcelo Kanitz Damasceno