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Opinião | A esquerda está ‘extremamente’ desnorteada

Ela perdeu a capacidade de emocionar e de tracionar as sociedades. E o porquê é simples: enquanto o mundo avançou, suas ideias envelheceram

Por Ciro Nogueira

O Progressistas, sim, para uns dissonante nome do partido conservador que presido nacionalmente e que é progressista, sim, acaba de homenagear um dos maiores vultos da história política de nossa República.

Francisco Dornelles, ex-governador, senador, ministro, deputado, constituinte, tecnocrata no melhor sentido do termo, tornou-se nome da fundação de nosso partido, destinada a estudos e à formação de quadros políticos.

A oportunidade de exaltar o nome do grandioso Dornelles é para explicar também que esse não foi um movimento casual. Trata-se de um reposicionamento político do partido, dando-lhe mais clareza ideológica e, com isso, fortalecendo nossa democracia.

Aproveito a ocasião para apontar um cacoete em que a esquerda brasileira está perdida, em meio ao seu labirinto interminável de contradições e mofo histórico. Depois de décadas atuando para silenciar a direita, agora, que a direita democrática – ou vão dizer que Dornelles era um fascista? – legitimamente se organiza e se estrutura, só resta à esquerda o insulto vazio.

Chamam qualquer movimento que não seja de esquerda de extrema alguma coisa. Extrema direita, de preferência. Ora, um pouco de honestidade intelectual não faz mal a ninguém, nem mesmo à esquerda. Se o que sobrou para a esquerda no debate político é um adjetivo, e ainda assim tolo – extremo –, é porque a esquerda está extremamente desnorteada.

Nós, do Progressistas, à imagem e sombra de Francisco Dornelles, somos de direita, sim. E, finalmente, tivemos a coerência para com o povo brasileiro de nos assumirmos como sempre fomos e seremos. Mas o que isso significa?

Significa que lutamos por um governo que seja eficiente, um governo que sirva à sociedade e não se sirva dela. Significa que somos contra o Estado empresário. Entendemos que o Estado deve cumprir o seu papel assistencial e, para fazer isso bem, deve concentrar seus recursos e seus esforços – que não são seus, são da sociedade como um todo – nas atividades cruciais para fazer um país melhor no futuro. Quais sejam: saúde, educação e segurança pública, em primeiríssimo lugar.

E, para fazer isso bem, o governo não deve empreender. Estatais, a experiência mostra, servem mais para produzir escândalos e mordomias para os que estão no poder do que mudanças e melhorias concretas para o povo, na ponta da linha. Então, em tese, deveríamos, como sociedade, pensar em utilizar esses ativos, formar um grande fundo soberano de investimentos e, com a parceria do setor privado – que constrói mais barato e melhor –, rasgar o País de obras de infraestrutura para criar milhões de empregos e reduzir o custo Brasil.

E a assistência social? Aceitem que dói menos: foram ideia dos liberais, dos economistas conservadores, e não de Marx ou dos comunistas, programas que resultaram no Auxílio Assistencial. Trata-se do Imposto de Renda negativo, nada mais do que, ao invés de cobrar imposto, pagar uma parte dos tributos para aqueles que estão abaixo da linha da miséria a fim de que o País como um todo possa ganhar com isso, curando uma mazela social.

Somos totalmente a favor dessas iniciativas, e mais: foi num governo de direita, e não num de esquerda, que houve a maior distribuição de programas sociais da história do País, em virtude da pandemia. Mérito da sensibilidade social ao presidente Bolsonaro.

O grande problema da esquerda é que ela está tão extremamente perdida que vive de inventar rótulos e palavras de ordem mofadas. E ideias, que são boas? Este é o problema: a esquerda perdeu a capacidade de emocionar e de tracionar as sociedades. E o porquê é simples. Suas ideias envelheceram, enquanto o mundo avançou.

A direita, neste momento, capturou o espírito do tempo. Compreende melhor os anseios e é capaz de propor respostas e apontar caminhos para milhões, bilhões de pessoas que assistem perplexas a uma revolução tecnológica que, ao mesmo tempo, encanta e apavora.

E o que propõe a esquerda? As masmorras, o obscurantismo, superstições, maldições, o medo. Nada concreto. Apenas a negação do inevitável, como já aconteceu no passado em outros momentos da História. Mas a experiência mostra que a marcha é inexorável e não é com crendices e bruxarias que iremos espantar os avanços da humanidade.

Não poderemos condenar, como condenaram Galileu, porque isso não muda o lugar do sol nem da Terra. Temos de entender que os avanços científicos sempre criam temores e pavores e os que os amaldiçoam passam, mas os que buscam entendê-los e transformar a mudança em avanços sociais e históricos, estes escrevem o futuro.

As esquerdas, no mundo, estão extremamente perdidas. E no Brasil mais do que nunca. Mas isso é problema delas. Não somos extremamente nada. A não ser extremamente brasileiros. E acreditamos que os princípios liberais, os mesmos defendidos por Dornelles em suas múltiplas encarnações na vida pública do País, são um caminho nítido e seguro, um caminho conservador, mas não reacionário, um caminho progressista para o Brasil.

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SENADOR PELO PIAUÍ, É PRESIDENTE NACIONAL DO PROGRESSISTAS

Opinião por Ciro Nogueira

Senador pelo Piauí, é presidente nacional do Progressistas