O Brasil, rico em diversidade natural e recursos naturais, abriga cerca de 230 variedades de bambu – é o segundo país em espécies nativas depois da China. A maior floresta de bambu nativo do mundo está localizada no Brasil. O bambu tem um enorme potencial econômico para impulsionar a economia, promover a sustentabilidade ambiental e apoiar comunidades rurais. No entanto, a falta de uma cadeia de fornecimento estruturada e de instruções técnicas adequadas para produtores rurais e a indústria são desafios significativos a serem superados.
O Centro Brasileiro de Inovação de Sustentabilidade (Cebis) destaca a importância de um programa nacional que une iniciativas públicas e privadas para apoiar o setor do bambu, abrangendo desde a agricultura até a indústria. A falta de conhecimento sobre o manejo do bambu por agricultores é um obstáculo que pode ser superado por meio de programas educativos.
Da mesma forma, a indústria de transformação muitas vezes subestima o potencial do bambu, especificamente a fibra do bambu, em setores de alta intensidade tecnológica, como aeroespacial, náutica e automotiva. O Cebis tem lançado iniciativas para profissionalizar o setor, fornecendo orientações sobre o cultivo, a colheita, o tratamento e o uso do bambu.
Atualmente, o bambu movimenta cerca de US$ 68 bilhões anualmente no mercado mundial, com aplicações em diversas indústrias, incluindo construção, tecidos, móveis, papel e fontes de energia. Além disso, o bambu tem a capacidade de restaurar terras, conservar o solo e a água, melhorar a qualidade da terra, controlar a erosão e se adaptar às mudanças climáticas.
No entanto, a falta de conhecimento sobre o potencial econômico do bambu limita suas vantagens. O Cebis trabalha para transformar essa falta de informação em oportunidades de geração de riqueza. O uso do bambu como matéria-prima na indústria de papel e tecidos é amplamente desenvolvido na China, país de referência no uso de bambu. Na China, o uso do bambu remonta a 1100 a.C., e houve um aumento significativo em seu uso em diversas áreas industriais nas últimas décadas.
No Brasil, apesar de haver um dos maiores bancos de germoplasma de bambu do mundo, o cultivo do bambu permanece subdesenvolvido, com desafios como a falta de apoio governamental, a falta de linhas de crédito específicas e percepções culturais limitadas.
No curto prazo, o aproveitamento dos bambus já existentes pode fornecer uma fonte de renda adicional para produtores rurais e insumos para setores econômicos como o de biomassa e a construção civil.
A indústria do bambu no Brasil precisa de orientação política e de juntar o setor privado para o desenvolvimento de uma base de matéria-prima de alta qualidade e eficiência, além de investimentos em pesquisa direcionada para setores produtivos.
Em resumo, o Brasil tem um grande potencial na indústria do bambu, mas é necessário superar desafios, como a falta de conhecimento e a percepção cultural limitada. Com investimento, capacitação e desenvolvimento de cadeias produtivas, o País pode aproveitar o potencial econômico do bambu e promover a sustentabilidade.
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PRESIDENTE DO CENTRO BRASILEIRO DE INOVAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE (ONG)