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Opinião | Direita ou esquerda: como fazer a diferenciação

Que nossos próximos prefeitos e vereadores, independentemente de posições ideológicas, dirijam seus olhares para os problemas prementes de nossas cidades

Por Luiza Nagib Eluf

Em vésperas de eleições, as pessoas se preocupam mais em definir o que é ser de esquerda e o que é ser de direita, porém nem sempre é fácil para a maioria da população fazer essa distinção. É claro que existe uma grande diferença ideológica entre ambas as proposituras, que se baseiam na visão de mundo de cada pessoa, porém nem sempre os candidatos envolvidos dominam bem o conceito entre uma vertente e outra.

Tratando-se do espectro político, a direita apresenta uma posição específica segundo a qual a hierarquia social e a desigualdade seriam naturalmente inevitáveis e até desejáveis.

Assim, enquanto a direita defende a meritocracia, a esquerda segue Norberto Bobbio, segundo o qual ser de esquerda é seguir a ideologia política orientada pela justiça social e para o igualitarismo. Há um consenso geral de que a esquerda inclui progressistas, sociais-democratas, liberais, ambientalistas, libertários-socialistas, comunistas, anarquistas. Já o comunismo (do latim communis) procura uma ordem socioeconômica estruturada sob as ideias de totalitarismo, propriedade comum dos meios de produção e ausência de classes. Podem ser considerados de esquerda, no Brasil, os partidos PSDB, PSOL, PSTU, PT, Progressistas, PSD, PCdoB, PDT, dentre outros. Por outro lado, a direita incluiria neoliberais, liberalismo econômico, conservadores e reacionários.

Desde 2023, o Brasil tem 29 partidos políticos legalizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e, até o momento, constam duas federações: federação PSOL/Rede; federação PSDB/Cidadania.

É de se considerar, também, a posição intermediária entre as várias ideologias, tendo em vista que as chamadas centro-esquerda e centro-direita têm foco na justiça social.

Na realidade, direita e esquerda são orientações políticas que diferem na abordagem em relação à igualdade social. A esquerda defende maior intervenção estatal para promover a igualdade, enquanto a direita prioriza a liberdade individual e a preservação das tradições e das hierarquias sociais, mesmo que esse sistema resulte em desigualdades.

É fato que existe uma distribuição entre a direita e a esquerda no mundo. A Europa é tradicionalmente inclinada para a social-democracia, enquanto a América Latina costuma alternar entre governos de esquerda e de direita.

O sociólogo francês Raymond Aron abordou as diferenças entre direita e esquerda em relação ao progresso. Diz ele que a esquerda é caracterizada pelo otimismo em relação ao progresso humano, enquanto a direita parece se agarrar nas tradições para evitar mudanças rápidas que possam desestabilizar a sociedade. Para Aron, a esquerda é mais voltada para a justiça social e a direita, para a ordem e a estabilidade.

Por sua vez, para Giovanni Sartori, cientista político italiano, a ideia de igualdade versus liberdade continua a ser uma linha divisória fundamental entre direita e esquerda.

No Brasil, durante o século 20 e 21, houve momentos de governos de direita e de esquerda, com a direita associada aos regimes militares e a esquerda, aos movimentos populares, ocorrendo uma polarização crescente. Nossa política continua a ser marcada pela tensão entre esses dois polos, com debates acirrados sobre o papel do Estado na economia, direitos humanos, direitos das mulheres, direitos das minorias e tendências globais.

Desde o Plano Real de Itamar Franco e a gestão de Fernando Henrique Cardoso na Presidência da República, o Brasil tomou um rumo promissor, realmente alvissareiro, que trouxe grandes avanços à sociedade brasileira. Por sua vez, a gestão de José Serra no Ministério da Saúde trouxe benefícios à medicina e ao acesso das pessoas carentes aos medicamentos genéricos. Com o fim da ditadura militar, que se estendeu por mais de 20 anos, nosso país teve bons dirigentes e uma Constituição que vem guiando a política até o momento. Em resumo, precisamos apenas compreender que a união faz a força e que as disputas eleitorais são parte importante do amadurecimento político da população, merecendo um acompanhamento atento. Importa frisar aos dirigentes vindouros que as cidades brasileiras estão carentes de escolas, creches, limpeza urbana, saneamento básico, despoluição dos rios, despoluição do ar, preservação das árvores e áreas verdes em geral. Isso tudo além do trânsito infernal, que precisa ser melhor gerido para que moradores e visitantes não precisem sofrer as agruras de uma cidade frequentemente prejudicada. Para tanto, será preciso, também, olhar para os moradores de rua, para os dependentes de drogas, para os doentes desamparados em filas intermináveis, para as mães sem creches, para a falta de moradias, para a destruição das árvores em prol de grandes empreendimentos imobiliários.

Que nossos próximos prefeitos e vereadores, independentemente de posições ideológicas, dirijam seus olhares para os problemas prementes de nossas cidades. Sem muita preocupação com a polarização ideológica, apenas priorizando o bem comum que, no dizer de Aristóteles, é a “melhor vida possível”, no sentido de que o princípio ético do bem comum corresponde ao princípio jurídico do interesse público.

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ADVOGADA

Opinião por Luiza Nagib Eluf

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