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Opinião|Pelo fim das intervenções estéticas ilegais

Dermatologistas e cirurgiões plásticos desempenham papel crucial no cuidado da pele, garantindo resultados estéticos satisfatórios e priorizando a saúde e o bem-estar dos pacientes

Por Luanna Caires Portela

Duas mortes em menos de um mês e vários casos graves de deformidades e mutilações ligaram o alerta da população para intervenções estéticas invasivas, realizadas por pessoas não habilitadas profissionalmente para os procedimentos. Em ambos os casos, as vítimas, um jovem de 27 anos e uma mulher de 33 anos, fizeram uso de substâncias como o ácido fenol e o PMMA, um preenchimento sintético. Esse último, contraindicado para fins estéticos.

Faz anos que entidades ligadas à saúde advertem para o perigo da aplicação de produtos com finalidade estética por não médicos. Em março deste ano, Sociedades Brasileiras de Dermatologia e de Cirurgia Plástica do Distrito Federal e de quatro Estados divulgaram um dossiê de complicações ocasionadas por procedimentos realizados por profissionais sem formação clínica, contrariando a Lei n.º 12.842/2013.

O documento chama a atenção para o avanço de intervenções invasivas feitas por profissionais não médicos (fisioterapeutas, enfermeiros, biomédicos, dentistas) e até por profissionais do setor de beleza (cabeleireiros, esteticistas). “Se antes as aventuras desses profissionais se limitavam à aplicação de peelings superficiais, hoje a invasão do ato médico chegou ao ponto de permitir a execução de procedimentos como preenchimentos cutâneos, toxina botulínica, bioestimuladores injetáveis, peeling de fenol e até mesmo cirurgias complexas como blefaroplastia, lipoaspiração mecânica de papada, otoplastia, rinoplastia, dentre outras”, ressalta o dossiê.

As entidades que assinaram o documento evidenciaram o pesar e preocupação com o tema, especialmente diante do crescente número de complicações graves, mutilações e até mesmo mortes.

É notório que os procedimentos estéticos têm ganhado uma popularidade crescente, impulsionados pelo desejo humano de melhorar a aparência e aumentar a autoestima. Nesse cenário, os dermatologistas e cirurgiões plásticos desempenham um papel crucial como profissionais especializados no cuidado da pele do rosto e do corpo, não apenas garantindo resultados estéticos satisfatórios, mas também priorizando a saúde e o bem-estar dos pacientes.

No âmbito dos dermatologistas, antes dos procedimentos estéticos, os especialistas realizam uma avaliação minuciosa da condição da pele de cada paciente. Isso é essencial para diagnosticar problemas subjacentes, como condições dermatológicas pré-existentes ou sensibilidades cutâneas que podem influenciar no resultado do procedimento e inclusive algumas condições que contraindicam a realização de procedimentos estéticos. Essa abordagem médica garante que o tratamento escolhido seja adequado e o mais seguro possível.

Além de realizar procedimentos estéticos, os dermatologistas desempenham um papel fundamental na educação dos pacientes sobre cuidados com a pele. Eles oferecem orientações sobre hábitos de cuidado com a pele (skincare), proteção solar e uso de produtos adequados, promovendo uma abordagem preventiva e abrangente para a saúde da pele.

A importância de dermatologistas em procedimentos estéticos vai além da busca por beleza superficial. Eles garantem que os pacientes recebam cuidados criteriosos e eficazes, baseados em conhecimento científico e experiência clínica.

Consultar médicos especialistas para fins de rejuvenescimento ou harmonia na aparência não só proporciona resultados satisfatórios, mas também gera saúde e bem-estar em longo prazo. Portanto, a escolha de um profissional qualificado é essencial para quem deseja obter os melhores resultados estéticos com segurança.

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PRESIDENTE DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL

Opinião por Luanna Caires Portela

Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Distrito Federal