Foto do(a) page

Conheça o Espaço Aberto na editoria de Opinião do Estadão. Veja análises e artigos de opinião em colunas escritas por convidados e publicadas pelo Estadão.

Opinião | Santa Casa de São Paulo, 460 anos

Para seguir fazendo a diferença na vida de milhões de pessoas, a irmandade depende do governo, mas também do imprescindível apoio da sociedade

Por Ruy Martins Altenfelder Silva, José Luiz Setubal, Antonio Penteado Mendonça, Vicente Renato Paolillo

A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo tem quase cinco séculos de existência e dedica-se integralmente à filantropia. É uma entidade privada, sem finalidade de lucro, que presta boa parte dos seus serviços de saúde para completar o que a rede pública não consegue atender.

Ela é um dos mais importantes complexos hospitalares do País e mantém convênios e parcerias com as Secretarias de Saúde do Estado e do Município de São Paulo. Todos os seus recursos são aplicados em suas atividades-fim, garantindo a assistência à saúde para a população mais carente de São Paulo e de outros Estados do Brasil.

A irmandade atua por meio do Hospital Central e de três outras unidades, todas voltadas ao atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS): o Hospital São Luiz Gonzaga, o Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II e o Centro de Saúde Escola Barra Funda.

O Hospital Central é um hospital escola, que atende diversas especialidades e casos de alta complexidade, além de ser um dos maiores centros hospitalares da América Latina.

Como o orçamento para a saúde pública brasileira é insuficiente, a remuneração repassada para a irmandade é sempre inferior ao seu custo real. Para fechar a conta e seguir atendendo, a Santa Casa de São Paulo precisa buscar outros caminhos. No decorrer dos séculos, parte desses recursos veio do apoio de famílias que deixaram seus legados para a irmandade, o que permitiu formar um patrimônio que vem sendo usado para completar sua receita.

Além desses recursos, parlamentares destinam emendas que contribuem para melhorar as instalações e realizar manutenções nos equipamentos médicos. Um bom exemplo ocorreu em 2022, quando o recurso recebido por meio da Emenda Federal da Bancada Paulista foi totalmente destinado à modernização da ressonância magnética do Hospital Central.

A Santa Casa de São Paulo atende urgências, emergências e procedimentos de alta complexidade graças à dedicação de seus quase 7 mil colaboradores, que acolhem a população com carinho e competência. Os números dos atendimentos são expressivos e mostram a importância da instituição para o Estado. Em 2022 foram realizados 537 mil atendimentos ambulatoriais, 2,7 milhões de exames laboratoriais e de imagem, 27 mil cirurgias e 231 mil atendimentos de urgência e emergência.

De 2015 para cá, graças a uma ampla reestruturação organizacional, as últimas gestões avançaram consideravelmente, conseguindo, com responsabilidade e transparência, revigorar a operação, modernizar a gestão e promover investimentos em diversas áreas e setores, com o objetivo de garantir uma assistência segura, de qualidade e com foco no paciente.

Vale destacar o enfrentamento da pandemia de covid-19, com o acolhimento imediato dos pacientes, o desenvolvimento de fluxos especiais de atendimento, além da ampliação das estruturas com novos leitos de UTI e enfermarias. Isso só foi possível graças ao apoio extraordinário recebido de empresas e pessoas conhecedoras da Santa Casa. Além, evidentemente, dos recursos extraordinários repassados pelo poder público. A eficiente resposta ao desafio da pandemia revelou o comprometimento de todos os colaboradores da irmandade e ressaltou o respeito incondicional aos seus valores, com foco na missão de salvar vidas.

A irmandade tem marcante vocação no ensino e promove a formação de residentes em 60 Programas de Residência Médica. Foi berço das duas primeiras faculdades de Medicina do Estado e, hoje, tem dentro de casa a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, de propriedade da Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho. A irmandade também se dedica à formação de técnicos em saúde e à pesquisa científica por intermédio do Instituto Santa Casa de Educação, Pesquisa e Inovação (Isantacasa).

A partir de 2015, graças às ações implementadas pelas gestões que se seguiram, os débitos foram equacionados, o que se reflete nos seus balanços, a cada exercício mais saudáveis. A irmandade conta com auditorias interna e externa, exercidas por empresas renomadas, e recentemente foi deliberada na assembleia-geral a criação do Conselho Fiscal.

A missão da Santa Casa de São Paulo é manter, administrar e desenvolver ações de promoção à saúde, sem distinção de raça, gênero, classe econômica, cultural, social, política, credo religioso ou filosófico. Seu compromisso está centrado em ser uma instituição sustentável, socialmente responsável, com foco no acolhimento e na qualidade da assistência prestada principalmente aos mais necessitados.

Ela é reconhecida pela atenção aos seus pacientes, que quase sempre chegam em condições de alta vulnerabilidade e invariavelmente saem tratados e agradecendo o atendimento especial que lhes foi prestado.

Vale ressaltar que, para continuar fazendo a diferença na vida de milhões de pessoas, ela depende dos repasses do governo, mas precisa também contar com o imprescindível apoio da sociedade.

*

SÃO, RESPECTIVAMENTE, EX-PROVEDORES E ATUAL PROVEDOR DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO

Opinião por Ruy Martins Altenfelder Silva, José Luiz Setubal, Antonio Penteado Mendonça, Vicente Renato Paolillo