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Cartas de leitores selecionadas pelo jornal O Estado de S. Paulo

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Educação

R$ 5 bi e duas realidades

Foi com muito alvoroço que a mídia anunciou na semana que passou a impressionante doação de R$ 5 bilhões de uma ex-professora universitária americana para bancar a mensalidade de todos os alunos de Medicina da faculdade onde trabalhou. Já por aqui, no Brasil, nos deparamos com a seguinte matéria no Estadão de 1º de março: Lucro com drogas fez PCC deixar de cobrar ‘mensalidade’ de integrantes. A matéria se refere ao fato de o crime organizado estar ganhando tanto dinheiro no Brasil que decidiu parar de cobrar dos bandidos a mensalidade para bancar a organização. Coincidentemente, o referido lucro do PCC são exatamente R$ 5 bilhões. Quantias iguais, mas com destinações totalmente diferentes. Enquanto os jovens americanos celebram a oportunidade de um futuro melhor, os nossos jovens estão fadados a um encontro com o crime organizado. O que será de nós?

Eduardo Junqueira S. Pereira

edujspereira@gmail.com

Ribeirão Preto

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Economia

Crescimento insustentável

Sobre o editorial Investimento pífio (Estadão, 2/3, B6), pouco ou nada se pode esperar do atual governo, já que, em vez de finalizar obras paradas ou mal andadas, a solução é iniciar novas obras na vã esperança de deixar uma marca da atual administração. Isso é investimento eficiente? Como praticamente nada foi aprendido com os erros que levaram à terrível recessão que o País enfrentou há poucos anos, parece que novamente a ênfase será em apenas despejar bilhões dos recursos públicos em setores pouco competitivos, inovadores e produtivos, com os resultados esperados de sempre para o crescimento sustentável do PIB. A solução populista para esconder o fracasso certo da economia, provavelmente, será um aumento artificial do consumo por meio de maiores transferências e controles estatais sobre os preços e uma baixa excessiva da taxa Selic, receita que já foi tentada e fracassou espetacularmente, gerando bilhões em lucros para especuladores financeiros e aumento estrepitoso da inflação. Enquanto isso, os problemas do Brasil real, como baixa produtividade e segurança pública e infraestrutura precárias, só tendem a aumentar. Tristes trópicos.

Fernando T. H. F. Machado

fthfmachado@hotmail.com

São Paulo

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Velhas fórmulas

“Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes” (Albert Einstein). No Brasil de hoje, por exemplo, a insistência nas cotas raciais exigiu a criação de um subjetivo “tribunal racial” na Universidade de São Paulo que foi no mínimo socialmente injusto. O correto seriam cotas fundamentadas em critérios socioeconômicos. No campo da saúde, também a insistência no combate ao mosquito transmissor da dengue baseado na eliminação de água parada em ambiente residencial, uma receita de mais de 20 anos, já se provou ineficaz. A dengue bate recordes. É preciso inovar, usar vacina, fumacê, repelente, esterilização química ou radioativa dos insetos, tentar outra coisa. Igualmente, na economia, parece que vamos repetir velhas fórmulas. Velhos erros poderão nos levar ao sucesso?

Helton P. F. Leite

heltonperillo@gmail.com

Lorena

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Brasil polarizado

Terceira via é única saída

Todo cidadão brasileiro de bem precisa colaborar na construção de um caminho alternativo para o Brasil. Não digo isso apenas para o principal cargo do Poder Executivo, mas para todo e qualquer cargo eletivo. Apesar de desnecessário, cito aqui algumas razões: uma economia fraca e dependente de commodities; uma mentalidade retrógrada e corporativista que tende a fazer o fácil, e não o necessário; uma agenda completamente desconectada da realidade e do futuro; um índice de violência jamais visto; um nível de corrupção generalizada que aparenta valer mais a pena do que ser honesto e ético; e um sistema eleitoral que coíbe e afasta os bem-intencionados e atrai e permite a entrada dos outros. Não adianta esperar pela próxima eleição. Do jeito que está, ela apenas prepara os próximos felizardos, e não os que farão deste um país melhor para todos. Aparentemente, vivemos num sistema aristocrático, cujos participantes se locupletam com leis e decretos que, se ainda não existem, são criados por eles em benefício deles. Na minha opinião, o primeiro passo é reconhecer a situação real. Para alguns, isso será pessimismo. Mas, na minha opinião, é o único passo sensato neste momento.

Humberto Cordioli

hcordioli@gmail.com

São Paulo

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

GUERRA EM GAZA

Cumprimento e endosso a carta do leitor sr. Simão Korn neste Fórum dos Leitores do dia 3/3, com o título Quem grita primeiro, permitindo-me reforçá-lo com uma analogia: se um bandido invade uma residência, mata com requintes de crueldade parte da família, inclusive bebês e grávidas, estupra mulheres e ainda sequestra (crime hediondo) outra parte – de idosas a crianças de colo – e ainda as mantém em cativeiro, tudo confirmado orgulhosamente pelo autor e festejado por outros bandidos, qual é a credibilidade da versão dele para os fatos ocorridos? Por que grande parte da mídia se apressa em apresentar a versão do crápula, como aconteceu no caso de um míssil que caiu no pátio de um hospital em Gaza causando muitas mortes e, depois, comprovado por Israel tratar-se de um artefato fabricado com defeito pelo próprio Hamas, como já havia acontecido várias vezes? Mas, aí, como diz o sr. Simão, “o estrago já está feito e só estimula manifestações antissemitas”.

Boris Saginur saginur@uol.com.br

São Paulo

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O ENTERRO DE NAVALNI

O opositor russo ao governo de Vladimir Putin Alexei Navalni somente após duas semanas de sua morte pôde ser enterrado, e a cerimônia contou com a presença maciça dos seus compatriotas incomodados com a “desconhecida” razão da sua morte. Na verdade, o mesmo aconteceu com o líder mercenário Yevgeny Prigozhin, do Grupo Wagner, cujo avião misteriosamente caiu, sem deixar sobreviventes. Dos milhares de russos que acompanharam o funeral de Navalni, cerca de 60 foram detidos pela polícia de Putin. Fica a pergunta: o que acontecerá a esse grupo preso? Afinal, haja aviões para cair e vagas no presídio Yamalia, no Círculo Polar Ártico, na Sibéria. A conferir.

Júlio Roberto Ayres Brisola jrobrisola@uol.com.br

São Paulo

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O PT NA ELEIÇÃO RUSSA

Pronto. Prêmio à vista ao PT brasileiro: o partido foi convidado pelo partido político de Putin, o Rússia Unida, a acompanhar as próximas eleições naquele país. Sabe-se que Putin, após 24 anos de mandato e no governo russo, será reeleito, porque sempre houve muito cuidado da parte dele em acomodar os adversários, bastando relembrar a última providência que endereçou a Alexei Navalni, o seu maior opositor no momento, falecido em prisão no Ártico. Morte natural, doença ou assassínio? Até agora, não se sabe ao certo. Mas sabe-se que Putin será reeleito, o incidente gravíssimo será esquecido e o PT levando a consagração de comparticipar com um impiedoso ditador e com a ocultação dos motivos da morte de um democrata querido pelos russos. O PT não é joia, mesmo?

José Carlos de Carvalho Carneiro carneirojcc@uol.com.br

Rio Claro

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‘TRIBUNAL RACIAL NA USP’

O artigo do biólogo Fernando Reinach intitulado Tribunal racial da USP (Estadão, 2/3, A20) é bastante oportuno em face das decisões recentes da tal Comissão de Heteroidentificação da Universidade de São Paulo, negando a matrícula de alunos humildes oriundos de escola pública com pele não branca. Como sabido, as cotas raciais não existem mais nos Estados Unidos da América, onde foram criadas, exatamente por terem sido esgotados seus benefícios, perdendo apoio da sociedade. Ao que tudo indica, está na hora de consultar a sociedade sobre a continuidade desse privilégio das cotas, que deu origem para a excrescência desses tribunais.

José Elias Laier joseeliaslaier@gmail.com

São Carlos

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DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA

O artigo de Fernando Reinach vai na raiz do problema, que é a desigualdade socioeconômica. A Lei de Cotas deve ser olhada de frente pelos agentes políticos e revogada no que se refere aos afrodescendentes, não sendo primordial a cor da pele na seleção de candidatos via vestibular ou concurso público. A questão do racismo só se resolve com educação de qualidade e empatia da sociedade. Se a igualdade de todos é cláusula pétrea na Constituição de 1988, some-se o fato de que a maior parte da população se declarou parda no último Censo do IBGE. Trata-se de questão delicada a ser enfrentada no curto prazo, para maior justiça e harmonia geral.

Maria Lucia Ruhnke Jorge mlucia.rjorge@gmail.com

Piracicaba

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IMPEDIMENTO

Interessantes os artigos da edição de sábado (2/3) sobre o “tribunal racial” na USP. Quando fizeram a regra do impedimento no futebol, há quase um século, pretendia-se evitar que um jogador em clara posição entre o goleiro e outro jogador do time adversário tivesse o benefício de jogar sozinho. Era uma avaliação completamente macroscópica, feita por um dos juízes. Hoje, um sistema eletrônico mede milímetros desta posição, anulando a esperta avaliação dos juízes, trocada por meios eletrônicos. Nas cotas passa-se algo semelhante: foram criadas para pagar a dívida da sociedade brasileira com os negros vindos para a escravidão, negros puros. Hoje, essa dívida que passou a se estender a outras etnias, indígenas e pardos, está criando um tribunal racial para definir nuances da cor, para ver se o indivíduo pode ou não beneficiar-se de sua descendência, para ingresso nas faculdades. Depende de ser mais ou menos escuro. Este fato é mais um que expõe o sistema de inclusão que usa a cor como critério, quando deveria usar a condição econômico-social.

Gilberto Luis Camanho, professor titular de Ortopedia da FMUSP gilbertocamanho@gmail.com

São Paulo

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COTA RACIAL

Ainda sobre o aluno Alisson dos Santos Rodrigues, aprovado no vestibular de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e reprovado na avaliação da Comissão de Heteroidentificação: não bastaram suas características fenotípicas (nariz, cabelo crespo e cor da pele – nada branca), que mais podem exigir os sábios da comissão da USP? Quem sabe um exame de DNA resolveria a dúvida que persiste.

Christopher Davies 219davies@gmail.com

Bauru

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O SONHO DE DR. KING

Não consegui distinguir se Alison é preto, branco ou pardo, mesmo porque só enxergo cores em objetos e paisagens, jamais em pessoas. Mas notei que ele é inteligente e esforçado, provavelmente será um ótimo médico. Continuo com o sonho do dr. King: que as pessoas sejam julgadas pelo caráter, e não pela cor da pele.

Celso Francisco Álvares Leite celsoleite932@gmail.com

Limeira

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30 ANOS DO PLANO REAL

No dia 27 de fevereiro o Brasil completou 30 anos da criação do Plano Real, que dizimou a hiperinflação, que se aproximava dos 3 mil por cento ao ano. Porém, e felizmente, na gestão de FHC, esse plano foi colocado em prática e nos livramos dos congelamentos e da alta descomunal dos preços, que por anos agoniava principalmente as classes mais desfavorecidas. E sabem quem foi contra este genial plano? Lula da Silva e seu PT, que votaram contra. Assim como votaram contra a criação do Bolsa Escola, que petistas chamavam de esmola. Mas Lula, quando assumiu o governo em 2003, só para dizer que era seu, mudou o nome do programa para Bolsa Família. Porém, e graças a Deus, de 1994 a 2002 o Brasil foi governado por um verdadeiro estadista, Fernando Henrique Cardoso, até hoje reverenciado pelo mundo. Na época com ótima equipe econômica, o governo FHC criou também a Lei de Responsabilidade Fiscal, Plano de Metas, renegociou dívidas de Estados e municípios, fechou a maioria dos bancos estatais, etc. E fez um dos maiores programas de privatização no País. Isso é legado, e a favor do bem comum. Apesar disso, para o atual presidente, retrógrado que é, todos esses avanços históricos da gestão de FHC não passaram de uma herança maldita. E o legado de Lula? Nada!

Paulo Panossian paulopanossian@hotmail.com

São Carlos

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SAUDADES

Muito obrigada a Elena Landau, pelo seu artigo Saudades do que vivi (Estadão, 1/3, B4), um resgate do que foi o governo de FHC e equipe. Preocupados com povo e a inflação, que nos asfixiava. Esta, sim, uma herança bendita!

Tania Tavares taniatma@hotmail.com

São Paulo

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BONS TEMPOS

Quem viveu a época da hiperinflação entende muito o que Elena Landau, na sua coluna, tão bem descreve. Depois de seis planos fracassados, o Plano Real veio para salvar o País. Realmente, quanto mais o tempo passa, mais temos de dar valor a Fernando Henrique. Vivíamos em paz e o único barulho vinha do PT, sempre contra tudo, mas muito pequeno se comparado aos dias de hoje. FHC foi um verdadeiro estadista, que soube unir sua intelectualidade com o jogo político. O resultado ainda aparece, depois de 30 anos de aniversário do Plano Real, e nos leva a ter saudades, mesmo, daqueles bons tempos.

Nelson Falseti falsetini@gmail.com

São Paulo

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FHC

Saudades do que vivi, artigo lúcido, verdadeiro, maravilhoso sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Pessoa culta, inteligente, educadíssimo. Projetou o Brasil no exterior, além de nos livrar de uma hiperinflação pavimentando o País para o seu substituto, que, aliás, nunca reconheceu que recebeu o País pronto para começar um governo decente (o que não ocorreu). Quanto a Dona Ruth Cardoso, com sua classe, cultura e discrição, seria uma ofensa à sua memória pensar em comparações.

Marisa Bodenstorfer

Lenting, Alemanha

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O TEMPO E LULA

A formação política de Lula da Silva, nunca é demais lembrar, vem do movimento sindical, e não da esquerda ideológica. A bandeira principal do presidente, desde antes do primeiro mandato, sempre foi a de defender o direito à felicidade dos pobres e trabalhadores. O marxismo nunca fez parte do seu vocabulário. É o entorno dele que, através de ideias marxistas demagógicas e obsoletas, fez e continua fazendo de tudo para influenciá-lo. É essa esquerda velha que considera Israel um país opressor, aliado e autêntico representante do imperialismo norte-americano, e que defende a intervenção estatal em grandes empresas para que não se submetam à voracidade do capital. As falas ofensivas de Lula contra Israel e contra a Vale – a frase “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro” é de demagogia ímpar – são de uma esquerda que atolou no tempo. Lula faria melhor se se cercasse de melhores conselheiros.

Luciano Harary lharary@hotmail.com

São Paulo

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INTERFERÊNCIA NA VALE

O presidente Lula age como sindicalista, chantageando a Vale, uma das maiores empresas mineradoras do mundo, setor responsável por quase 1/3 do superávit de nossa balança comercial. Em que país estamos vivendo?

Carlos Angelo Ferro carlosangelo@uol.com.br

Mogi Mirim

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IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A propósito da aprovação pela comissão especial da Câmara da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 5/23, apoiada pelo governo federal, que amplia a imunidade tributária das igrejas, sobretudo das evangélicas, segmento de nada menos que expressivos 30% da população brasileira, que atrai o interesse político do presidente Lula, cabe lembrar o relato da Bíblia: Próximo ao Pessach, a Páscoa dos hebreus, Jesus subiu a Jerusalém. Chegando ao Templo, se deparou com vendedores de bois, ovelhas, pombas e cambistas que vendiam moedas sentados em suas mesas. Profundamente tocado pelo que viu, fez então um chicote de cordas e os expulsou do Templo, derrubando as mesas dos cambistas. E disse a todos: “Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”. A respeito do editorial O negócio da religião (2/3, A3), cabe dizer que 2 mil anos após a revolta de Jesus contra os vendilhões do Templo tudo continua igual entre aqueles que exploram à mancheia sem ruborizar a religiosidade de milhões de brasileiros de boa-fé.

J. S. Decol decoljs@gmail.com

São Paulo

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TEMPLOS E HOSPITAIS

Sou contra a PEC 5/23, que quer ampliar a já errada imunidade tributária dos templos. Tenho um hospital oftalmológico, pago com muita dificuldade meus impostos, que poderiam ser revertidos em melhorias para os clientes. Quais as diferenças entre um hospital e um templo religioso? Ambos cuidam da alma.

Evandro Schapira evandroschapira@gmail.com

São Paulo

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STF

Gilmar Mendes disse que as declarações de Jair Bolsonaro sobre a tal minuta do golpe “parecem uma confissão”. E parece que o ministro (mais um) está falando fora dos autos, anunciando publicamente um futuro voto, o que é uma violação da Lei Orgânica da Magistratura. Foi-se o tempo em que os ministros da Suprema Corte eram tão reservados, tão obstinados por cumprir sua função com o devido resguardo intrínseco do cargo, que muita gente não sabia nem enunciar seus nomes. Hoje, eles são estrelas de festas de partidos políticos, convidados para dar palestra em empresas que eles julgam, estão o tempo todo na mídia, fazem viagens internacionais para participar de eventos que deveriam ser evitados e um deles é até mais conhecido pelo codinome (Xandão ou Xerifão) do que pelo seu próprio nome. Depois, quando os ilustríssimos magistrados não entendem por que, em recente pesquisa, as pessoas dizem não confiar no atual Supremo Tribunal Federal (38% confiam e 27% não confiam), eles se sentem ofendidos. Existe uma máxima que diz que “quem não se dá ao respeito não merece ser respeitado”.

Luiz Gonzaga Tressoldi Saraiva lgtsaraiva@gmail.com

Salvador

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A EXCEÇÃO

O artigo de J. R. Guzzo (Estadão, 2/3) chama a atenção sobre o comportamento que se espera de juízes. Pena que deixou de ressaltar recente ministra do STF que teve conduta impecável como juíza, não tendo jamais contato com advogados com causa no STF, nunca participou de eventos milionários no Brasil ou no exterior, não buscou holofotes de nenhuma espécie e, portanto, a população em geral não percebeu que ela nada fez senão cumprir norma tão simples: Rosa Weber só falou nos autos. Lamentavelmente, foi exceção.

Luiz Gornstein luizgor49@gmail.com

São Paulo

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DEMOCRACIA BRASILEIRA

Em entrevista ao jornalista americano Tucker Carlson, o deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que o Brasil não é uma democracia e criticou o ministro Alexandre de Moraes. Foi uma conduta arriscada, pois o ministro Moraes se identifica tanto com o cargo que costuma ver críticas à sua atuação como ameaça ao Estado Democrático de Direito. E tem instaurado inquéritos em relação a esse tipo de “crime”. O referido magistrado tem, por outro lado, o hábito de ignorar recomendações da Procuradoria-Geral da República (PGR) e acatar pedidos da Polícia Federal apesar do parecer contrário de procuradores, como fez recentemente, ao determinar a prisão de três empresários alvos de suspeição de financiamento dos atos do 8 de Janeiro, em que o parecer da PGR foi igualmente desconsiderado. Desdobramentos dos comentários do deputado poderão confirmar ou não, portanto, se o Brasil ainda é uma democracia.

Patricia Porto da Silva portodasilva@terra.com.br

Rio de Janeiro

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‘DISCURSO REVELADOR’

“No domingo passado, outros pobres coitados foram instrumentalizados, como massa de manobra, para satisfação da ambição política de um mito de pés de barro” (Miguel Reale Júnior, Estadão, 2/3). Que saudade do dr. Miguel Reale. Então, estiveram na manifestação da Avenida Paulista cerca de 1 milhão de pobres coitados... Gostaria de lembrar ao dr. Júnior que nenhum ganhou pão com mortadela, nenhum ganhou R$ 30 para estar ali. Foram porque quiseram ir. Além disso, todos ali têm aversão a quem tem ambição política e não olha os meios para atingir os fins. Seja rasgando a Constituição federal, seja elegendo e apoiando descondenados, seja absolvendo e perdoando multas milionárias, a preços estratosféricos. A manifestação da Paulista, na verdade, foi um protesto contra aqueles que vendem a alma e se vendem ao diabo. Não era um milhão de pobres diabos.

Rui Machado ruimachado@gmail.com

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